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Previdência - Clipping de Notícias - 06.11.2017
Notícias dos principais jornais sobre o segmento de Previdência em seu e-mail diariamente
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Destaques do dia
Indicados por petistas incomodam políticos da base de Temer
Previc: Causas da intervenção no Postalis
Postalis: Delator liga fundo a propina do PMDB
Funcef: Rentabilidade acima de 9% em planos CV até setembro
Servidores: O aumento da contribuição é inconstitucional
Servidores: Paralisações contra medidas do governo
Estados: Sufocados por Previdência, RJ, RS e MG não saem da crise
Estados: Despesa com Previdênciajá é 41% da folha
RJ: Como a corrupção arruinou o estado do Rio
MS: Campo Grande também prepara sua reforma da Previdência
Fundos: Oi - Conselho aprova apoio a plano de recuperação judicial
Fundos: Oi - Anúncio de acordo irrita credores externos
Fundos: Oi está sob risco de perder gestão após o avanço de Tanure
Fundos: Diluir fatia na Eletrobrás é preocupação do governo
Fundos: União deve ficar com cerca de 40% da Eletrobras
Fundos: ‘Privatizar por necessidade de fazer caixa é ruim’
SRPC: Seminário Internacional - Inscrições até hoje
ASCPrev: Terceira edição de curso para conselheiros - Último módulo
Livro: Previdência Complementar
Livro: Administração de Planos de Benefícios
Livro: Previdência Complementar
A reforma da Previdência é prioritária
'Governo deve insistir na reforma da Previdência'
Novembro, a última janela para a Previdência
Afinal, existe mesmo rombo na Previdência?
Por que você é contra a reforma da Previdência?
Ala política de Temer quer jogar reforma para 2018
Reforma, quanto mais tarde, mais dura terá que ser
Meirelles: "Reforma precisa ser completa para não voltar à pauta"
Ruralistas: Uma farra previdenciária
Desoneração da folha: Custo foi maior que o benefício esperado
Desoneração da folha é 'uma droga de projeto', diz secretário
INSS começa a pagar 13º este mês
Vamos trocar de aposentadoria
O teste da nova CLT
O que muda nas relações trabalhistas
Empresas já oferecem trabalho pago por hora
Gandra: É preciso flexibilizar direitos sociais para haver emprego
Vai um PGBL aí?
BB Seguridade e americano Principal - Parceria
BB Seguridade: Lucro sobe 20,7% no 3º trimestre
Governo mostrou que não está imobilizado
Cinismo resignado
Produção industrial: Alta menor que a esperada
‘O ambiente de negócios é muito ruim’
Balança comercial registra novo recorde
Nova versão do Orçamento deve ser aprovada
O peso do Estado nas estratégias de recuperação
O risco de estouro da bolha
Ilan: O Brasil já errou demais
Brasil precisa de estabilidade para PIB voltar a crescer
EUA: Advogado vai comandar o Banco Central americano
Japão: Visita de Trump faz crescer temor de ataque norte-coreano
Dólar e Bolsa recuam no dia 1° de novembro
Disputa para abrir nova Bolsa  vai a tribunal de arbitragem
Dólar atinge a sua maior cotação dos últimos quatro meses
Onda de venda abate moedas emergentes
ASCPrev promove Treinamento em Atuária
Conecta e Apoena: Soluções de compartilhamento de risco
ANS lava as mãos diante da ganância dos planos


O Dia da Previdência - Nossa Leitura
Habilitação de dirigentes: Requerimento pode ser assinado eletronicamente!  A Previc aprovou procedimento para credenciamento de usuários externos em seu Sistema Eletrônico de Informações (SEI), para o processo de habilitação de dirigentes das entidades, conforme Portaria nº 1.002/2017.  O dirigente máximo da entidade e seu substituto legal podem protocolar e assinar eletronicamente os documentos no SEI, bem como acompanhar o trâmite de processos.   Para as Entidades Sistemicamente Importante, o prazo para solicitação de acesso vai até o dia 30/12/2017.   Para as demais entidades, a Previc comunicará o período de cadastramento prévio.  A iniciativa faz parte dos objetivos estratégicos “Consolidar modelo de habilitação e certificação de dirigentes” e “Intensificar uso de tecnologia nos processos de trabalho e supervisão”, previstos no Plano de Ação 2017-2018 (Veja o seu conteúdo através do link http://www.previc.gov.br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/planejamento-estrategico/plano-de-acao-previc-2017-2018.pdf/view)       Fonte: Previc

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Sistema de Previdência Complementar
BB Previdencia
Indicados por petistas incomodam políticos da base de Temer
Um dos locais apontados como área de influência do PT é a Previc, que fiscaliza os fundos de pensão
Políticos da base aliada do presidente Michel Temer estão incomodados com a presença de indicados por petistas em postos de comando no governo.
A revolta deles é que Temer chegou à Presidência da República há quase 18 meses e ainda não promoveu tais mudanças.
Entre os órgãos apontados como locais de influência petista estão a Previc, que fiscaliza fundos de pensão, e o Serpro  ´(MURILO RAMOS - Epoca)

Previc: Causas da intervenção no Postalis
[Orgão diz que desentendimento entre dirigentes e ocultação do valor patrimonial causaram intervenção no Postalis
A intervenção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) no Postalis foi decorrente da falta de entendimento entre os membros dos conselhos deliberativo e fiscal e da diretoria e fornecimento de dados que não refletem à realidade do real valor patrimonial da entidade. Essa foram as justificativas apresentadas pela autarquia em relatório obtido pela InvestidorOnline. Segundo o relatório da Previc, o desentendimento entre os dirigentes prejudica sobremaneira o bom andamento da entidade. “Temos uma entidade que não está com a sua estrutura de governança devidamente constituída (falta nomeação de pessoas para cargos na Diretoria Executiva, no Conselho Deliberativo e no Conselho Fiscal); cujos membros de órgãos estatutários estão em constante conflito; além de a contabilidade não representar fidedignamente a situação da entidade”, conclui o relatório.
A Previc explica no relatório que a contabilidade apresentada pelos dirigentes não refletem a realidade sobre o valor patrimonial do Postalis. A entidade deixou de provisionar algumas perdas que já são dadas como certas, além de não incluir em seu balancete valores passíveis de recuperação em casos de investimentos em FIDCS. Alguns investimentos da entidade tampouco tiveram suas demonstrações financeiras auditadas, aponta a Previc no documento. Entre eles estão o FIP Saúde; FIDC NP CJP - Créditos Judiciais e Precatórios; FMIEE Empreendedor Brasil; FIEEI Jardim Botânico VC1; FIP Multiner; FIP Bioenergia; além de investimentos em crédito privado. “São investimentos que estão registrados na contabilidade por R$ 1,31 bilhão e que podem necessitar de provisão para perdas impactando ainda mais os resultados dos planos administrados pelo Postalis”, destaca a autarquia no relatório.
As contas do Postalis referentes ao exercício de 2016 também não foram aprovadas pelos conselhos deliberativo e fiscal por conta do parecer do auditor independente, que também não aprovou referidas demonstrações, aponta a Previc no documento. “Com base no exposto, considerando os novos fatos que indicam que a contabilidade da entidade não reflete a realidade e que a gestão e governança do Postalis está bastante comprometida, não vemos outro encaminhamento a não ser a apresentação da proposta de intervenção na entidade”, complementa o relatório. (Agência Investidor Online)

Postalis: Delator liga fundo a propina do PMDB
Paulo Roberto Gazani Júnior afirma que ex-presidente do fundo pediu 3% de uma operação de R$ 75 mi para ‘padrinhos políticos’ da legenda
O empresário Paulo Roberto Gazani Júnior, investigado na Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, afirmou em acordo de colaboração premiada que o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky pediu propina de 3% na negociação de uma operação de debêntures envolvendo a empresa JHSF, em um total de R$ 75 milhões. À época, Predtechensky apontava a necessidade de honrar “compromissos” com seus padrinhos políticos do PMDB. Predtechensky comandou o fundo de pensão entre 2006 e 2012.
No termo de colaboração, Gazani diz que o ex-presidente do Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, não deixou claro quem do PMDB era o responsável por sua indicação para o posto, mas ele é conhecido por ser apadrinhado político do senador Edison Lobão (MA). Predtechensky já foi sócio de um dos filhos do senador, Márcio Lobão, em uma empresa que fechou há alguns anos. O peemedebista nega a indicação política.
O acordo de delação do empresário foi homologado pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6.ª Vara Criminal em São Paulo, e compartilhado com a força-tarefa da Operação Greenfield, em Brasília, responsável por apurar desvios nos maiores fundos de pensão do País.
O primeiro pagamento de propina teria sido acertado no fim de 2010, segundo o depoimento de Gazani à Justiça Federal. Na ocasião, o delator havia estruturado uma venda de debêntures – títulos de crédito para tomada de empréstimos – em prol da incorporadora JHSF. A empresa buscava investimentos de aproximadamente R$ 270 milhões e havia colocado até o Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, como garantia para a venda dos papéis.
Por ser presidente do Postalis, Predtechensky foi procurado por Gazani, que acabou ouvindo uma contraproposta. O dirigente do fundo de pensão teria solicitado a propina para liberar o investimento.
Justificativa. Para justificar o pedido, Predtechensky, conhecido como Russo, teria dito que devia favores aos políticos que o indicaram para o cargo e não poderia abrir mão dos valores solicitados.
Após essa etapa, o ex-presidente do Postalis indicou outro dirigente do fundo para acertar os detalhes do pagamento. Assim, em 22 de fevereiro de 2011, foram efetuados dois pagamentos por meio de duas notas fiscais emitidas pela empresa do próprio Paulo Roberto Gazani, a Nex Participações e Investimentos LTDA, para um escritório de advocacia que teria operacionalizado a entrega dos valores.
A primeira nota fiscal tinha o valor de R$ 1,2 milhão e a segunda, de R$ 780 mil. De acordo com o delator, não houve nenhuma prestação de serviço entre as partes e a nota tinha como finalidade mascarar o repasse de propina. O segundo pagamento feito naquele ano a Predtechensky garantiu mais R$ 718 mil, que acabaram retirados do Postalis e de seus beneficiários.
COM A PALAVRA, ALEXEJ PREDTECHENSKY
O advogado de Predtechensky, José Luís de Oliveira, afirmou que seu cliente, enquanto esteve à frente do Postalis, pautou sua atuação pela correção e ética. “Ele jamais teve qualquer diálogo com Paulo Roberto Gazani. Se Gazani fez as supostas afirmações irá responder judicialmente por suas levianas colocações”, disse Oliveira.
COM A PALAVRA, EDISON LOBÃO
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o senador Edison Lobão, afirmou que Alexej Predtechensky foi indicado para o Postalis quando o parlamentar não fazia parte do governo e não teria poder para indicá-lo. “Alexej explicou isso expressamente na CPI do Postalis, que não foi indicado e não tem relação posterior (com Lobão).” Kakay argumentou ainda que a sociedade entre Predtechensky e o filho de Lobão foi realizada e desfeita nos anos 1990.
COM A PALAVRA, A JHSF
A JHSF informou, por meio de nota, que toda a operação foi legítima, transparente e seguiu as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A empresa disse também que, em 2013, antecipou o pagamento e liquidou a operação
Igreja foi usada para lavar dinheiro desviado de fundo
De acordo com delator, ex-presidente do Postalis recebeu propina por meio de doações falsas para associação religiosa
O empresário Paulo Roberto Gazani Júnior afirmou, em delação, que até uma igreja foi utilizada para mascarar suposto pagamento de propina para o ex-presidente do Postalis Alexej Predtchensky. A delação foi anexada às investigações da Operação Greenfield, que apura irregularidades em fundos de pensão. As fraudes alvo da Greenfield chegam a R$ 53,8 bilhões, segundo a Polícia Federal.
Conforme Gazani, foram repassados R$ 715 mil a Predtechensky por meio de uma falsa doação para a Associação Religiosa Igreja da Suprema Graça.
A operação para o pagamento foi organizada a partir de um negócio envolvendo o Banco Cruzeiro do Sul, que teve sua falência decretada em 2012. Gazani havia auxiliado o banco a estruturar um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, com o objetivo de vender seus créditos consignados ao Postalis.
A propina, neste caso, teria sido acertada entre o delator e o próprio Predtechensky, na sala da presidência do Postalis, em Brasília. O valor definido na negociação representava 1,5% de comissão sobre o investimento a ser feito pelo fundo de pensão no banco que viria a falir.
A forma de pagamento foi negociada com outro intermediário, identificado como Marcos Glikas. Foi este contato quem indicou que a propina seria paga por meio de uma doação à Igreja da Suprema Graça.
Glikas já foi alvo de duas grandes ações da PF. Em 2015, na Operação Porto Victoria, foi investigado por movimentação de cerca de R$ 3 bilhões em transações fictícias de comércio exterior e fuga de capitais da Venezuela. Em 2004, Glikas foi preso na Operação Kimberley contra contrabandistas de pedras preciosas do Brasil.
Transferências. De acordo com Gazani, os valores foram transferidos entre junho e julho de 2011 por meio de duas Transferências Eletrônicas Disponíveis (TEDs). A instituição religiosa chegou a oferecer até um recibo ao delator como prova da transferência. O comprovante está com investigadores.
Na internet, a Igreja da Suprema Graça aparece como uma instituição comandada pelo reverendo Daniel Augusto Maddalena, e teria sido inaugurada em setembro de 2008.
“Somos uma igreja moderna, operando de forma independente, trabalhando em todo o País, através de projetos junto às outras igrejas, comunidades e instituições”, resume a entidade em seu endereço na internet.
A reportagem não localizou o reverendo Maddalena ou integrante da instituição para comentar o caso. Marcos Glikas e a administração da massa falida do Banco Cruzeiro do Sul também não foram encontrados.  (Renan Truffi e Fabio Serapião - Agência Estado)

Funcef: Rentabilidade acima de 9% em planos CV até setembro
A Funcef acumulou até o mês de setembro rentabilidade de 9,74% e 9,41% no Novo Plano e no REB, respectivamente, ambos da modalidade de contribuição variável.
A meta atuarial do Novo Plano ficou em 5,40% no período, enquanto a do REB foi calculada em 5,33%. Juntos, os planos reúnem mais de 90 mil participantes e possuem a maior parte de suas carteiras alocadas em renda fixa.    (Agência Investidor Online)

Servidores: O aumento da contribuição é inconstitucional
Não se pode promover a modificação da alíquota contributiva por mero capricho governamental
O governo federal oficializou que, a partir de 1.º de fevereiro de 2018, haverá um aumento da contribuição previdenciária do servidor público, de 11% para 14%, dentro das seguintes especificidades: sobre o valor do teto do INSS (que, em 2017, é de R$ 5.531,31), os servidores permanecerão contribuindo com o porcentual de 11%; já para o valor da sua remuneração que ultrapassar o teto referido, incidirá a alíquota de 14%. O reajuste está previsto na Medida Provisória 805/2017, publicada no último dia 30 de outubro. Segundo o texto, para os servidores que receberem valores iguais ou inferiores ao teto do INSS não haverá modificação do porcentual contributivo, permanecendo os 11%.
Contudo, os servidores que receberem valores maiores que o teto do INSS serão frontalmente prejudicados. Vale acrescentar que essa medida também implicará no aumento da contribuição dos servidores aposentados, majorando-a para 14% sobre o valor de sua aposentadoria que ultrapassar o teto do INSS. Os servidores que forem portadores de doenças incapacitantes também serão obrigados a contribuir com a alíquota de 14%, mas sobre aquilo que ultrapassar o dobro do teto do INSS.
A justificativa para o aumento da contribuição dos servidores é meramente financeira
Essa medida tem o nítido propósito de não apenas arrecadar maior valor de contribuição previdenciária, mas também de fomentar a migração dos servidores públicos ao Funpresp. Essa migração impõe a limitação da aposentadoria futura do servidor ao teto do INSS, o que gera a sensação falsa de que o servidor contribuirá com menor valor. Importante frisar que a opção de migração ao Funpresp é potencialmente lesiva, na medida em que retira do servidor a possibilidade de receber um benefício público superior ao teto do INSS, aderindo esse servidor ao sistema de previdência complementar.
Quanto à MP, para além da discussão sobre a ausência de urgência e relevância, que são pré-requisitos para a sua adoção, é imperioso reconhecer a sua inconstitucionalidade. Isso porque não se pode adotar medida provisória para regulamentar artigo da Constituição Federal cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1.º de janeiro de 1995 e a promulgação da Emenda Constitucional 32/2001, nos termos do artigo 246 da Constituição Federal.
Também pode-se arguir a inconstitucionalidade do aumento da contribuição na medida em que ele está desatrelado da observação de critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. A despeito de a contribuição previdenciária poder ser majorada, em tese, por intermédio de medida provisória, é imperioso que o aumento de alíquota contributiva esteja dentro de um estudo atuarial prévio que evidencie essa necessidade.
Não se pode promover a modificação da alíquota contributiva por mero capricho governamental, ou despesa circunstancial, com intuito exclusivamente confiscatório, sem que esse aumento tenha correlação direta com um profundo estudo atuarial, impossível de ser realizado em edição de medida provisória.
A justificativa para o aumento da contribuição dos servidores é meramente financeira, sob o argumento de que é preciso cortar gastos e aumentar a arrecadação.
Assim, seja sob o prisma da inconstitucionalidade formal, seja pelo prisma da inconstitucionalidade material, é mister que se reconheça a natureza confiscatória do aumento da alíquota de contribuição dos servidores públicos titulares de cargos efetivos.  (Leandro Madureira Silva - Gazeta do Povo Online)

Servidores: Paralisações contra medidas do governo
Auditores fiscais foram os primeiros a cruzar os braços em protesto ao adiamento do reajuste salarial e ao aumento da contribuição previdenciária dos servidores
Sindicatos que representam funcionários públicos federais vão entrar na Justiça contra a medida provisória editada nesta semana que adia o reajuste salarial e eleva a contribuição previdenciária dos servidores. Em protesto, eles já iniciaram paralisações. Nesta quarta-feira, dia 1 , auditores fiscais, que também estavam insatisfeitos porque ficaram sem bônus salarial, foram os primeiros a cruzarem os braços.
Nos aeroportos e aduanas, os auditores deram início a uma operação padrão em que todas as cargas e bagagens são revistadas como forma de atrasar as liberações. Suspenderam ainda trabalhos em escritórios da Receita Federal, o que afeta fiscalizações e, consequentemente, a arrecadação de tributos.
No dia 10 de novembro, está programada uma manifestação que pretende levar trabalhadores às ruas em várias cidades do País. “O próprio governo espera essa reação diante das atrocidades que foram cometidas”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Cláudio Damasceno. “As entidades vão reagir de forma articulada, não só na atuação parlamentar, como na via judicial e com estratégias de paralisações conjuntas.”
Como parte do pacote de ações para cortar despesas e aumentar receitas, o governo enviou na segunda-feira a Medida Provisória 805, que inclui o adiamento do reajuste dos servidores de 2018 para 2019 e o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% para quem ganha acima de R$ 5 mil.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) está preparada para defender a decisão do governo de congelar o reajuste dos servidores. Segundo ele, a União deu reajuste de 6% em média neste ano para as categorias, embora a inflação tenha ficado em torno de 2,5% no período. “A situação deste ano não justifica movimentos mais contundentes. Para o ano que vem, não tem como, não cabe na conta do Orçamento. As categorias deveriam levar em consideração esses fatores, a situação do País, a quantidade de desempregados”, afirmou. Oliveira afirmou que a medida atinge as categorias que já ganham mais. “Para se ter uma ideia, a média de salário dessa turma é de R$ 13 mil por mês. Em número de servidores, a quantidade não é grande, mas em termos de salário é um grupo elevado.”
Judicialização. A reação dos funcionários públicos já vinha sendo preparada. Em reunião ontem, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) – que representa auditores do Tesouro Nacional, policiais federais, funcionários do Banco Central, entre outros – aprovou a adoção de medidas judiciais, que já estão sendo elaboradas. “Vivemos a mais grave conjuntura da história do serviço público. É o momento de unir forças e partir para cima”, diz o presidente da Fonacate, Rudinei Marques.
A Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni) também decidiu entrar com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pela inconstitucionalidade das ações que fazem parte das MPs publicadas na segunda-feira. A presidente da entidade, Márcia David, defende que o STF já declarou inconstitucional o adiamento de reajuste garantido em lei. Em uma decisão de março de 2016, o STF reconheceu direito adquirido de servidores do Tocantins depois de leis estaduais tornarem sem efeito aumentos já concedidos. “A partir do momento que o reajuste é publicado, a lei prevê que isso é incorporado ao patrimônio do servidor e não pode ser retirado”, afirma.
Márcia diz ainda que a via judicial será adotada porque os servidores não têm tido sucesso nas tentativas de negociação com o governo. “Temos nos sentido impotentes nas tratativas com o governo. O Judiciário acaba sendo a única saída”.
Mesmo com o governo tendo maioria no Congresso, os parlamentares deverão enfrentar forte pressão por parte dos sindicatos. Na campanha pelo reajuste, agora adiado, servidores fizeram inúmeros atos na frente do Congresso, com direito a buzinas e vuvuzelas. “O servidor tem feito a sua parte com o ajuste, estamos perdendo para a inflação”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central, Jordan Pereira.   (Lorenna Rodrigues - Agência Estado)

Estados: Sufocados por Previdência, RJ, RS e MG não saem da crise
Se os demais Estados brasileiros já enxergam um alívio fiscal, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul não param de se endividar e ainda não dão sinais de recuperação.
Nos últimos 12 meses, um aumento médio nas receitas de 6%, sinal de reaquecimento da economia, fez com que as contas dos Estados ficassem mais equilibradas.
No mesmo período, porém, a proporção de despesas com pessoal sobre a receita de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro aumentou.
"É um momento em que já é possível separar quem consegue se resolver de quem tem um problema mais estrutural", diz Manoel Pires, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas). "A crise é pior nos Estados que oferecem serviços públicos há mais tempo e que têm muitos servidores aposentados."
Os Estados repassam verbas para Legislativo e Judiciário e pagam aposentadoria dos inativos, gastos fixos sobre os quais não há como fazer ajuste. Em 2016, 11% da receita líquida dos Estados ia para outros poderes.
Por isso, muitos optaram por cortar despesas atrasando salários dos servidores ativos, interrompendo prestação de serviços públicos e barrando investimentos.
Gustavo Morelli, diretor da Macroplan, que fez um estudo sobre gestão estadual, afirma que, devido à recessão, "esse é o primeiro ciclo de governadores que vai deixar uma economia menor que receberam" desde 2005.
"Todos os Estados reduziram sua capacidade de investimento, na qualidade e cobertura de serviços."
O peso dos inativos é especialmente dramático no Rio Grande do Sul, onde os gastos com aposentados são 83% maiores do que com servidores ativos.
A despesa bruta com pessoal já chega a 83% da receita corrente líquida.
Com dívida de R$ 58 bilhões, o Estado ainda não fechou os termos de adesão ao plano de recuperação do governo federal.
O governador José Ivo Sartori (PMDB) discorda das privatizações exigidas pela União. Há três semanas, porém, o governo cedeu em uma delas e anunciou que vai vender 49% do banco Banrisul.
Já o Rio de Janeiro foi o único Estado em que houve queda do valor nominal da receita nos últimos 12 meses. "É uma recessão regional, um ciclo vicioso. Os servidores que estão sem receber não estão consumindo", diz Pires.
A arrecadação com royalties do petróleo, que levou R$ 8,7 bilhões aos cofres do Estado em 2014, caiu pela metade em 2016 -a expectativa é que o aumento da produção do pré-sal neste ano eleve novamente essa receita.
O Rio assinou o programa de socorro da União em setembro. "O acordo é problemático porque não prevê nada que recupere a economia", diz Bruno Sobral, economista da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
O plano prevê um aumento das receitas via alta do ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) e a criação de um fundo para cobrar empresas que tiveram benefícios fiscais.
"O Rio não vai se resolver em si mesmo. O Estado deveria estar disputando com os outros entes federativos por mais receitas, como ICMS sobre petróleo, senão vamos virar a Grécia", afirma Sobral.
Em Minas Gerais, o governo estadual declarou calamidade fiscal e optou por adiar cortes. Ainda assim, em fevereiro, foi anunciado um contingenciamento de R$ 1 bilhão do Orçamento, sendo R$ 148 milhões da área de educação.
À Folha, o governo de Minas afirmou que não deixou de pagar salários, mas parcela, desde fevereiro de 2016, os vencimentos de quem ganha mais que R$ 3 mil.
TETO DO INSS
Os Estados em crise sentem hoje o efeito de custear quem se aposentou segundo regras já antigas, quando não valia a Previdência complementar.
É uma condição necessária para a vigência do teto do INSS, hoje em R$ 5.531, como máximo pago de aposentadoria a seus servidores. Quem se aposentou antes tem direito, em alguns casos, ao último salário integral recebido.
No Rio de Janeiro, a Previdência complementar vale para quem ingressou na carreira a partir de 2013. Em Minas Gerais, o regime passou a valer em 2015, e, no Rio Grande do Sul, em 2016  (NATÁLIA PORTINARI - Folha de S.Paulo-05.11)

Estados: Despesa com Previdênciajá é 41% da folha
Os Estados enfrentam neste momento a herança inexorável dos tempos de gastança da última década: ter de lidar com um incontrolável aumento de despesas com aposentadorias e pensões.
O gasto com pessoal da ativa cresceu cerca de 50% entre 2006 e 2016, em valores ajustados, já considerando a inflação do período. Servidores na ativa ficam, na média, com R$ 202 bilhões da folha de pagamento.
Os gastos com inativos, porém, aumentaram 66% -foram de R$ 85 bilhões para R$ 141 bilhões.
Os números são inéditos. Fazem parte de uma nota técnica do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que será divulgada nos próximo dias.
Na vida real da contabilidade pública estadual, não existe padrão. Cada Estado registra gastos com pessoal por um critério diferente.
Muitos chegam a excluir o pagamento de auxílios, como o de moradia. Desde o ano passado, o Tesouro Nacional tem consolidado dados, na tentativa de torná-los comparáveis.
Os pesquisadores do Ipea reuniram diferentes fontes e fecharam um painel mais completo dos gastos com pessoal ativo e inativo no Executivo, Legislativo, Judiciário e também militares.
FATIA MAIOR
O economista Cláudio Hamilton dos Santos, que coordenou o estudo, destaca que os números quantificam o que se intuía: ano a ano, a Previdência amplia a sua fatia no Orçamento estadual.
Em 2006, equivaliam a 38% da despesa com a folha. Em 2016, essa parcela havia subido para 41% -com tendência de alta, porque, diz ele, nada segura essa despesa. Nem a recessão.
Desde 2014, quando a economia começou a degringolar, os Estados se esforçam para cortar gastos com pessoal. Até seguraram aumentos entre servidores ativos. A economia, em média, foi de 4,2%.
Ocorre que as despesas com pensões e aposentadorias aumentaram 6,5%.
Em reais, fica mais claro o que isso representa. Enquanto os Estados, na média, economizaram R$ 8,8 bilhões com os ativos, gastaram a mais outros R$ 8,6 bilhões com os inativos. "No fim, o ajuste conseguido com os ativos foi praticamente anulado pelos inativos", diz Santos.
O descompasso entre ativos e inativos, ele explica, não é consequência apenas do envelhecimento natural da mão de obra. Em boa medida, foi ampliado pelos próprios governadores.
"Os Estados gastaram como se não houvesse amanhã, concedendo reajustes que têm impacto nas aposentadorias da maioria dos funcionários."
Quem ingressou no serviço público até 19 de dezembro de 2003 tem dois direitos básicos ao se aposentar: integralidade (pendura as chuteiras recebendo o valor que ganhava na ativa) e paridade (já aposentado, ganha os mesmos reajustes conferidos ao servidor que ocupa cargo correlato na ativa).
"Uma parcela expressiva dos servidores na ativa ingressou no serviço público nos anos 1980 e vai se aposentar na próxima década com paridade e integralidade" diz Santos.
Para contrabalançar o gasto crescente, os Estados, além de fazer a reforma da Previdência, terão de encarar o dever de casa e serem mais eficientes.  (ALEXA SALOMÃO - Folha de S.Paulo-05.11)

RJ: Como a corrupção arruinou o estado do Rio
Após a polêmica levantada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre possíveis relações da polícia carioca com o crime organizado, Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, colocaram panos quentes na situação
O Rio de Janeiro está em decomposição. E as ruínas desse esfacelamento chegam a Brasília. O estado fluminense é simbólico na crise que vive o país. Dos conflitos éticos aos econômicos, da insegurança à calamidade na saúde. Das cifras astronômicas gastas com as Olimpíadas de 2016 à falta de merenda nas escolas. Os problemas do Rio vão muito além das críticas do ministro da Justiça, Torquato Jardim, à polícia carioca. Eles sintetizam a deterioração de um país mergulhado em escândalos de corrupção. De uma rica nação, que tenta se reerguer após a mais longa recessão. Para superar os obstáculos e evitar maiores desgastes entre as esferas do poder, será necessário um esforço conjunto entre os governos federal e estadual. E o primeiro passo começou ontem, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitindo que o auxiliar do presidente da República, Michel Temer, tenha dito verdades por linhas tortas.
Durante viagem oficial à Itália, Maia, em tom mais ponderado, avaliou que as declarações de Torquato são pertinentes, mas questionou a maneira usada pelo colega. “Acho que ele falou muita verdade ali, só que não sei se foi da forma adequada. Eu acho que, talvez, aquela entrevista valesse depois de uma ação da polícia, com meses de investigação, pegando aqueles que estão boicotando as ações de segurança no Rio”, disse o presidente da Câmara ao jornal Folha de S.Paulo. Na quarta-feira, Maia classificou as palavras do ministro como “infantis” e “irresponsáveis”.
O recuo do democrata, pré-candidato à reeleição, foi vista, nos bastidores, como uma reconexão com a maioria da sociedade carioca, que concorda com a afirmação de Torquato. À imprensa, o ministro afirmou que há uma associação de policiais do Rio em cargos de comando com o crime organizado. Agora, não somente Maia, como também Temer procuram colocar panos quentes sobre a polêmica. Pessoas próximas do peemedebista garantem que ele pediu ao auxiliar que evite dar novas declarações sobre o assunto. O Palácio do Planalto quer evitar atritos com o presidente da Câmara, pensando nas agendas econômicas que devem entrar em breve em votação.
Rodrigo Maia, por sua vez, tenta evitar desgaste com Temer. A fatura pela permanência do peemedebista na Presidência ainda está sendo paga, como a Medida Provisória que prevê a permissão para que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) tenha acesso aos fundos regionais de desenvolvimento. O chefe do Executivo Federal também assinou um contrato de R$ 652 milhões para obras no Rio. Os esforços entre Câmara e Planalto, no entanto, estão concentrados na reforma da Previdência. Maia não esconde o desejo de aprovar o texto, que dependerá de uma ampla articulação entre os dois Poderes.
A agenda das reformas, no entanto, é apenas o começo para um longo processo de recuperação da crise moral, ética e econômica do Rio. Afinal, a Cidade Maravilhosa precisa enfrentar notórios percalços, como a crise entre os representantes políticos e a escalada da violência pública. Nada menos do que dois ex-governadores cariocas, Anthony Garotinho e Sérgio Cabral Filho, estão presos. O atual, Luiz Fernando Pezão, é acusado de receber via caixa dois dinheiro de propina nas eleições de 2014. Cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Rio, que deveriam zelar pela aprovação das contas, são investigados por corrupção.
São exemplos de nomes fortes que surgiram na política da capital fluminense, ganharam projeção nacional e, hoje, não representam nada além de um estado em frangalhos. Doutor em filosofia e professor de Ética Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano avalia que a decadência do Rio de Janeiro não é nova, tendo surgido com a migração da capital do Brasil do Rio para Brasília. “Essa mudança criou um vácuo de poder e de capacidade, inclusive, de manusear recursos. Assim, os cariocas, acostumados a ter dinheiro e poder, perderam os dois. Essa lacuna precisou ser preenchida”, avaliou, justificando a origem das relações entre bandidos e autoridades locais.
A simbiose entre autoridades públicas e os grandes nomes do jogo do bicho, do tráfico é algo antigo, ressalta Romano. “Sempre foi comum ver os donos de negócios escusos nos palanques tentando eleger candidatos. Aí entra a velha tradição brasileira de trocar favor. Como eu, você e todos os brasileiros vimos ultimamente, essa tradição continua funcionando com força total”, acrescentou.
No meio do embate sobre a eficácia da polícia carioca, um triste incidente aconteceu ontem: o menino de 3 anos que foi atingido, na última quarta-feira, por uma bala perdida enquanto brincava no sofá de casa teve a morte cerebral declarada. Um dia antes, o policial Rafael Santa Ana Corrêa foi assassinato em uma drogaria. O cabo foi o 114º integrante da Polícia do Rio de Janeiro morto em 2017.
Silêncio
O poder carioca resolveu contra-atacar e processará o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão aos comandantes da Polícia Militar, todos questionam as declarações dadas por Torquato de que a cúpula da PM está controlada pelo crime organizado. Questionado, o presidente Michel Temer preferiu não se envolver na polêmica para não dar mais espaço à crise.
O silêncio que permeia o Planalto também chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deve julgar a interpelação proposta por Pezão. Para o ministro Marco Aurélio Mello, é necessário aguardar os desdobramentos antes de qualquer declaração. “Não posso comentar esse caso porque um de nós (ministros) pode acabar sendo relator”, disse. O Correio também entrou em contato com Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, que preferiram não se manifestar sobre o assunto.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), no entanto, rompeu a falta de expressividade dos poderosos e disse que “todo mundo que mora no Rio de Janeiro sabe que as palavras do ministro são verdade”. Outros integrantes do parlamento que concordam com Torquato dizem que, embora ele esteja certo, foi imprudente e exagerado.
Estado em deterioração
Entre as unidades da federação, o Rio de Janeiro é, talvez, a que mais personifica a escancarada crise ética, moral e econômica que assola o país. Entenda os principais atores e fatos que o levaram à atual situação:
Corrupção
Desvio de recursos públicos, recebimento de propina, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa são alguns dos delitos pelos quais representantes públicos do Rio foram condenados ou acusados.
» Anthony Garotinho: o ex-governador foi condenado a 9 anos e 11 meses de prisão por corrupção eleitoral, associação criminosa, supressão de documento público e coação. A avaliação da Justiça é de que ele comprou votos para a mulher, Rosinha Garotinha, ser reeleita à prefeitura fluminense, em 2016. Ele chegou a ser detido, mas, por decisão do STJ, aguarda julgamento de recurso em liberdade.
» Sérgio Cabral Filho: o ex-governador foi condenado a 45 anos e 2 meses de prisão, considerado como o “grande líder da organização
criminosa” que possibilitou o desvio de milhões dos cofres públicos do estado. Cabral está preso desde novembro do ano passado no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu. Ex-diretores da construtora Odebrecht apontam pagamentos de R$ 94 milhões a ele, que também é suspeito de ter recebido propina durante as Olimpíadas e de ter comprado votos para escolher o Rio como a sede do evento. Uma família ligada a ele foi presa por desvio de recursos da merenda escolar.
» Eduardo Cunha: o ex-presidente da Câmara dos Deputados e um dos mais influentes políticos
do Rio de Janeiro foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção passiva devido a solicitação e recebimento de vantagem indevida no contrato de exploração de petróleo em Benin, na África. Cunha está detido em Curitiba desde outubro do ano passado.
» Luiz Fernando Pezão: o atual governador do Rio é acusado de recebimento de propina da Odebrecht nas eleições de 2014. Ex-presidente da construtora Odebrecht afirma que teria pagado, via caixa 2, R$ 20,3 milhões na campanha eleitoral.
» Jorge Picciani e conselheiros do TCE: cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro foram presos por suspeita de recebimento de propina de 1% sobre valores de contratos de empreiteiras. As investigações apontam que eles recebiam dinheiro para fazer vista grossa e aprovar obras, como a do Maracanã e a da linha 4 do metrô. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, foi alvo de condução coercitiva para prestar depoimento após ter o nome citado em acordo de delação por um ex-conselheiro.
Economia
A crise que estourou em 2015 só escancarou o desequilíbrio das contas públicas do Rio. Antes disso, o governo já vinha elevando muito os gastos públicos, inclusive com servidores, ancorado na valorização do barril de petróleo no mercado externo. Uma lei de 2003 previa o pagamento de aposentadorias com uso dos royalties, mas o arrefecimento da atividade econômica e a queda do preço do barril provocaram queda nas receitas, enquanto os gastos se mantiveram em crescimento, principalmente o da Previdência.
Segurança pública, saúde, educação
O orçamento comprometido pela crise econômica provocou um efeito cascata altamente danoso e negativo sobre os serviços públicos. Policiais passaram a ter menos incentivos, o sistema de saúde entrou em colapso, com deficit de médicos, insumos, medicamentos e atrasos em atendimentos. A educação seguiu o mesmo caminho: organizações não governamentais acusam a secretaria estadual de fechar turmas.  (Rodolfo Costa , Bernardo Bittar - Correio Web)

MS: Campo Grande também prepara sua reforma da Previdência
Alteração no índice de contribuição e monetização de bens são formas que mais vão encher os cofres previdenciários.
Assim como o governo do Estado fez na semana apassada, elevando a alíquota de contribuição dos servidores e também a patronal, o município de Campo Grande também enviará ao Legislativo alterações na Previdência dos funcionários públicos municipais
Atualmente, na Capital, três servidores ativos trabalham para pagar a aposentadoria de apenas um funcionário municipal inativo. Dentro de dez anos, segundo o secretário de Planejamento e Finanças, Pedro Pedrossian Neto, a proporção deve cair e haverá menos servidores em atividade para um quadro muito maior de aposentados.
A conta que se faz é a seguinte: em 2016, 16.271 profissionais ativos contribuíram com 11% dos seus salários para pagarem 5.014 aposentados municipais. Estima-se que até 2026 haja 9.671 inativos no quadro da Previdência de Campo Grande, que serão sustentados por 18.738 trabalhadores em idade de produção, o que equivale a 1,93 ativo trabalhando para o pagamento de um aposentado.
A equivalência revela duas coisas: o porcentual de aumento na quantidade de aposentados é maior que a inclusão de ativos no quadro municipal, e o desconto de 11% nos salários de quem está em idade de contribuição e os 14% repassados pelo Poder Municipal são insuficientes para dar conta do pagamento das aposentadorias.   (Correio do Estado)

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Fundos: Oi - Conselho aprova apoio a plano de recuperação judicial
A operadora de telecomunicações em recuperação judicial Oi informou que seu conselho de administração aprovou por maioria uma proposta de apoio ao plano de recuperação judicial que será oferecida a todos donos de bônus da empresa.
Grupos de detentores de títulos que são os maiores credores da empresa exigem que o plano para a dívida da operadora seja renegociado o mais rápido possível. A assembleia, que seria inicialmente no próximo dia 6, foi adiada para 10 de novembro.
A proposta, que recebeu três votos contrários, embute um aditamento ao plano de recuperação judicial, contemplando termos finais até 6 de novembro, e a Oi tentará obter aval dos credores.
O conselho da Oi também deliberou sobre uma carta enviada por Moelis, G5 Evercore e FTI, que assessoram um grupo de donos de bônus, e decidiu ser impossível a sua aceitação, porque não é "uma proposta firme e vinculante, propõe desequilíbrio de tratamento entre diferentes interessados, reserva o direito de continuar litigando contra os interesses da companhia, pressupõe alteração do regime regulatório para sua implementação, trazendo atraso e incerteza para a recuperação judicial".
Maior pedido de recuperação da história
A Oi protagoniza o maior pedido de recuperação judicial da história, com dívidas de R$ 65 bilhões a serem negociadas.
O processo é complexo e há impasse para aprová-lo. Os credores querem virar donos de uma grande fatia da empresa caso tenham suas dívidas convertidas em ações, o que contraria os atuais acionistas.
Entenda o impasse
Em setembro do ano passado, a empresa entregou um plano à Justiça, mas ele desagradou os credores. A visão deles era que a empresa exigia um desconto muito alto na dívida e evitava a diluição dos acionistas da empresa.
Desde então, credores e acionistas estão em um impasse. Diversas propostas alternativas foram avaliadas nesse período, sem sucesso;  (Reuters/G1)

Fundos: Oi - Anúncio de acordo irrita credores externos
Mudança foi aprovada no mesmo dia em que o conselho garantiu apoio ao plano de recuperação sustentado por atuais acionistas da operadora
O Comitê Internacional de Detentores de Bônus da operadora Oi – que está em recuperação judicial, com dívida estimada em R$ 64 bilhões – considera a aprovação de mudanças na proposta de recuperação judicial da empresa pelo conselho de administração uma “inaceitável violação” de padrões de governança corporativa, segundo nota divulgada ontem.
O conselho da operadora aprovou na sexta-feira um acordo proposto por um pequeno grupo de credores conhecido como G6, que vinha negociando com a controladora Pharol SGPS – antiga Portugal Telecom – e com o acionista minoritário Nelson Tanure, que tem participação na companhia por meio do fundo Société Mondiale. A proposta foi discutida no mesmo dia em que o conselho decidiu apoiar o plano de recuperação judicial costurado pelos atuais acionistas da tele.
Por meio de comunicado, o Comitê Internacional de Detentores de Bônus da Oi diz que as ações do conselho foram adotadas para “forçar” a aceitação de um plano visando a “defender os interesses dos atuais acionistas minoritários controladores em detrimento de todos os demais agentes envolvidos e da própria companhia”.
O grupo de credores ainda convocou todas as partes interessadas no processo a agir para “desfazer essa manobra claramente ilegal” e aprovar um plano que reúna apoio de todos os envolvidos.
Busca por aval. As mudanças propostas para o plano de recuperação judicial devem ser apresentadas à Justiça do Rio de Janeiro, que supervisiona o processo de recuperação, o maior já visto na América Latina. Assim que os termos forem entregues à corte, a Oi buscará o aval dos credores em assembleia na próxima sexta-feira, quando o futuro da empresa deve ser decidido.
No entanto, a maior parte dos credores vem se posicionando abertamente contra a posição de Tanure e dos atuais acionistas da companhia. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão para o qual a Oi deve cerca de R$ 20 bilhões, também é contrária ao modelo atual, que inclui as dívidas com a agência na recuperação judicial.
O processo de recuperação judicial se arrasta desde junho de 2016 e o governo já acenou com a possibilidade de intervir na operadora, embora diga que essa é uma “última opção”.
Na semana passada, as ações da Oi tiveram forte alta com a notícia de uma proposta conjunta da China Telecom e do fundo americano TPG, que estariam dispostos a investir R$ 10 bilhões na empresa. Segundo fontes, trata-se da saída preferida do Planalto para os problemas da operadora de telecomunicações.  (Reuters/Agência Estado)

Fundos: Oi está sob risco de perder gestão após o avanço de Tanure
A Oi, protagonista da maior recuperação judicial já realizada no Brasil, com débitos de R$ 64 bilhões, corre o risco de perder a liderança da administração e da operação nos próximos dias. Conforme o Valor apurou, o presidente da empresa, Marco Schroeder, o presidente do conselho, José Mauro Mettrau Carneiro, e os dois conselheiros independentes indicados pelo BNDES, Marcos Duarte e Ricardo Reisen, passaram a considerar a renúncia de seus cargos, após o avanço do acionista Nelson Tanure sobre a tele. Com eles, também sairiam diretores graduados.
Algumas das renúncias podem ocorrer ainda hoje, a depender do resultado dos encontros de Schroeder e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com a Advocacia-Geral da União (AGU), líder do grupo de trabalho que busca solução para os créditos públicos detidos contra a tele, superiores a R$ 20 bilhões.
É assim, em clima de guerra, que começa a semana da assembleia de credores da Oi, marcada para sexta-feira, 10.
Em meio ao feriado, Tanure, que aplicou R$ 70 milhões na compra de uma posição minoritária e dominou o conselho de administração da tele, assumiu o poder também da gestão executiva.
O conselho da tele, sem que o tema estivesse na pauta da reunião, deu posse a dois membros para se tornarem, cumulativamente, diretores estatutários - Hélio Costa e João Vicente. Com isso, Tanure não depende mais do presidente, Marco Schroeder, e do diretor jurídico, Eurico Teles, para adotar as medidas que quiser, relacionadas ao plano de recuperação e ao acordo com seu grupo de credores, o G6.
O estatuto da Oi dá poder para dois diretores estatutários juntos assinarem por decisões estratégicas da empresa.
Na sexta-feira, o conselho da Oi também decidiu aprovar o acordo com o G6, que tem R$ 2,4 bilhões em créditos contra a empresa, e encerrar diálogo com o maior grupo de credores, com R$ 21 bilhões em dívidas, assessorados pela G5 Evercore e pela Moelis & Company. A assinatura do acordo com o G6 está prevista para ser submetida à nova diretoria ainda hoje.
Grupo do G6 e investidor já detêm, juntos, 40% da tele, considerando participações direta e indireta via Pharol
Em resposta ao Valor, o investidor defende a proposta do G6 como um acordo negociado extensamente e firme. Tanure alega que a proposta da G5 e Moelis à tele foi "hostil" e "não solicitada", a despeito de ser resultado dos diálogos com a direção executiva da empresa. A proposta ainda não era final, por isso não era firme. As negociações estavam em andamento.
O fato de a oferta ainda ser vinculante, ou seja, obrigatória, foi um dos motivos alegados pelo conselho da Oi para preferência pelo acordo com o G6.
A opção da renúncia passou a ser considerada pelos administradores por entenderem que se tornarão, a partir de agora, passivos nas decisões a serem tomadas na companhia, mas solidários nas responsabilidades. Os conselheiros que estudam sair foram contrários às decisões de sexta-feira.
Schroeder e Teles se recusam a assinar o acordo de suporte ao plano de recuperação com o G6 por dois motivos. Preocupa o fato de o grupo ser pequeno. O plano deles já foi rechaçado tanto pelos credores da G5 e Moelis quanto pelo governo. E, especialmente, porque o acordo, uma vez assinado, obriga a Oi a pagar multas e taxas a esses credores antes mesmo que eles aportem dinheiro na empresa, conforme prevê o plano. Eles se dispõem a colocar R$ 3,5 bilhões no negócio, mas com diversas condicionantes. As despesas anteriores à injeção de capital podem chegar a R$ 1 bilhão e ocorrem mesmo que a capitalização não seja realizada.
Até mesmo o fracasso do plano em assembleia de credores obriga pagamento de multa, de R$ 500 milhões.
O grupo de credores ligados a Tanure é também acionista relevante de Oi, conforme o Valor apurou, e da Pharol, maior acionista da tele, com 22,3% do capital. Eles possuem cerca de 20% de cada uma das empresas e, por isso, uma fatia já próxima a 40% da Oi.
O comitê internacional de credores da tele, assessorado por G5 e Moelis, divulgou nota na qual afirma que as ações tomadas pelo conselho da Oi "foram claramente adotadas na tentativa de fazer a companhia refém e forçar a aceitação de um plano cujo único objetivo é defender os interesses dos atuais acionistas minoritários controladores em detrimento de todos os demais agentes envolvidos e da própria companhia".
O comitê propõe que todas as partes envolvidas tomem as ações necessárias para "desfazer" as medidas, mas não cita o que ele próprio fará nesse sentido, e se fará.
O governo, sob comando da ministra Grace Mendonça, da AGU, vem desenvolvendo uma solução para as dívidas da Oi com Anatel, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e demais bancos públicos estaduais. Tal modelo seria combinado à saída negociada pela tele com os credores privados.
O grupo da G5 e da Moelis quer ficar, após conversões de dívida em ações e uma capitalização de R$ 4 bilhões, com 88% da Oi. Como o G6 já é acionista da tele, Tanure e os credores teriam fatia equivalente no modelo deles próprios.
A Lei de Falências dá amplos poderes ao juiz da recuperação judicial em caso de conflito de acionistas com credores- Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro - para afastar administradores ou credores do processo. (Graziella Valenti - Valor Online)

Fundos: Diluir fatia na Eletrobrás é preocupação do governo
Segundo ministro, se emissão de ações não for suficiente para reduzir fatia do governo de 60% para 40%, pode ser feita uma nova venda de papéis
A equipe econômica está disposta a usar todas as ferramentas para reduzir a participação da União na Eletrobrás, afirmou ontem o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, em Madri, onde participará de reuniões com potenciais investidores no setor de infraestrutura, com vistas a divulgar os leilões que o governo tem programados. A viagem oficial, que ainda incluirá uma passagem pela Itália, vai tentar destacar o atual cenário de recuperação da economia brasileira.
O primeiro passo será uma emissão de ações da estatal, atualmente em fase de definição. Pelos cálculos do ministro, a operação deve fazer com que a fatia do governo caia de pouco mais de 60% das ações com direito a voto para cerca de 40%.
Caso a emissão seja insuficiente para atingir esse resultado, o governo partirá para uma nova venda direta de papéis. Segundo ele, a maior preocupação do governo hoje é a de que a diluição da União não ocorra mesmo com emissão de ações.
Para o mercado financeiro, a redução de 60% para 40% vai na direção correta – mas, mesmo assim, o consenso é que a participação estatal na companhia ainda continuaria a ser expressiva. “(A redução da participação do governo para 40%) não é um target (objetivo) nosso, ao contrário. Mas é que, pelo tamanho do aumento de capital pela emissão de ações, dificilmente vai diluir mais do que isso”, explicou o ministro.
Para que a fatia estatal seja reduzida para algo mais perto de 20% ou 30%, de acordo com Oliveira, seria preciso um fluxo “enorme”, dado o alto valor de mercado da companhia. “A participação do governo na Eletrobrás vai continuar sendo alta, mas se houver risco de a participação do governo não ser diluída, aí sim pode ser que se venda uma pequena parcela.”
Previdência
Em relação à reforma da Previdência, o ministro reforçou que o ideal seria que a aprovação ocorresse ainda este ano. Ele enfatizou que, para quem tem projeto político para a eleição presidencial de 2018, a mudança das regras ainda na administração de Michel Temer é o cenário mais favorável. “Quanto mais tarde se fizer a reforma da Previdência, pior será, pois (a medida) terá de ser mais dura”, previu.
Dyogo prometeu também ser rígido em relação às ameaças de greve que estão sendo feitas por servidores da Receita Federal em função de uma regulamentação sobre o pagamento de bônus da categoria.
Na opinião do ministro, não há sentido uma paralisação de funcionários bem remunerados, que tiveram aumento de salário acima da inflação e ainda receberão um bônus de R$ 3 mil. “Não vejo motivo para ninguém que está ganhando bem entrar em greve”, disse, acrescentando que, se um movimento nessa direção ocorrer, solicitará que a Justiça considere a paralisação abusiva    (Célia Froufe - Agência Estado)

Fundos: União deve ficar com cerca de 40% da Eletrobras
O governo vai reduzir sua participação no capital da Eletrobras para cerca de 40%, disse o ministro do Planejamento Dyogo Oliveira. A União detém, atualmente, pouco mais de 60% das ações com direito a voto. No anúncio da privatização da companhia, o governo informou que reduziria a parcela para menos da metade, mas não informou o porcentual. Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, o ministro deu mais detalhes sobre o processo, falou da distribuição de recursos do futuro desbloqueio do Orçamento e da estratégia do governo para aprovar as medidas do ajuste ainda este ano. Leia a seguir trechos da entrevista:
Como será a privatização da Eletrobras?
O caso mais parecido é o da resseguradora IRB. É feito um aumento de capital, no caso do IRB muito pequeno, e com esse pequeno aumento de capital a União mantém sua posição enquanto o capital total da empresa aumenta. Com isso, a participação da União se dilui. É importante explicar isso, porque nós não vamos vender a Eletrobras, vamos capitalizá-la. Exatamente para que a Eletrobras volte a investir, a crescer, a ser uma empresa com capacidade financeira. O governo hoje evidentemente não tem capacidade de capitalizar a Eletrobras com recursos do Tesouro. A participação da União é de quase 60%. Estimo que, com a operação, vai ficar pelo menos em 40%.
Quanto pode render a operação? Fala-se em R$ 30 bilhões.
O que nós colocamos no Orçamento foram R$ 12,2 bilhões. Depende de vários parâmetros. Por exemplo, essa questão do São Francisco (uma parte das usinas do grupo Eletrobras fica no rio e tem enfrentado dificuldades com a seca). Se a gente coloca um valor mais alto ou mais baixo, reduz esses R$ 30 bilhões que se fala como possível. Mas isso é estimativa de mercado.
Isso seria para quando?
O ideal é que isso ocorra pelo menos até julho do ano que vem. Esse é o ideal, não sei se a gente vai conseguir, é um processo complexo.
O sr. pretende fazer uma nova liberação do Orçamento deste ano, antes do prazo de 22 de novembro. Já tem ideia de quanto?
Eu gostaria de poder liberar uns R$ 30 bilhões (risos), mas acho que não vai ser possível. Hoje não tenho nenhum número para dizer, porque a Receita Federal só vai ter a primeira prévia da arrecadação ocorrida em outubro na segunda-feira, para saber se veio dentro do esperado ou não.
Mas o dinheiro que sobrar vai primeiro para onde?
A priorização será para manutenção das obras em andamento. Aí tem vários (ministérios): Defesa, Transportes, Cidades, Integração Nacional. A preocupação é não ter paralisação de obra. Além disso, tem o custeio de alguns órgãos importantes, por exemplo, a própria Defesa. Outros órgãos precisam de dinheiro para custeio, principalmente funcionamento da área de tecnologia, pagamentos ao Serpro, tem uma série de órgãos ainda em dificuldade para esse custeio de funcionamento. Mas o principal é investimento para continuidade das obras, nada de obra nova.
O Orçamento prevê reajuste do Bolsa Família no ano que vem?
Orçamento não prevê nenhum reajuste, ele prevê um valor. Esse valor, ao longo do ano, você pode alocar para colocar mais gente ou dar reajuste para quem já está dentro do programa. Não há nenhuma decisão em relação a isso, se vai ter ou não reajuste.
Qual vai ser a estratégia do governo para aprovar medidas consideradas impopulares para garantir a meta fiscal de 2018?
O governo acabou de ter uma votação expressiva no Congresso na questão da denúncia (contra o presidente Michel Temer). O relacionamento entre governo e Congresso sempre exige cuidados. As medidas foram previamente discutidas, inclusive com algumas lideranças. Houve todo um processo de avaliação das alternativas que existiam, e essas foram justamente as que foram consideradas as mais viáveis.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reclamou do excesso de Medidas Provisórias (MPs) enviadas pelo governo. Mesmo assim, o governo voltou a encaminhar as ações do ajuste por MP. Por quê?
O problema é que essas medidas têm de cumprir a regra de noventena. Então, mesmo que houvesse aprovação dos projetos de lei ainda este ano, eles só entrariam em vigor após 90 dias. No caso da tributação de fundos (exclusivos) e do aumento da contribuição previdenciária (dos servidores) tem que haver noventena. Isso foi conversado e explicado ao Rodrigo Maia, mas é natural que o presidente da Câmara prefira projetos de lei, porque a MP acaba tendo uma tramitação compulsória que afeta as outras pautas da Casa.
O governo está preparando uma nova redução da idade mínima para o saque do PIS/Pasep?
Me trouxeram essa ideia, e o pessoal está avaliando e fazendo as contas para saber o impacto disso. Eu nem apresentei isso ao presidente Temer, por exemplo. Ainda estou aguardando para ter uma avaliação mais detalhada disso.
Como compatibilizar a votação das medidas e a da reforma da Previdência. Qual é mais urgente?
A prioridade total é para a Previdência.
Se votar a reforma da Previdência e não votar o pacote de medidas para o Orçamento, o governo está no lucro?
Eu não diria isso. Nós vamos tentar votar todas as medidas. Agora, a prioridade, claro, é para a reforma da Previdência porque isso muda tudo. É uma reforma estrutural que muda a percepção das contas públicas. No caso da Previdência, isso torna o sistema menos distorcido e injusto do que é hoje.
Se alguma dessas medidas para 2018 não for aprovada por algum motivo, como o governo vai resolver a equação do Orçamento?
O Orçamento terá de ser readequado para isso. Ou substituindo a receita ou reduzindo a despesa em montante proporcional.  (Agência Estado)

Fundos: ‘Privatizar por necessidade de fazer caixa é ruim’
Entrevista com Oliver Hart, Nobel de Economia
Vencedor do Nobel de Economia defende alta de impostos dos mais ricos para reduzir rombo nas contas públicas
O britânico Oliver Hart recebeu o Prêmio Nobel de Economia, em 2016, por suas colaborações à teoria dos contratos. Seus estudos apontam que privatizações podem não ser benéficas em alguns casos, como o de prisões de segurança máxima, porque os contratos firmados entre governo e empresa são incompletos, apresentando lacunas que permitem às empresas reduzirem os investimentos em prol de lucro maior.
Em entrevista ao Estado por telefone, o professor de Harvard diz ser “cético em uma privatização motivada pela necessidade de caixa” do governo, como no caso da Eletrobrás, e defende a elevação de impostos (e não o corte de gastos dos governo) como principal medida para redução de déficit fiscal – o que, admite, não é uma “posição popular”.
O governo brasileiro planeja privatizar a maior estatal elétrica do País, a Eletrobrás. A empresa tem prejuízo e há a intenção de o governo fazer caixa com a operação para reduzir o déficit fiscal. Como o sr. vê uma privatização com esse pano de fundo?
Não sou conhecedor da situação brasileira, então só posso falar de uma forma generalizada. Sou cético em relação a uma privatização motivada pela necessidade de caixa. O principal argumento para privatizar deve ser que a empresa pode funcionar de forma mais eficiente. Esse é o lado bom de uma privatização. O ruim é que a empresa pode não funcionar para atender o interesse público e usar seu poder de monopólio para aumentar preços, assumindo que essa é uma empresa enorme. A companhia privada persegue lucros mais do que qualquer coisa.
Com base nessa situação, o que o governo deve levar em conta na elaboração do contrato de licitação?
Há coisas que o governo pode fazer no campo da regulamentação, é assim que acontece nos Estados Unidos, mas não sei quão efetiva a regulamentação é – essa é sempre uma pergunta a ser feita. A regulamentação é como um contrato em que o governo pode dizer como os preços devem se comportar. Esse é um modo de evitar problemas de monopólio.
Em um de seus artigos, o sr. diz que, em caso de um banco ir à falência, o Estado deve se preocupar em ‘resgatar’ indivíduos, e não bancos. No Brasil, o governo estuda permitir que o Tesouro Nacional injete dinheiro em bancos em dificuldade. Como o sr. vê a proposta?
O ideal é, se o banco está com problemas, você ter certeza de que os consumidores estão bem. Não é salvar o banco, mas os depositantes. Mas bancos têm muitos credores: têm os consumidores e os bondholders. Esses últimos, não tem de salvar. Porque, se as pessoas fazem investimentos e sabem que o governo sempre vai fazer o resgate quando necessário, elas têm incentivo a não serem cuidadosas e o banco tem incentivos para tomar riscos de forma excessiva. Para mim, se essas instituições têm ciência de que o governo fará o resgate, então você precisará de um mercado mais regulado (que impeça grandes riscos).
O sr. acha que os resgates feitos pelo governo americano durante a crise de 2008 foram completamente errados?
Completamente errado talvez seja muito forte. Não sabemos o que teria acontecido se o resgate não tivesse sido feito. Muita gente acha que isso foi ótimo e salvou o sistema, mas eu sou cético. Minha análise é que o resgate gerou raiva e houve quem sentiu que pessoas ricas estavam sendo ajudadas e pobres, não. Isso é um dos fatos que fizeram com que o populismo aumentasse nos EUA. Primeiro veio o Tea Party e, depois, a eleição de Donald Trump.
Antes de Trump ser eleito, o sr. afirmou que ele poderia ser um desastre para economia. Como vê o governo Trump hoje?
Tem sido um desastre para os Estados Unidos e para o mundo, mas, em relação à economia, pouca coisa aconteceu. De certo modo, é surpreendente: as bolsas estão indo bem e o desemprego está baixo, mas acho que isso é uma continuação do que fizemos antes (no governo de Barack Obama). A bolsa pode estar indo bem em parte porque as pessoas esperam menos regulamentação e talvez impostos corporativos mais baixos. Mas, em termos gerais, o governo Trump é terrível. Não falo só de economia. O presidente parece ser capaz de começar uma guerra nuclear, o que é aterrorizante. Tem também a saída dos EUA do acordo de Paris e ele talvez cancele o Nafta (Acordo de Libre Comércio da América do Norte). Se isso acontecer, haverá um impacto negativo na economia americana. Mas, até agora, o que ele mais fez foram discursos inflamatórios que pioraram a atmosfera no país.
Como o sr. vê a equipe econômica de Trump. Por exemplo, como o conselheiro econômico Gary Cohn tem se saído?
Acho, em geral, a equipe muito fraca. Não quero falar de alguém em particular.
As privatizações do presente e do passado que causaram polêmica no Brasil
Mas é um time fraco tomando decisões equivocadas?
Tem muita falação, mas eles estão caminhando em direção ao protecionismo. Isso ainda não aconteceu, mas parece ser o plano deles. Dei o exemplo do Nafta. Isso para mim, vai na direção errada. Restrições para exportar e importar reduzem o produto agregado.
O sr. já afirmou que as políticas de Trump poderiam resultar no aumento do déficit fiscal e da desigualdade. O déficit brasileiro está aumentando, qual a melhor política para reduzi-lo: aumentar impostos ou cortar gastos do governo?
Sou a favor de aumentar impostos, o que não é uma posição popular. Não todos os impostos. Não sou contra a redução dos impostos corporativos, mas sou a favor de impostos de renda mais altos. Para reduzir déficit e desigualdade, precisamos de impostos mais altos para os ricos. Acho que alguns gastos do governo são importantes, como em infraestrutura. Mas os governos precisam ter cuidado para não acabar só colocando um monte de dinheiro no setor privado. É preciso ter certeza de que, quando se faz o contrato com a empresa, foi feito por bom preço.  (Luciana Dyniewicz - Agência Estado)

Órgãos, Associações e Entidades do Segmento
iDS

SRPC: Seminário Internacional - Inscrições até hoje
Tema: Previdência Complementar: uma visão de futuro
Realizado pela Secretaria de Previdência, evento ocorrerá em Brasília nos dias 27 e 28 de novembro e terá inscrições gratuitas
As inscrições para o seminário são gratuitas e poderão ser realizadas até hoje, dia 6/11.
O evento será realizado em Brasília (DF) nos dias 27 e 28 de novembro de 2017, e tem como objetivo estimular a reflexão sobre o futuro do Regime de Previdência Complementar (RPC), no segmento fechado, com apresentação de experiências internacionais sobre a expansão e o desenvolvimento da previdência privada em meio ao cenário de mudanças previdenciárias, demográficas, econômicas e sociais, e a busca por soluções mais adequadas e atrativas às gerações atual e futura.
O seminário é coordenado pela Subsecretaria do Regime de Previdência Complementar, órgão da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, e será pontuado em 7 créditos pelo ICSS/ABRAPP.
Seminário internacional Previdência Complementar: uma visão de futuro
Data: 27 e 28/11/2017
Local:  Instituto Serzedello Corrêa – ISC (Setor de Clubes Esportivos Sul – SCES – Trecho 3, Polo 8, Lote 3 – Brasília-DF)
Inscrições até 6/11/2017
Veja a programação através do link
http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2017/10/programacao-vf.png    (Secretaria de Previdência)

ASCPrev: Terceira edição de curso para conselheiros - Último módulo
Com um total de 72h, a terceira edição do Treinamento In Company - Exercício da Função de Conselheiro encerrou seu último módulo no dia 18 de outubro. O curso, fruto de um contrato entre a Associação
Catarinense das Entidades de Previdência Complementar (ASCPrev) e a Universidade Corporativa da Previdência Complementar (UniAbrapp), foi realizado em Florianópolis/SC entre os meses de julho e outubro.
Com o objetivo habilitar os conselheiros a requererem a certificação junto ao Instituto de Certificação Institucional e dos Profissionais de Seguridade Social (ICSS), o treinamento contou com 35 participantes. “Achei o
treinamento excelente, os conteúdos são bastante abrangentes e facilitam o entendimento dos novos conselheiros sobre os diversos assuntos que a Gestão de Previdência Complementar exige. A integração e o networking
criado com os colegas de outras entidades também foi muito importante. Me sinto mais confortável em me posicionar e opinar nas reuniões do Conselho após a participação neste treinamento”, conta o conselheiro Ranieri
Correa Garcia, da entidade PrevUnisul.
Na avaliação do presidente da ASCPrev, José Manoel de Oliveira, esses cursos agregam conhecimento significativo para as entidades. "Nosso sistema está cada vez mais dinâmico e complexo e os cursos da UniAbrapp
contribuem para que as entidades alcancem maior eficiência técnica e operacional", afirma.
Nesta edição, o curso apresentou as disciplinas: Governança Corporativa nas EFPCs; Gestão Baseada em Riscos, Controle Interno e Auditoria; Gestão Atuarial; Gestão de Investimentos; Cultura Organizacional,
Comunicação e Relacionamento; Análise dos Demonstrativos Contábeis e Parecer do Conselho Fiscal e Gestão na Prática. (ASCPrev/AssPreviSite)

Leitura e cultura da previdência

CDI - Centro de Documentação e Informação
Oswaldo Herbster de Gusmão - Abrapp - Sindapp - UniAbrapp

Livro: Previdência Complementar
- Estudos em Homenagem aos 15 Anos da Legislação Federal
Autor: Adacir Reis (Coordenador)
Resumo do Livro:
As Leis Complementares nº 108/2001 e 109/2001, que disciplinam a previdência complementar brasileira, completaram 15 anos de vigência. A pretexto de registrar tal aniversário, esta obra aborda, sob diversos ângulos, a trajetória das entidades fechadas de previdência complementar, também conhecidas como "fundos de pensão". Reunindo grandes profissionais do mercado, aqui são discutidos aspectos demográficos, atuariais, jurídicos e de investimentos do regime de previdência complementar. Alguns capítulos deste livro apresentam abordagens estruturantes, como os impactos demográficos e das relações de trabalho no sistema previdenciário brasileiro, a necessidade de reforma do atual modelo e a democratização da previdência complementar. Há também análises dedicadas à evolução das normas, tanto em relação aos investimentos (inclusive em uma perspectiva internacional) como em face das diversas modelagens de planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar. Gestão e compartilhamento de riscos, regras de solvência dos planos de benefícios, regulação e supervisão, governança corporativa e desafios do mundo digital são outros tópicos tratados nesta obra. A previdência complementar dos servidores públicos federais (Funpresp-Executivo e Funpresp-Judiciário) é examinada por especialistas que têm ajudado a construí-la. Este livro apresenta também a evolução da jurisprudência da previdência complementar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Com esta Coletânea, o leitor tem a oportunidade de fazer um tour por alguns dos grandes temas da previdência complementar brasileira.
Esta publicação está disponível no maior acervo do país especializado em Previdência Complementar, CDI - Centro de Informação e Documentação "Oswaldo Herbster de Gusmão" da Abrapp.
Veja essas e outras publicações através do link: http://sistemas.abrapp.org.br/publicacoes/UI/Default.aspx (Abrapp/AssPreviSite)

Livro: Administração de Planos de Benefícios
Autor: Abrapp
Resumo do Livro: Administração de Planos de Benefícios é uma obra destinada aos profissionais e estudiosos da Previdência Complementar brasileira, iniciativa do sistema associativo ABRAPP/ICSS/SINDAPP com o objetivo de documentar e disseminar o conhecimento técnico existente no país. O livro está organizado em nove capítulos, de autoria de destacados especialistas que militam no Sistema, abrangendo todo o amplo espectro de questões pertinentes ao plano de benefícios. Analisa a sua evolução histórica no Brasil e no exterior e apresenta os diferentes tipos de planos e os fatores que influenciam a escolha de cada uma das abordagens no contexto das especificidades do mercado de trabalho, do sistema regulatório e da realidade sócio-econômica do País. A estruturação de um plano de benefício não é tarefa simples. Ele precisa ser concebido para durar muito tempo - 30, 40, às vezes 50 anos - todo o tempo necessário para cumprir a totalidade dos compromissos que assumiu. Planejamento de prazo tão longo é tarefa complexa em países, como o Brasil, que se transformam de modo tão rápido e exigem dos empreendedores grande capacidade de adaptação a novas realidades. Este livro preocupa-se com esse desafio e esforça-se por auxiliar os profissionais a lidar com ele.
Esta publicação está disponível no maior acervo do país especializado em Previdência Complementar, CDI - Centro de Informação e Documentação "Oswaldo Herbster de Gusmão" da Abrapp.
Veja essas e outras publicações através do link: http://sistemas.abrapp.org.br/publicacoes/UI/Default.aspx   (Abrapp/AssPreviSite)

Livro: Previdência Complementar
- Um Plano Solidário sem Risco para o Patrocinador
Autor: Renato Follador - Rita Pasqual Anzolin
Resumo do Livro: "Este livro destina-se ao fomento da Previdência Complementar. É uma obra que concilia conteúdo técnico e linguagem acessível, o que lhe confere grande utilidade para empresas e entidades de classe desejosas de conhecer as diversas opções disponíveis para a inclusão dos seus empregados ou filiados num sistema de efetiva proteção social. O livro foi escrito por dois destacados especialistas e dirigentes de entidade de previdência, Renato Follador e Rita Pasqual Anzolin, que conceberam e elaboraram um Plano Modelo que, por sua qualidade técnica, está sendo apresentado neste livro que a Abrapp publica e recomenda como uma nova opção de funcionamento de planos de benefícios. Esta publicação insere-se no programa editorial da Abrapp que vem ampliando consideravelmente o seu já robusto acervo de publicações técnicas que abrange um amplo espectro de questões de interesse da gestão das entidades e dos planos. Esperamos, assim, fortalecer ainda mais os mecanismos de sustentação conceitual e técnica do nosso Sistema, a serviço do desenvolvimento social da Nação."
Esta publicação está disponível no maior acervo do país especializado em Previdência Complementar, CDI - Centro de Informação e Documentação "Oswaldo Herbster de Gusmão" da Abrapp.
Veja essas e outras publicações através do link: http://sistemas.abrapp.org.br/publicacoes/UI/Default.aspx   (Abrapp/AssPreviSite)

Notícias de Interesse do Segmento Previdenciário

A reforma da Previdência é prioritária
Uma reforma da Previdência com “P” maiúsculo, do escopo necessário para reequilibrar as contas públicas, ficará para um próximo governo, diante das fragilidades do atual e da tensão política pré-eleitoral, concordaram os economistas Arminio Fraga e Antonio Corrêa de Lacerda, durante o evento “E agora, Brasil?”. Segundo eles, as condições atuais permitem apenas que se tente um “remendo” que, embora insuficiente para corrigir a trajetória da dívida brasileira, é opção melhor que o imobilismo. Como definiu Lacerda, “a realpolitik nos leva a fazer o que é possível”.
— Minha experiência de governo sugere o seguinte: vai fazendo o que der. Se for reforma boa, faz. Não acredito em “vamos esperar para fazer tudo”. Faz agora e depois você tem menos para fazer lá na frente — ponderou Arminio, que foi presidente do Banco Central entre 1999 e 2002. — Parece claro que essa proposta que está indo à discussão, que estão chamando de versão mais básica, com idade (mínima) e regra de transição, não vai ser o suficiente. Mas seria um sinal, seria um passo.
Lacerda argumentou que essa possibilidade, apesar de longe da ideal, permitirá a adoção gradualista de mudanças nas regras da aposentadoria. Isso proporcionaria uma correção de rota mais natural.
— Dada as condições de governabilidade que se tem, qualquer avanço que você tem na Previdência terá o benefício de tornar mais natural a reforma mais estrutural que virá à frente, necessariamente — disse o professor da PUC-SP, que advertiu, porém, para os riscos que essa estratégia pode representar: — Você pode ter o efeito perverso do autoengano, de criar uma expectativa exagerada enquanto não está tratando das questões essenciais.
Arminio admitiu que, apesar de considerar um milagre as reformas já aprovadas pelo governo Temer, acredita que a da Previdência só virá após as próximas eleições — o que aumentará a pressão sobre o governo que assumirá em 2019.
A urgência fica clara na trajetória da dívida pública que, como observou a colunista Míriam Leitão, é hoje equivalente a 73,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e deve atingir 80% já em 2020.
— A reforma da Previdência é entendida por todos que fazem conta como a mais importante para o ajuste das contas públicas. Não só a longo prazo. Sem essa reforma, em 2019, o Orçamento já vai estar bem apertado, provavelmente batendo no teto de gastos. Mais do que isso, a parte livre do Orçamento está muito comprimida — alertou Arminio, acrescentando que a PEC do teto de gastos se mostrará inútil caso a reforma da Previdência não saia. — A tendência é explosiva e absurda. Nossa Previdência é extravagante para um país com o nosso ponto na curva demográfica.
De acordo com Lacerda, a reforma que deve ser feita precisa contemplar questões como maior transparência nas contas e a extinção de privilégios para categorias, entre elas as do setor público, incluindo o Judiciário:
— É preciso que seja tratada a questão da inadimplência, que é muito grande na Previdência, e também dos devedores. É preciso, por mais árido que seja politicamente, enfrentar esse problema. É inegável que o quadro atual é insustentável.
Mas, independentemente da impopularidade deste ou do próximo governo, há aquela da própria reforma que, para Merval Pereira, exige um esforço de convencimento público que não vem sendo feito a contento.
— Não tem ninguém convencido da necessidade da reforma da Previdência, da idade mínima etc. Se estivessem convencidos, já tinha sido aprovada — observou o colunista.
Na opinião do embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, a aprovação de reformas é crucial para a retomada do crescimento.
— Sentimos que algo está evoluindo. Fiquei surpreso, por exemplo, com a similaridade das medidas que foram tomadas pelo governo na legislação trabalhista e aquilo que nós, franceses, estamos adotando em questão de flexibilidade. Vocês têm ainda a questão da reforma da Previdência, que chama atenção do ponto de vista de um europeu — disse Miraillet. — Acredito que, se o Brasil superar rapidamente sua questão orçamentária, vocês vão se ver diante da volta do crescimento. Por isso é importante a aprovação das reformas. E é por isso que nós, franceses, apoiamos a candidatura do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Para Jean-Paul Guihaumé, cônsul-geral da França no Rio, embora o problema previdenciário se manifeste em vários países, inclusive no seu, a situação das contas públicas brasileiras o torna mais urgente aqui:
— O que eu tiro da experiência francesa é que uma única reforma, que resolva todos os problemas, não é possível. É melhor promover uma série de pequenas reformas. É preciso começar por uma reforma e saber que haverá uma segunda, uma terceira, e que o tema continuará sempre presente, uma vez que há grandes evoluções na demografia.
Embora a reforma da Previdência seja considerada a mais urgente e necessária para o reequilíbrio das contas públicas, outras mudanças estruturais foram citadas pelos economistas como essenciais. Lacerda citou a reforma tributária, que está sendo proposta no Congresso pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e é apoiada pela equipe econômica.
— Ela apresenta grandes avanços. O relator está muito otimista que vai conseguir aprovar pelo menos uma simplificação, sem mudar estruturalmente (a legislação tributária). Essa, aliás, é minha crítica. Mas vejo que há aspectos positivos de simplificação, de desoneração, inclusive de medicamentos, o que pode contribuir para uma melhor distribuição de renda — disse.  (G1)

'Governo deve insistir na reforma da Previdência'
Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, um dos riscos de deixar a reforma para o próximo governo é de o País ter novo corte no rating
O cenário para a aprovação da reforma da Previdência está difícil, mas o governo deve fazer um esforço para conseguir passar o que for possível das medidas o quanto antes, afirma Mesquita, ex-diretor. Um dos riscos de deixar a reforma para o próximo presidente pode ser um novo rebaixamento do rating soberano do Brasil, disse ele em entrevista ao Estadão/Broadcast. Já a aprovação pode ajudar o Banco Central a reduzir ainda mais a taxa de juros. Mesquita prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do País vai crescer 3% em 2018, puxado pelo consumo. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O sr. acredita que a reforma da Previdência, mesmo que diluída, tem chance de ser aprovada neste governo?
Acho que está difícil. Primeiro, pelo fato de que o tempo está acabando e tem outras pautas que podem ser prioritárias, como a própria pauta do ajuste fiscal de curto prazo, que são as medidas para atingir a meta fiscal (de déficit de R$ 159 bilhões) em 2018. Há outras pautas importantes para os congressistas, como a segurança pública. Parece que há um certo “engarrafamento legislativo”. Não é impossível que uma versão light seja aprovada, mas está se tornando mais difícil, dada a questão do tempo. O ideal é passar o que for possível o quanto antes, porque a cada momento que se adia a reforma, o problema não é resolvido e faz com que a reforma tenha de ser mais severa, as regras de transição mais abruptas. A versão mais light geraria economia de 50% da economia proposta pelo governo.
Se a reforma da Previdência não passar este ano, as agências de rating podem rebaixar o Brasil novamente?
A comunicação das agências tem sinalizado que a manutenção do rating do Brasil pode ser desafiadora se não avançar a reforma da Previdência. A equipe econômica goza de enorme credibilidade, mas as agências ressaltam que, ao avaliar um país, consideram não só as políticas, mas o comprometimento da classe política como um todo com a solvência do país. Se essa elite dirigente, que envolve Executivo, Legislativo e Judiciário, não consegue chegar a um acordo a respeito das medidas para estabilizar a dívida, o rebaixamento acaba sendo inevitável.
Nos últimos anos, vimos um enorme salto da dívida pública em relação ao PIB. Para onde caminha essa situação?
Com a volta do crescimento da economia, o efeito da queda dos juros e a devolução de recursos do BNDES ao Tesouro, o ritmo de crescimento da dívida bruta nos próximos um ou dois anos vai ser bem mais lento do que foi nos últimos dois anos. Não significa, de forma alguma, que a questão fiscal está sendo resolvida. Continuamos com um problema fiscal muito sério, que é transformar um déficit primário (resultado das receitas menos as despesas do governo, sem contar o pagamento dos juros da dívida) de 2,5% do PIB em um superávit ao redor de 2,5%, ou seja, um desafio de 5 pontos do PIB. É muito difícil conseguir superar esse desafio e também viver com outra trava fiscal, que é o teto de gasto, sem a reforma da Previdência. Se tiver reforma, pode ser que a relação dívida/PIB se estabilize. Sem reforma, não tem perspectiva.
O governo vai conseguir cumprir o teto de gastos nos próximos anos?
Estimamos que consegue cumprir, sem a reforma da Previdência, este ano e em 2018. Mas em 2019 complica e em 2020 fica inviável.
Qual o cenário para a taxa de juros no País?
Seguimos com a previsão de que o atual ciclo de cortes vai terminar com a Selic em 6,5%. Me parece claro que, se passar a reforma da Previdência, ainda que seja uma versão mais diluída, tem chance maior de o BC continuar reduzindo os juros no início de 2018. Se a reforma não encontrar respaldo no Congresso, essa chance diminui. Não é condição absolutamente necessária a aprovação das reformas, mas acho que favoreceria de forma importante a continuidade do ciclo no ano que vem.
Com a retomada da economia e a volta do consumo, o País corre o risco de ter inflação de demanda?
Estimamos que a folga na economia, o hiato de produto, muito provavelmente só vai se fechar lá para 2020. Assim sendo, deve ser esse o prazo para termos pressão de demanda, o que não quer dizer que não existam riscos no cenário inflacionário. Tem riscos do lado da oferta, algumas pessoas já estão começando a ficar preocupadas com o comportamento do preço de alimentos, que foi uma ajuda muito grande para trazer a inflação cheia para baixo. Um movimento mais agressivo de política monetária lá fora poderia ensejar uma depreciação da moeda, o que teria implicação inflacionária.
O que esperar do investimento?
Já devemos ver recuperação do investimento no terceiro trimestre. O consumo de bens de capital teve recuperação, o setor de construção, que vinha em contração, deve ter tido atividade estável. Para 2018, prevemos expansão de 3% do PIB, muito em função dos efeitos defasados da política monetária. Vamos ver o efeito mais intenso do corte de juros na atividade a partir já talvez deste trimestre e no ano que vem.
A retomada de investimentos por parte das empresas pode ficar para depois das eleições?
Depende do grau de incerteza que o processo eleitoral pode vir a suscitar. Se existe um certo consenso sobre o tipo de política econômica que será implementado após 2019, aí a incerteza tende a ser mais limitada. Os pré-candidatos não têm propostas econômicas e não estão falando sobre isso. É um tema meio árido para a maioria da população e é razoável que não seja mencionado na largada. O cenário fiscal incerto, que tem a ver com trajetória de reformas e a política econômica depois de 2019, é algo que pode atuar negativamente sobre o investimento. Se tivermos eleição em que todos os principais candidatos se comprometam com o ajuste fiscal, a eleição passa a ser algo que não vai elevar a incerteza fiscal.  (Altamiro Silva Júnior e Aline Bronzati - Agência Estado)

Novembro, a última janela para a Previdência
Com as eleições ocupando a cena em 2018, é quase consenso entre os economistas do mercado que novembro será a janela crucial para tentar retomar a reforma da Previdência. A expectativa do resultado, no entanto, ainda é um tanto desigual. O economista-chefe do Verde Asset, Daniel Leichsenring, não vê muita chance de alguma reforma relevante ser aprovada ainda este ano. "O calendário parece apertado, novembro é um mês cheio de feriados e há todo um trabalho de recomposição da base para ser feito e não me parece que o Congresso esteja disposto. A probabilidade é pequena", diz ele. Na semana passada, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga manifestou opinião semelhante em um evento no Rio. Para um ex-diretor do BC ouvido pela coluna, no entanto, ainda resta alguma esperança de sucesso na aprovação. "O governo Michel Temer já deu provas de que quando realmente elege uma batalha no Congresso consegue ser bem-sucedido. Além disso, o [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles tem sido muito enfático, não me parece à toa essa sinalização", disse ele. O que de fato une opiniões é que a situação das contas públicas e os aspectos demográficos do país são tão difíceis que postergar em um ano e meio a reforma será custoso e exigirá que ela seja mais dura. Cumprir o teto de gastos públicos em 2019, é ponto pacífico, é impossível sem a reforma do sistema previdenciário. Subiu 320% o número de aposentados com mais de 90 anos O custo da ausência da reforma já se mostrou durante a crise, quando as receitas públicas passaram a sofrer forte restrição. "Os investimentos públicos desde 2014 caem algo como 70% enquanto a Previdência sobe cerca de 15% em termos reais", diz Leichsenring, da Verde. O gasto total do governo federal, lembra, ficou estável no período. Economista da USP e do Ipea especializado em sistemas de seguridade social, Rogério Nagamine Costanzi observa que, além do problema de sustentabilidade das contas, o sistema previdenciário brasileiro padece de outros problemas. O mais recente artigo de Nagamine, publicado pela Fipe/USP, aponta o caráter regressivo das aposentadorias precoces no país. Ele mostra que os que mais ricos tendem a se aposentar mais cedo, por tempo de contribuição. "O Brasil conseguiu criar um sistema previdenciário no qual a idade mínima de 65/60 só vale para os mais pobres, gerando um sistema que causa distorções, como pagar aposentadorias para pessoas com plena capacidade laboral", nota. Os dados levantados por Nagamine mostram ainda algo nada trivial: o número de pessoas com mais de 90 anos que recebem benefícios de aposentadorias no país era de 105 mil em 1992. Em 2015, o grupo já era de 449 mil pessoas: um aumento de nada menos que 327%. A gravidade do desafio imposto pelo perfil demográfico do país é um tema que acabou ficando um tanto coadjuvante do quadro fiscal em toda a discussão sobre a reforma da Previdência, o que - claro, aliado a muitos outros fatores, sobretudo os escândalos de corrupção - pode ser uma das pistas para entender por que o governo perdeu a batalha da comunicação na hora de convencer parte maior da população sobre a necessidade de reformar o sistema previdenciário. O presidente da aliança global de centros internacionais de longevidade, Alexandre Kalache, nota que o Brasil está numa situação singular e mais complexa que outros países, em termos de demográficos, por alguns fatores. "Levaremos 19 anos para dobrar a população de idosos, algo que a França fez em 145 anos", diz Kalache, que dirigiu o programa de envelhecimento e saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 1994 e 2008 e hoje também integra o Conselho do Futuro do Fórum Econômico Mundial. De fato, o envelhecimento rápido da população é algo que passou a ser uma preocupação não só mais dos países desenvolvidos, mas também dos emergentes, um desafio mundial. Ele explica a complexidade da dinâmica demográfica do nosso tempo: em um século, contando a partir de 1950, enquanto a população global deve crescer 3,7 vezes, a de 60 anos ou mais crescerá 10 vezes e a acima de 80 anos, 27 vezes. "Nasci num mundo em que havia 14 milhões de pessoas com mais de 80 anos e quem nascer em 2050 terá um mundo com 384 milhões de pessoas acima dessa faixa, é algo completamente diferente", diz. Kalache, que tem 72 anos. Ele compara o país com o Canadá, por exemplo, que em 1950 já tinha 11,9% da população com mais de 60 anos, enquanto o Brasil tinha 4,7%. Em 2015, o Brasil já tinha 11,7% e o Canadá, 25%. Em 2050, ambos terão 30% da população com mais de 60 anos, segundo ele. O que torna o caso do Brasil ainda mais peculiar, lembra o especialista, é que não apenas as pessoas estão vivendo muito mais - houve um acréscimo de 30 anos na expectativa de vida ao nascer entre 1940 e 2015, para 75,5 anos -, como em muitos países emergentes, mas as mulheres estão tendo ainda menos filhos do que em outros locais. "A queda da taxa de fecundidade no Brasil foi muito acelerada, sai de 5,8 [filhos], em 1975, e desde 2000 está em cerca de 1,8. É abaixo da taxa de reposição (que é acima de dois, corresponde ao casal de pais), no México e na Argentina, por exemplo, ainda é maior", afirma Kalache. Nesse cenário, as políticas públicas para uma população com outro perfil etário deveriam ser priorizadas, mas sequer começaram a ser pensadas, a não ser pela reforma do sistema previdenciário, que, sem dúvida, é importante, mas deveria ser apenas um ponto de um pacote que não deveria também conter exceções. "É preciso que a reforma seja para todos, políticos, militares. Aliás, o presidente Temer deveria dar o exemplo, restituindo os valores que recebe já há 20 anos, já que está na ativa. Não é razoável que uma parte tão grande de tudo que o país gasta seja consumido pela Previdência. Já gastamos mais que a Alemanha, que é um país muito mais envelhecido, enquanto estamos comprimindo investimentos em saúde e educação, que são essenciais para os mais pobres e encolhem 43% desde 2014", conclui Kalache. Catherine Vieira - Valor)

Afinal, existe mesmo rombo na Previdência?
CPI acusa o governo de prever um envelhecimento exagerado da população
Vencidas as denúncias criminais que ameaçavam seu mandato, o presidente Michel Temer concentra agora seus esforços em aprovar a polêmica reforma da Previdência.
Na última quarta-feira, justamente quando a Câmara mandava para a gaveta o pedido para processar o presidente, no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência imprimia uma derrota ao governo ao aprovar por unanimidade um relatório que nega a existência de deficit nas contas da aposentadoria e rejeita a necessidade de mudanças.
O documento - resultado de meses de investigação - diz que o rombo apontado pelo governo não decorre da falta de recursos, mas de contas erradas, projeções exageradas e da má gestão do dinheiro da Previdência.
"A reforma não anda (no Congresso). Como é embasada em premissas falsas, conforme a CPI comprovou, ela vai empacar por si só", disse o autor do relatório, senador Hélio José (Pros-DF).
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reagiu dizendo que o rombo na Previdência é "inquestionável". O governo considera essencial a reforma para tirar as contas públicas do vermelho. "Não é momento para demagogia", criticou.
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Mas afinal, há ou não deficit? A BBC Brasil ouviu autoridades e especialistas e explica abaixo os principais argumentos dos dois lados dessa discussão.
1) O que deve entrar nessa conta?
Um das discussões em torno do rombo da Previdência é sobre o que de fato deve entrar nessa conta.
O governo aponta para um problema de desequilíbrio tanto no regime que atende os trabalhadores do setor privado (INSS), quanto no regime de aposentadoria dos servidores públicos.
No caso dos servidores federais, as aposentadorias e pensões de 982 mil pessoas (civis e militares) registrou um deficit em 2016 de R$ 77,2 bilhões. Já o INSS, que atendeu cerca de 27 milhões de aposentados e pensionistas no ano passado, teve saldo negativo de R$ 149,7 bilhões.
Entidades e economistas ouvidos pela CPI argumentaram que os regimes de aposentadoria dos setores público e privado são diferentes e devem ser tratados separadamente.
Além disso, sustentaram que, segundo o artigo 194 da Constituição Federal, as contas da Previdência dos trabalhadores privados devem ser contabilizadas dentro da Seguridade Social, que inclui ainda as receitas com outras contribuições sociais e despesas com Saúde e benefícios como o Bolsa Família.
Segundo cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) citados pela CPI, a Seguridade Social apresentou em média saldo anual positivo de R$ 50 bilhões entre 2005 e 2016. O único saldo negativo desse período, de R$ 57 bilhões, ocorreu no ano passado - segundo a Anfip isso foi reflexo da crise econômica, que reduziu a arrecadação de tributos, mas trata-se de uma situação conjuntural que será revertida com a retomada da economia.
Para chegar a essa cálculo, a Anfip desconsiderou a aplicação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), mecanismo que permite ao governo usar 30% das receitas da Seguridade Social para outras despesas.
Já o governo estima resultados muito diferentes para o mesmo período. Segundo os dados do Ministério da Fazenda, a Seguridade Social registra deficit há muitos anos e o rombo chegou a R$ 243 bilhões no ano passado. A grande diferença nos cálculos é que o governo inclui nessa conta o impacto da DRU e o deficit da aposentadoria dos servidores públicos.
Segundo o procurador do Tribunal de Contas da União Júlio Marcelo de Oliveira, a DRU (R$ 92 bilhões em 2016) na prática é quase toda usada para cobrir o rombo da Previdência do setor público.
"A discordância central é sobre a metodologia para apurar se há deficit. Olhar o resultado global da seguridade não significa que não existe rombo. Na prática, isso tira recursos da saúde e assistência social", diz Oliveira.
2) O deficit do setor público está "equacionado"?
Para críticos da CPI da Previdência, o relatório final joga o rombo do regime público para debaixo do tapete. Eles ressaltam que as aposentadorias pagas aos servidores são bem mais altas que as recebidas pelos trabalhadores da iniciativa privada. Dessa forma, esse déficit, coberto pela receita de impostos, significa uma transferência de renda de toda a sociedade para setores que já ganham mais.
Segundo o Ministério do Planejamento, a média paga aos inativos do Poder Executivo em 2016 foi de R$ 7.620. Já o Poder Judiciário, pagou em média R$ 22.245, enquanto os aposentados do Poder Legislativo receberam em média R$ 28.593 por mês. No INSS, por sua vez, o benefício médio está em R$ 1.287.
Questionado sobre a falta de recomendações da CPI para reverter o rombo do regime público, o senador Hélio José disse à BBC Brasil que a previdência dos servidores "já está equacionada pelas reformas anteriores", adotadas desde os anos 90.
O teto das aposentadorias de quem foi contratado depois de 2013, por exemplo, é igual ao do INSS (hoje em R$ 5.531,31). Quem quiser receber mais precisa aderir a um sistema de previdência complementar.
A questão é que, como essas regras só valem para novos funcionários, seu impacto sobre o orçamento vai demorar décadas. As projeções do governo federal indicam que o rombo na previdências dos servidores civis da União continuará crescendo até 2048, ano em que atingirá R$ 268,6 bilhões. Apenas a partir daí o deficit deve começar a recuar, chegando a zero no final do século.
"O atual sistema concentra renda", crítica o economista Nelson Marconi, professor da FGV-SP.
Por outro lado, os dados mostram uma estabilidade desse rombo em relação ao PIB (riqueza gerada pelo país) no patamar de 0,6% nos últimos anos, com pequenas variações. Para a economista Denise Gentil, professora da UFRJ, um das principais acadêmicas a negar a existência do deficit da Previdência, esse é o indicador que importa.
O problema é de má gestão?
Outro argumento do relatório da CPI é que o rombo apontado pelo governo seria problema de má gestão das contas da Previdência. O documento ressalta que houve um grande volume de descontos nas contribuições previdenciárias concedidas nos últimos anos, como por exemplo a desoneração da folha, que visava evitar o desemprego, mas acabou mostrando pouco resultado nesse sentido. Além disso, o governo dá também isenções a alguns setores, como pequenas empresas e entidades filantrópicas. A Receita Federal estima que essas desonerações significam menos R$ 65 bilhões em arrecadação neste ano.
Além disso, o relatório da CPI também destaca o grande volume de dívida previdenciária - cerca de R$ 450 bilhões de contribuições não pagas pelas empresas. Segundo a Procuradoria da Fazenda Nacional, no entanto, somente R$ 175 bilhões correspondem a débitos recuperáveis, já que muitas das empresas com dívidas são falidas.
À BBC Brasil, o secretário da Previdência Social, Marcelo Caetano, reconhece ser importante acelerar os processos de recuperação dessas dívidas e a necessidade de rever desonerações, mas diz que isso não resolve o problema da previdência no longo prazo, já que o processo de envelhecimento da população manterá as despesas com aposentadoria em alta.
"Recuperar dívidas e reverter desonerações são um paliativo", afirmou.
Já Denise Gentil diz que o problema maior é de má gestão de política econômica. Na sua visão, a "agenda neoliberal" adotada pelos governos nos últimos anos, como corte de investimentos e juros altos, deprimiu o crescimento, impactando diretamente a arrecadação de impostos, inclusive a receita da Previdência.
"Temos que nos perguntar: a quem interessa essa reforma? Aos bancos, aos planos de previdência privada. É um rombo produzido para atender a esses interesses", argumenta a professora.
Floriano Martins reforça o argumento: "Se tiver crescimento econômico, a previdência some das manchetes de jornal", diz.
4) Temor exagerado com envelhecimento?
A CPI também acusa o governo de prever um envelhecimento exagerado da população. "Ao longo deste relatório é possível verificar a inconsistência de dados e de informações anunciadas pelo Poder Executivo, que desenham um futuro aterrorizante e totalmente inverossímil", diz o documento.
O relatório cita estudo realizado por Gentil e outros economistas. Ele diz, por exemplo, que o governo faz suas projeções com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2014 em vez de usar os dados do Censo de 2010, que seriam mais completos.
Ambas são pesquisas do IBGE - enquanto o Censo vai a todos os domicílios do país a cada dez anos, com um conjunto menor de perguntas, a Pnad faz levantamentos amostrais, mas com questionários mais amplos.
Gentil afirma que fez projeções com base no Censo que indicam um crescimento menor da população idosa, o que resultaria numa evolução mais lenta dos gastos da previdência.
Outros especialistas em dados demográficos e projeções ouvidos pela BBC Brasil discordaram das conclusões da professora. "O envelhecimento populacional no Brasil é real e é um dos mais velozes do mundo", afirma o demógrafo José Eustáquio Alvez, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
Já o especialista em projeções previdenciárias Luís Eduardo Afonso, professor da USP, disse à BBC Brasil que o cálculo do governo pode ser melhorado, mas considerou que algumas premissas adotadas, como a evolução da produtividade do trabalhador brasileiro, estão, na verdade, otimistas demais.
À BBC Brasil, o Ministério da Fazenda negou que use apenas dados da Pnad em suas projeções. O órgão afirmou que considera em seu modelo "a evolução das quantidades absolutas de pessoas por sexo e idade ao longo do tempo, que são extraídos das matrizes populacionais do IBGE (projeções até 2060 baseadas no CENSO)". Depois disso, "para fins de modelo de projeção previdenciária, aplicam-se taxas obtidas a partir da Pnad (taxas de urbanização, de ocupação, entre outras) às quantias absolutas de população do IBGE".
O IBGE, por sua vez, disse que seus "métodos demográficos estão em consonância com as recomendações da ONU".  (Mariana Schreiber - BBC Brasil)

Por que você é contra a reforma da Previdência?
Se o avanço da medicina nos permite viver cada vez mais, não é sensato imaginar que a regra da Previdência Social possa ser a mesma do passado
No Brasil, defender a reforma da Previdência Social se transformou, infelizmente, num crime. Quem o faz é taxado de governista. Dado que o governo Michel Temer tem baixíssima aprovação e que o tema é impopular em qualquer lugar do mundo, o defensor das mudanças nas regras das aposentadorias necessariamente fará parte de uma minoria a ser massacrada nas redes sociais. Para a maioria contrária à reforma, pouco importa a argumentação econômica. Eles querem se aposentar pelas regras atuais, pois trabalharam e contribuíram para isso. Teriam, portanto, um “direito adquirido”. Eu discordo e vou tentar, aqui, expor alguns argumentos. Espero dos críticos (a maioria) apenas duas coisas: que leiam o artigo até o final e que respondam com argumentos econômicos.
1) O primeiro ponto ignorado pelos defensores dos “direitos adquiridos” é que a população brasileira está vivendo mais. Em 1960, a expectativa de vida, segundo o IBGE, era de 48 anos. Em 2014, passou a 75,4 anos. Um salto de mais de 25 anos em apenas meio século. Se o avanço da medicina nos permite viver cada vez mais, não é sensato imaginar que a regra da Previdência Social possa ser a mesma do passado. Ao viver mais, as pessoas terão uma “vida de aposentado” mais longa e, portanto, custarão mais aos cofres do INSS. A mim parece lógico que o País precisa de uma idade mínima para a aposentadoria. A proposta de 65 anos para homens e de 63 anos para mulheres me parece bem razoável.
2) O segundo ponto envolve as dívidas de empresas com o INSS. Quem é contra a reforma da Previdência normalmente argumenta que bastaria o governo cobrar os devedores. Arredondando os números, a Previdência tem R$ 380 bilhões a receber e, atualmente, apresenta um rombo anual de R$ 190 bilhões. Portanto, ainda que o governo conseguisse cobrar 100% das dívidas (premissa utópica, pois muitos devedores já faliram, como a Vasp e a Varig), o déficit seria resolvido apenas nos dois primeiros anos. No ano seguinte, não haveria saldo devedor e o rombo se repetiria. O governo tem o dever de cobrar os caloteiros, sim. Mas a cobrança não elimina a necessidade de uma reforma.
3) O terceiro ponto diz respeito aos mais pobres. Os barulhentos sindicatos, que estão “ao lado dos trabalhadores”, são contra a reforma. Quais trabalhadores eles defendem mesmo? Os trabalhadores abonados, que têm renda maior do que a média da sociedade (aliás, eu faço parte desta lista de abonados). Atualmente, dois terços dos aposentados recebem apenas um salário mínimo. Essas pessoas, que não são defendidas pelos sindicatos, já se aposentaram pela idade mínima. Sim, a idade mínima já existe para os mais pobres e ela é de 65 anos para os homens e de 60 anos para as mulheres. A mudança proposta é para que todos tenham a mesma regra da idade mínima, incluindo quem receberá mais do que um salário mínimo. Os servidores públicos, também. Portanto, a reforma da Previdência atinge apenas um terço dos trabalhadores, justamente os mais ricos. É injusto dizer que a reforma é contra os mais pobres.
Como não estou aqui para defender o governo, posso dizer que é um erro tratar separadamente a reforma dos militares. Defendo, sim, uma regra única para todos os brasileiros. Exceção deve ser tratada como exceção – talvez faça sentido um policial militar se aposentar mais cedo. Sei que esse artigo não vai angariar simpatia. Não tem problema. Não sou candidato a nada. Sou brasileiro, tenho 40 anos e a minha geração será a mais prejudicada pelas regras de transição. E daí? Não estou aqui para defender os meus interesses. De forma altruísta, eu diria que estou pensando no futuro do País. De forma egoísta, eu diria que estou pensando no meu bolso, pois se a Previdência quebrar, eu não receberei aposentadoria ou terei de pagar algum novo imposto no futuro (que tal uma CPMF para as aposentadorias?) para salvar o INSS. Não se iluda. A conta sempre termina no bolso do contribuinte. Portanto, não consigo entender por que você é contra a reforma da Previdência.  (Luís Artur Nogueira - Isto É Dinheiro)

Ala política de Temer quer jogar reforma para 2018
Apesar dos esforços do Planalto para aprovar uma reforma da Previdência mais enxuta, o governo de Michel Temer vê um ambiente contaminado no Congresso e já admite que a votação pode não ser concluída neste ano.
Os principais articuladores políticos do presidente avaliam, em caráter reservado, que a impopularidade da proposta, a desorganização da base aliada e o prazo apertado até o recesso do fim de ano podem inviabilizar o sucesso de uma das principais bandeiras do ajuste de Temer.
Para esses aliados, a única maneira de reduzir as tensões com os parlamentares que sustentam o governo é antecipar uma reforma ministerial com a contrapartida de que os partidos entreguem os votos para aprovar o projeto.
O cenário pessimista contrasta com os planos desenhados há cerca de três semanas pela equipe econômica, que aceitou reduzir o pacote de mudanças em uma última tentativa de ganhar apoio e aprová-la na Câmara e no Senado até dezembro.
Desde então, o governo não fez nenhuma movimentação concreta para retomar o debate no Congresso. O relator da proposta, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), foi escalado para sondar seus colegas sobre a disposição de encarar o tema, mas os primeiros retornos foram negativos.
Na avaliação de auxiliares, o presidente está longe de ter os votos de 308 deputados, necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição que muda as regras de aposentadoria.
Os mais otimistas projetam que a retomada das articulações e a conquista de apoio serão mais lentas do que o previsto. Portanto, só haveria tempo hábil em 2017 para que a votação fosse concluída na Câmara, deixando o tema pendente no Senado no início de um ano eleitoral.
DESCRENÇA
Outros articuladores acreditam que nem os deputados terão disposição para apreciar o assunto em plenário até dezembro. Parte desses aliados aposta em um esforço até abril de 2018 –antes do início das pré-campanhas–, enquanto alguns já sugerem que a reforma seja abandonada por esse governo.
Esse grupo é o que tem interlocução mais próxima com as bancadas da Câmara, onde estão os principais focos de insatisfação com o Planalto. Para esses assessores, se Temer não fizer uma redistribuição de cargos no governo nas próximas semanas, será impossível retomar as discussões sobre o tema.
Temer deve se reunir com ministros, líderes e os presidentes da Câmara e do Senado na semana que vem para saber se existe um caminho que permita votar uma nova versão da reforma.
O Planalto e a Fazenda concordaram em abrir mão de parte do texto, desde que sejam preservados três pilares: idade mínima (65 anos para homens e 62 para mulheres), o tempo de contribuição de pelo menos 25 anos e uma regra de transição.
O governo admite deixar de fora o aumento da idade para idosos receberem o Benefício de Prestação Continuada, além das exigências para o trabalhador rural se aposentar –60 anos (homens) e 57 anos (mulheres), com 15 de contribuição.
A dificuldade de adesão de aliados a essa proposta desidratada se deve ao impacto negativo que esse tema deve ter nas bases eleitorais. Parlamentares argumentam que já arcaram com o desgaste de apoiar o governo nas denúncias contra Temer e em diversas medidas de austeridade.
O Planalto também enfrenta um entrave prático: só há seis semanas de votação no Congresso antes do início do recesso, em 23 de dezembro.
Até lá, a pauta do governo estará ocupada pela votação do Orçamento de 2018 e de 11 medidas provisórias que vão caducar se não forem aprovadas. Entre elas, estão temas tidos como prioritários, como a mudança de regras no setor mineral, o plano de demissões voluntárias do serviço público e a nova tributação do setor de petróleo.  (BRUNO BOGHOSSIAN e MARINA DIAS - Folhapress)

Reforma, quanto mais tarde, mais dura terá que ser
A reforma da Previdência está pendurada no precipício do desfiladeiro politico desde o estouro do escândalo envolvendo os empresários da JBS e o presidente da República, Michel Temer, em maio passado. Até aquele momento, o governo estava em lua de mel com o Congresso Nacional e tudo indicava que a proposta de mudança do sistema seria aprovada sem dificuldades. O escândalo empurrou a votação e a sua provável aprovação para tempo incerto e imprevisível.
O capital político necessário para reunir votos suficientes foi gasto para livrar Temer das duas denúncias criminais feitas pelo MPF. Ainda assim, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não desiste. Está no papel dele e vem subindo o tom das ameaças sobre o que pode acontecer com o país se a reforma não for aprovada o mais rápido possível. Meirelles tem dois motivos básicos para carregar a mão no discurso: há sim um risco grave se o aumento de despesas com aposentadorias não for contido; seu legado será essencialmente comprometido sem a reforma, já que o teto de gastos públicos cairá por terra.
Quem perde neste conflito irracional, caro e ineficiente é o país. O entendimento sobre a necessidade de reformar o sistema previdenciário no Brasil já deveria estar superado. Senão pelos privilégios de poucos (servidores públicos) em detrimento de milhões de aposentados que ganham um salário mínimo (trabalhadores do setor privado), ao menos pela noção sobre o envelhecimento da população. Hoje, nove pessoas que estão na ativa sustentam um aposentado. Em 25 anos, serão apenas quatro pessoas por inativo, o que implica em duas possibilidades: ou terão que contribuir com muito mais, ou o beneficiado receberá muito menos do necessário para sobreviver.
Mas não, nem a isso chegamos ainda. O ministro da Fazenda, e outros defensores da reforma, ainda gastam voz, saliva e tempo tentando provar que há déficit no sistema, ou seja, que a arrecadação é cada ano menor do que a conta a se pagar. Há cerca de dez dias um relatório preparado por uma CPI da Previdência, desqualificou as contas oficiais e renegou qualquer chance de haver rombo no sistema. A má fé e a ideologia têm tido participação contundente no debate, o que deveria ser motivo de desconfiança, não o contrário. Agora, governo e TCU ficaram com a batata quente na mão e terão quer provar que estão certos, mais uma vez.
Enquanto a novela corre, o drama cresce. O recado que vem dos corredores do Congresso Nacional diz que será impossível aprovar uma mudança mais abrangente do sistema. Mas também ninguém garante que uma proposta enxuta – que contemplaria apenas a mudança na idade mínima e uma regra de transição – poderá ser votada e aprovada até o final do ano. Meirelles disse em entrevista à rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (03), que se passar apenas um pedaço da reforma, o Congresso terá que voltar ao tema em pouco tempo.
O mercado financeiro já “botou preço” nesta fórmula: uma aprovação miúda agora e toda expectativa de mudança mais radical fica para o início de 2019, quando chegar o próximo governo que, além de assumir a bucha da previdência, ser um governo reformista, responsável fiscalmente e disposto a arrumar as contas públicas. Parece muito sonho para uma noite só, ou até para mil e uma noites. De qualquer forma, este roteiro é o que prevalece e por isso não um nervosismo maior nos mercados. O aumento do dólar nas últimas semanas não aconteceu só por nossa causa. Lá fora, a moeda americana está mais forte pela conjuntura da economia dos Estados Unidos.
A realidade é que nós não vamos escapar de uma reforma da Previdência. Se serve de consolo, nenhum país do mundo, ricos ou pobres, enfrentou este debate sem conflitos. O conflito faz parte e é bem-vindo, até para que a discussão se aprofunde. O risco está em negar a realidade, ou distorcê-la por má fé ou desonestidade. O que está em risco são as gerações futuras que terão que arcar com um desequilíbrio caríssimo, sem contar com o total engessamento dos gastos públicos. Se quisermos pagar impostos apenas para manter aposentados, terá que ser uma escolha muito clara.
Quanto mais tarde fizermos esta escolha, mais dura ela terá que ser. O calendário eleitoral vai nos tirar do caminho e impor um período de luta política num ambiente já totalmente contaminado pelos escândalos de corrupção e um vale-tudo pela sobrevivência. Quem disser que sabe como será esta trajetória e que chances há de aprovação, mesmo que seja da proposta desidratada, está conjecturando. Tudo pode acontecer, o que é ainda mais ameaçador do que saber o que poderia dar de errado.  (Thais Herédia - G1)

Meirelles: "Reforma precisa ser completa para não voltar à pauta"
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (3), que a reforma da Previdência é fundamental para a recuperação econômica do Brasil. Ele defendeu o texto aprovado na comissão especial da Câmara, em maio, para que a questão previdenciária não precise “voltar à pauta” do Congresso.
Devido às eleições do ano que vem, parlamentares consideram aprovar apenas medidas pontuais, como o aumento da idade mínima para a aposentadoria e alterações de benefícios no setor público — possibilidade que é rechaçada por Meirelles.
— A reforma da Previdência, em qualquer lugar do mundo, é controversa. Já esperávamos uma discussão dessas, que é legítima e normal. Por outro lado, a proposta original estimava em 10 anos um benefício fiscal, uma economia, de pouco menos de R$ 700 bilhões. Agora, temos é um benefício fiscal de cerca de 75% da proposta original. Estamos defendendo a proposta como foi aprovada pela comissão especial do Congresso. Dito isto, vamos aguardar a decisão do Congresso. Mas sempre tenho alertado que a reforma precisa ser completa e suficiente para que o assunto não volte à pauta nos próximos anos — defendeu.
O Planalto ainda não tem os votos necessários para aprovar a reforma no Congresso – são necessários 308, mas o governo contabiliza, a seu favor, entre 260 e 270. Para ter sucesso na votação, o foco, agora, é negociar com o centrão, bloco formado por 12 partidos pequenos e médios, liderados pelo PP, cujo apoio é obtido mediante acordo.
Questionado sobre o relatório preliminar da CPI da reforma da Previdência no Senado, que chegou a defender que o déficit é inexistente (o texto dizia que "é possível afirmar, com convicção, que inexiste déficit da Previdência Social ou da Seguridade Social"), Meirelles afirmou que o rombo é um fato baseado em números.
— Se levarmos em conta todos os benefícios previdenciários, a Previdência tem um déficit muito elevado. Isso foi mostrado no Congresso e há auditorias internacionais mostrando isso (...) Temos que garantir que a Previdência e o governo federal não quebrem. Quando todos acreditam nisso, a inflação cai, o juro cai, o país volta a crescer, empregos voltam a ser criados, e isso é relevante. Não adianta prometermos miragem, gerarmos insegurança, porque aí o país volta à crise, o desemprego volta – avaliou o ministro da Fazenda.  (RBS)

Ruralistas: Uma farra previdenciária
Fraco, impopular e às voltas com uma erosão em sua base de apoio congressual, Michel Temer tornou-se uma oportunidade que os ruralistas aproveitam ao máximo. Medida provisória editada pelo presidente para parcelar dívidas de produtores rurais foi transformada no Congresso numa farra previdenciária. Nela, os agroparlamentares se autoconcederam o esticamento do prazo, o perdão das multas, a redução da entrada e a eliminação das garantias exigidas pelo governo.
A medida provisória leva o número 793. Contém as regras de um parcelamento das dívidas de produtores rurais com o Funrural, a previdência dos trabalhadores do campo. Parecia apenas mais um privilégio no varejão do fisiologismo, em cujas prateleiras já estão já estão uma portaria escravagista e um anteprojeto de arrendamento de terras indígenas a agricultores. De repente, virou algo muito parecido com um escárnio.
Chama-se Tereza Cristina (PSB-MS) a deputada escolhida para exercer a atribuição de relatora na comissão especial constituída para analisar a MP. Os ruralistas apresentaram emendas reivindicando tudo. E Tereza não hesitou em entregar. A comissão deve se reunir nesta segunda-feira. Se houver quórum, o novo texto será votado. São grandes, muito grandes, enormes as chances de ser aprovado.
Temer brindou o agronegócio com um parcelamento de suas dívidas previdenciárias em 180 meses (pode me chamar de 15 anos). Pelo texto original, os devedores teriam de pagar uma entrada de 4% do total da dívida, diluídos nas quatro primeiras parcelas. O resto seria dividido em 176 meses. Na versão de Tereza Cristina, a entrada cai para apenas 1%.
O texto que veio do Planalto concedia aos devedores que aderissem ao parcelamento um abatimento generoso no valor das multas: 25%. Na proposta que será votada pela Câmara, as multas são 100% perdoadas.
A MP condicionava o parcelamento de dívidas superiores a R$ 15 milhões à apresentação de garantias — cartas de fiança e seguros bancários, por exemplo. No projeto da relatora, esse tipo de exigência sumiu.
Deveriam ser excluídos do programa de parcelamento os devedores que deixassem de pagar três prestações consecutivas ou seis alternadas. Tereza Cristina modificou os termos da MP. Pela sua proposta, o devedor não será importunado se o atraso no pagamento for provocado por uma queda na safra.
Em vigor desde o dia em que foi publicada no Diário Oficial, a medida provisória de Temer fixara o dia 29 de setembro como prazo limite para a adesão ao parcelamento das dívidas do Funrural. A relatora propõe que o prazo seja esticado até 20 de dezembro. A upgrade que guindou o privilégio ao estágio de escárnio beneficiaria retroativamente todos os que já aderiram ao programa.
Costuma-se utilizar como pretexto para a concessão de refinanciamentos de débitos tributários e previdenciários a carga extorsiva de impostos que asfixia a iniciativa privada no Brasil. O argumento não é ruim. O problema é que passaram a coexistir dois guichês no fisco. Num, quem sonega é brindado com sucessivos parcelamentos. Noutro, quem deve paga seus dívidas e faz papel de idiota.  (Folhapress)

Desoneração da folha: Custo foi maior que o benefício esperado
Segundo o ministro da Fazenda, a iniciativa visava aumentar o emprego no País, mas o que se viu foi a destruição de vagas de trabalho
O custo da política de desoneração da folha de pagamento de empresas foi maior para o setor público do que o benefício esperado, disse na terça-feira, 31, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “É por isso que temos um projeto no Congresso Nacional para reverter a desoneração”, disse durante evento no Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo Meirelles, a iniciativa visava aumentar o emprego no País, mas o que se viu na verdade foi a destruição de vagas de trabalho nos últimos anos. Ele destacou, porém, que este será o primeiro ano de retomada no emprego.
O ministro afirmou ainda que o forte crescimento dos subsídios decorreu da expansão dos empréstimos do Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas ele lembrou que o atual governo já mudou essas políticas. Em 2015, a dívida do banco de fomento com o Tesouro chegou a R$ 567,43 bilhões, ou 9,57% do PIB. “É número impressionante, para dizer o mínimo”, disse. “Quando observamos a evolução dos investimentos, o resultado não foi alcançado. Talvez até o contrário.”
Para o ministro da Fazenda, a economia brasileira passa por um forte processo de reversão da situação desfavorável em que se encontrava em maio do ano passado, mês em que se iniciou o atual governo de Michel Temer.
“A Selic atual é de 7,50% e é esperado pelo mercado que ela se mantenha em um dígito até 2020”, disse o ministro, lembrando que a taxa de Risco País, medida pelo Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, de 25 de outubro, está em 173 pontos. Há um ano, disse Meirelles, o risco Pais estava em 328 pontos. “Estamos com trajetória de inflação baixa, juro baixo e retomada do crescimento."   (Idiana Tomazelli, Francisco Carlos de Assis e Lorenna Rodrigues - Agência Estado)

Desoneração da folha é 'uma droga de projeto', diz secretário
De acordo com Fabio Kanczuk, secretário da Fazenda, Bolsa Família é 12 vezes mais eficiente do que a desoneração da cesta básica para reduzir a desigualdade
A política de desoneração da folha de pagamento das empresas acabou sendo "uma droga de projeto" considerando o retorno para a economia, disse na última terça-feira o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk. Ele ainda disse que o Bolsa Família é 12 vezes mais eficiente do que a desoneração da cesta básica para reduzir a desigualdade de renda, uma vez que preços menores em alimentos acabam beneficiando também pessoas mais ricas.
O secretário apresentou métodos de cálculo dos retornos desses projetos e fez estimativas do retorno da política de desoneração da folha com base em dados de uma nota técnica da SPE de 2014. "Um benefício tem que se equilibrar no conceito de arrecadação futura", disse. Pelos resultados, a renúncia de R$ 20,5 bilhões em receitas acabou se revertendo em apenas R$ 3 bilhões em arrecadação. No PIB, o impacto foi de R$ 10 bilhões, ou seja, um multiplicador de 0,5.
"Uma droga de projeto. Não tem muito papo, é ruim", disparou durante evento no Tribunal de Contas da União (TCU) que discute os subsídios. O governo já tenta reverter a desoneração da folha desde a gestão do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, sem muito sucesso.
Neste ano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, enviou uma Medida Provisória (MP) para reonerar a folha de pagamento das empresas, mas o texto expirou antes de ser aprovado. Agora, o governo tenta passar um projeto de lei sobre o tema no Congresso Nacional.
Bolsa Família. No caso da desoneração da cesta básica, o governo estima uma renúncia de R$ 18,6 bilhões em 2016, e a política de fato melhora "um pouco" o índice de Gini, principal medida de desigualdade de renda no País. "Problema é conseguir fazer programa focalizado, que beneficie só o pobre, não o rico. É uma coisa inteligente, mas até certo ponto", disse Kanczuk, explicando que pessoas de maior renda também acaba sendo beneficiado pela medida.
"Bolsa Família é bem melhor que desoneração da cesta básica", emendou o secretário, explicando que o Bolsa é 12 vezes mais eficiente do que a política de desoneração, segundo seus cálculos. Diante desses números sobre a eficiência das políticas, uma proposta típica seria o fim da desoneração da cesta básica e dobrar o Bolsa Família, disse o secretário.
Subsídios.
Kanczuk também afirmou que o governo precisa tornar explícitos os custos e benefícios das políticas de subsídios. "Precisamos tentar tirar emoção do assunto e colocar números, é uma forma de medir as coisas. No fim, lógico que a sociedade vai tomar decisão política por meio do Congresso", disse. "Nosso papel é tornar explícito custos e benefícios. O objetivo é tornar a decisão política cada vez mais informada."
Segundo o secretário, o mais típico que ocorre hoje é ter os custos das políticas de subsídios difusos pela sociedade, que não sabe o que está acontecendo e não se organiza politicamente, e benefícios concentrados em poucos que se organizam politicamente para pressionar pelos benefícios   (Idiana Tomazelli - Agência Estado)

INSS começa a pagar 13º este mês
Segunda parte do abono será liberada a partir do dia 24. Parcela virá com descontos previstos em lei
A Previdência Social começa a pagar a segunda parcela do décimo terceiro de aposentados, pensionistas e segurados do INSS este mês. Os créditos serão liberados a partir do dia 24 de novembro. Os primeiros a receber serão os que ganham até um salário mínimo (R$ 937) e têm inscrição com final 1. No país mais de 29 milhões de pessoas vão ter os valores do 13º juntamente com os benefícios referentes a novembro.
No Estado do Rio, o instituto possui 2,5 milhões de segurados com direito à segunda parte do abono de Natal.
Vale lembrar que esta parcela do 13º virá com os descontos previstos em lei, entre eles o Imposto de Renda na fonte, conforme o valor da aposentadoria ou da pensão do INSS. O crédito dos abonos segue o mesmo calendário dos benefícios mensais. Por isso quem ganha acima de um mínimo começará a receber os valores a partir de 1º de dezembro. Neste caso, o pagamento sai para aposentados e pensionistas com final de inscrição 1 e 6.
O INSS termina de pagar, tanto os benefícios do mês de novembro quanto a segunda parcela do 13º, no dia 7 de dezembro (final zero para quem recebe até um mínimo; e finais 5 e 0, para beneficiários que ganham acima do piso nacional.
Quem tem direito ao 13º
Por lei, tem direito ao décimo terceiro quem, durante o ano, recebeu benefícios como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, auxílio-reclusão ou salário-maternidade. No caso de auxílio-doença e salário-maternidade, o valor do abono natalino anual será proporcional ao período recebido.
A primeira parcela do 13º foi liberada com a folha de agosto deste ano. O decreto autorizando a antecipação saiu no dia 28 de julho no Diário Oficial da União (DOU), depois que aposentados do INSS viveram momentos de incerteza em relação ao pagamento antecipado da primeira parte. No mesmo decreto, o governo federal já determinava o pagamento da segunda parcela na folha de novembro.
Somente no Estado do Rio foram destinados mais de R$ 2,06 bilhões para quitar o abono em agosto. A antecipação representou injeção extra na economia de pelo menos R$ 19,8 bilhões nos meses de agosto e setembro na economia do país.
Consulta ao contracheque
A partir da segunda quinzena deste mês os aposentados podem conferir o 13º. Os valores estarão disponíveis para consulta pela Central 135 ou pelo www.previdencia.gov.br. Quem não tem internet pode ir à uma agência do INSS para verificar o valor.
Para ter acesso ao contracheque, o aposentado deve entrar no site e clicar em Extrato de Pagamento, ir até Emitir Extrato, Extrato Previdenciário e Fazer Login. Deve digitar CPF, senha e código.
Caso não tenha senha, clique à direita para cadastrar uma. É necessário ligar para o 135 e validá-la. Acesse o link novamente. Haverá notificação de "Senha expirada" para criar outra. Após preencher com a senha criada e o CPF, o extrato será exibido. Os bancos também oferecem o serviço nos caixas eletrônicos  (O Dia/Mídia News)

Vamos trocar de aposentadoria
Em nosso país, a maioria dos aposentados continua trabalhando e são obrigados pelo governo a contribuir para o INSS. Isso cria uma poupança complementar que não poderia simplesmente ser tomada pelo Estado.
Muitos segurados entraram na justiça solicitando o recálculo do benefício: a chamada “desaposentadoria”, que agora foi para o espaço após decisão do Supremo Tribunal Federal.
Um erro técnico brutal
O Fator Previdenciário, utilizado na fórmula que calcula a aposentadoria inicial, pressupõe que as contribuições totais durante o período que trabalhamos, ou seja, a poupança previdenciária, será toda distribuída como aposentadoria enquanto vivermos. Uma conta de resultado zero. O tal do equilíbrio financeiro e atuarial que está na Constituição.
Ora, se após a aposentadoria continuamos a trabalhar e somos obrigados pelo governo a continuar a contribuir para o INSS formamos uma poupança complementar que não poderia simplesmente ser tomada pelo Estado.
Uma injustiça social, um erro atuarial e uma apropriação indébita.
Enfim, os capa-pretas do STF entenderam diferente.
Tudo perdido? Não. Surge uma luz no fim do túnel após decisões em primeira instância da Justiça a favor dos segurados.
Existem dois tipos de aposentadoria: a por tempo de contribuição- que deu origem à tese da desaposentadoria- e a por idade.
A por idade exige 65 anos dos homens e 60 das mulheres e 15 anos de contribuição.
Já as aposentadorias por tempo de contribuição, por não exigirem idade mínima, são concedidas, em média, aos 54 anos de idade.
Como o cálculo da aposentadoria inicial leva em conta o tempo e o valor da contribuição e a idade e expectativa de sobrevida na hora da aposentadoria, quem se aposenta com pouca idade e tempo de contribuição é penalizado e quem posterga a aposentadoria melhora o valor.
Agora, vamos imaginar alguém que se aposentou jovem por tempo de contribuição mas continuou a trabalhar e atingiu os 65 anos. Por que não solicitar a troca da aposentadoria por tempo de contribuição pela por idade?
A vantagem? É que o cálculo do valor da por idade é diferente e, em alguns casos, pode dobrar o valor da aposentadoria.
Para pensar. (Renato Follador - Paraná Online)

Mercado de trabalho e benefícios
Mirador

O teste da nova CLT
Em meio a grandes expectativas no setor produtivo e no meio sindical, entra em vigor no próximo sábado (11) a maior reforma já promovida na Consolidação das Leis do Trabalho, que data dos anos 1940.
De um projeto enxuto elaborado pelo Executivo, o texto agigantou-se por iniciativa do Congresso –foram alterados, retirados ou incluídos cerca de cem artigos na CLT, que dispõe de mais de 900. A despeito de sua complexidade, o texto tramitou de modo espantosamente acelerado.
Diante de mudança de tal envergadura em regras arraigadas no país, é natural que haja incertezas e temores acerca de seus efeitos nas relações entre patrões e empregados. Aperfeiçoamentos decerto serão necessários, conforme os impactos se façam sentir.
Ainda assim, não podem restar dúvidas quanto à urgência do redesenho das normas, que hoje, obsoletas, dificultam contratações e demissões, excluem milhões de brasileiros do mercado formal e geram um enorme e caro contencioso na Justiça.
Convém recordar que pouco mais de um terço da população economicamente ativa nacional desfruta de fato das garantias da CLT –são 38,5 milhões de contratados com carteira assinada.
O restante da força de trabalho compreende servidores públicos civis e militares, empregadores, assalariados informais e autônomos, estes no mais das vezes labutando em condições precárias.
O alto custo dos encargos celetistas, a rigidez dos regulamentos e os riscos judiciais dificultam a geração de vagas regidas pela legislação que, em tese, deveria proteger os mais vulneráveis.
As mudanças ora trazidas pela lei 13.467, sancionada em julho, concentram-se em dois objetivos fundamentais: fortalecer as negociações coletivas e permitir contratos mais flexíveis entre as partes.
No primeiro caso, parte-se do princípio de que o acordado entre patrões e funcionários, com a devida mediação sindical, pode se sobrepor aos ditames da lei, desde que preservados direitos básicos como férias, licença maternidade, segurança e outros.
Tal diretriz tende a contribuir, no futuro, para que se reduza a excessiva judicialização no mercado. Dados oficiais contabilizam mais de 4 milhões de novos processos na Justiça do Trabalho somente no ano passado.
Não por acaso, esses tribunais especializados se tornaram uma estrutura desmesurada, que em 2016 consumiu R$ 17 bilhões anuais e empregou mais de 55 mil pessoas, entre magistrados, servidores de carreira e auxiliares.
Favorecer a negociação direta é coisa muito mais simples na teoria que na prática, obviamente. Há muito a ser feito, em particular, para o fortalecimento e a oxigenação dos sindicatos.
Dá-se um passo correto ao eliminar o imposto que sustenta essas entidades –e, ao mesmo tempo, incentiva a proliferação de organizações de fachada ou de representatividade duvidosa. Falta alterar o dispositivo constitucional que só permite um sindicato por categoria e base geográfica, criando reservas de mercado.
Quanto à outra meta principal da reforma, as novas condições de jornada e remuneração, em tese ao menos, facilitam a criação de empregos formais. Nesse sentido, a instituição do trabalho intermitente e de uso mais amplo do banco de horas é positiva.
Decerto há pontos que ainda precisarão ser corrigidos. A tramitação no Senado, aliás, foi acelerada com o compromisso do Executivo de editar uma medida provisória –cogita-se agora um projeto de lei– para tratar de normas controversas, como a atividade de grávidas e lactantes em locais insalubres.
Por outro lado, a promessa de regulamentar uma nova forma de custeio dos sindicatos depois do fim da contribuição obrigatória esbarra em forte resistência de líderes do Congresso.
No cômputo geral, a nova legislação tem propósitos corretos. Se persistem inquietações quanto a eventuais prejuízos aos trabalhadores, que deverão ser evitados, as mudanças não podem ser tratadas como tabu. O quadro de hoje, afinal, é notoriamente ruim.
Afigura-se injustificável, assim, a posição corporativa de juízes do Trabalho que rejeitam de antemão as diretrizes da reforma; o fórum adequado para correções é o Legislativo. Parece provável, ademais, que se questione o Supremo Tribunal Federal quanto à constitucionalidade da lei.
Boa parte das novas regras precisará ser testada na prática. Levará tempo, sem dúvida, até que uma nova jurisprudência se consolide. Mas é preciso começar já.  (Folha de S.Paulo-05.11)

O que muda nas relações trabalhistas
Mas na avaliação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do senador Paulo Paim (PT-RS), a reforma não deve diminuir o desemprego e muito menos melhorar as relações de trabalho.
A partir do próximo sábado, dia 11, entra em vigor a Lei 13.467, que altera mais de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A promessa do Governo Temer é de que a Reforma Trabalhista vai facilitar contratações e, com isso, gerar empregos. Em um cenário com mais de 13 milhões de desempregados, segundo o IBGE, seria animador. Mas na avaliação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do senador Paulo Paim (PT-RS), a reforma não deve diminuir o desemprego e muito menos melhorar as relações de trabalho. "Abriu a chance de contratar autônomos ou microempreendedores individuais, que passam a trabalhar de forma contínua e não eventual, a serviço do contratante, sem a configuração da relação de emprego", adverte João Carlos Teixeira, procurador do MPT.
Para o senador, a nova lei retira direitos constitucionais e fará o brasileiro trabalhar mais e ganhar menos. Fato é que a Reforma Trabalhista ainda provoca dúvidas para os trabalhadores. O DIA destaca nesta edição dez tópicos da reforma que mudam as relações de trabalho. Ao longo da semana, outros pontos relevantes serão abordados.
Vale o que for combinado
"A lei determina que o que for combinado entre patrão e empregado tem força de lei, ou seja, é o que vale", aponta o advogado Gilberto Bento Jr. "Os contratos (inclusive os de trabalho) podem tratar de tudo que não seja contra a lei, e no caso dos contratos de trabalho, não podem ser negociados os direitos essenciais, que são salário mínimo, férias, décimo terceiro salário e FGTS", acrescenta.
Demissão em comum acordo
"A demissão em comum acordo entre empresa e empregado passa a ser legal. Por esse mecanismo, a multa de 40% sobre o saldo do FGTS é reduzida a 20%, e o aviso prévio fica restrito a 15 dias. O trabalhador tem acesso apenas a 80% do saldo da conta do fundo e perde o direito ao seguro-desemprego", explica Bento Jr. Não muda nada se a demissão partir do empregador: a multa de 40% é mantida.
Parcelamento de férias
A empresa, com concordância do empregado, pode conceder férias em até três períodos, desde que um deles tenha pelo menos 14 dias, e os outros dois sejam de mais de cinco dias corridos.
Jornada diária
"O período pode ser ajustado e compensado desde que aconteça no mesmo mês e se respeite limite de dez horas diárias, já previsto na CLT. No entanto, pode ser acordada entre patrão e empregado, com força de lei", informa o advogado. E acrescenta: "A jornada de 12 horas pode negociada, mas tem que respeitar as 36 horas ininterruptas de descanso".
Intervalo intrajornada
"Agora é possível negociar intervalos menores que uma hora de almoço, permitindo que o trabalhador, ao fazer horário de almoço menor, entre mais tarde ou saia mais cedo da empresa", aponta Bento Jr.
Jornada parcial
Novas jornadas parciais e temporárias."A jornada parcial de trabalho pode ser de até 30 horas (antes era de 25 horas), mas não tem possibilidade de horas extras, ou é possível tratar 26 horas com a possibilidade de até 6 horas extras. Nestes casos permanecem direitos como férias, décimo terceiro salário, FGTS, e salário mínimo", explica o especialista.
Jornada intermitente
O objetivo é regulamentar a contratação sem horários fixos de trabalhos - o que já ocorre em alguns setores, como o de bares e restaurantes -, e pagar o trabalhador por hora. "Esse tipo de jornada é flexível e acontece em dias alternados da semana, ou só algumas horas por semana, que tem interrupções. E o trabalhador é convocado com pelo menos cinco dias de antecedência".
Terceirização
"É permitida a terceirização de funcionários da atividade fim da empresa, ou seja, antes só podia terceirizar quem não era atividade fim", conta. "Para segurança do trabalhador existem mecanismos de proteção, que proíbem que o funcionário seja dispensado e logo em seguida terceirizado. A empresa precisa esperar um período de 18 meses para contratá-lo como pessoa jurídica ou terceirizado".
Gestantes e lactantes
"Elas podem trabalhar em atividades de grau médio ou mínimo de insalubridade. A gestante deverá ser afastada quando apresentar atestado de saúde de um médico de sua confiança. Pela regra atual, gestantes e lactantes são proibidas de exercer qualquer atividade insalubre", diz Bento Jr.
Imposto sindical
Deixa de ser obrigatório desconto de um dia de trabalho de cada trabalhador. O governo vai regulamentar um outro modelo de contribuição.
Modificações na lei serão feitas por MP, que deve sair no dia 11
A medida provisória que modificará e corrigirá pontos da Reforma Trabalhista, já sancionada pelo governo, será editada na mesma data em que a nova legislação entrará em vigor, no dia 11 de novembro. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), usou sua conta no Twitter para reiterar a intenção do presidente Michel Temer em alterar e aprimorar pontos da regulamentação trabalhista.
"Aproveito... para reafirmar o compromisso do governo Temer em editar uma Medida Provisória que complementará a legislação trabalhista. A medida será editada no próximo no dia 11 de novembro, quando a nova legislação trabalhista entrará em vigor", escreveu Jucá.
Ele ainda refutou rumores de que o acordo firmado em julho entre governo e senadores, para acelerar a tramitação da pauta, tenha sido quebrado. "Não há, portanto, nenhuma quebra do acordo feito aqui (no Congresso) com senadores e deputados."
Há pressão de parlamentares sobre o governo federal para que sejam revistos alguns pontos da Reforma Trabalhista, entre eles, a definição de uma alternativa à extinta contribuição sindical dos empregados.
Magistrados advertem que pontos não vão 'pegar'
A reforma enfrenta resistência de parte dos juízes do Trabalho, que apontam pontos em conflito com a Constituição ou com acordos firmados internacionalmente. Magistrados e advogados consideram que os primeiros meses das novas regras podem provocar incerteza jurídica e dificultando o planejamento das empresas.
Entre os pontos mais citados estão terceirização, trabalhos intermitente e o insalubre para gestante e lactante, tarifação de dano moral e parte de itens de prevalência do negociado sobre o legislado.
À frente das críticas, está a Associação Nacional dos Magistrados (Anamatra). Para a entidade, muitos trechos correm risco de "não pegar". Aprovada às pressas e com erros técnicos, diz a Anamatra, a reforma criará "caos jurídico", caso seja aplicada com literalidade, como querem os defensores.
"A nova lei resolveu regular o dano extrapatrimonial, especificar que bens podem ser violados e dar margem para dano moral. Mas na lei você não encontra direito à vida, à liberdade, à expressão religiosa. Se esses bens forem violados na relação do trabalho, não vai ter espaço para danos morais?", exemplifica o presidente da associação, Guilherme Feliciano.
Juíza do Trabalho em Belém (PA), Maria de Nazaré Medeiros se mostra inclinada a não adotar parte das mudanças como a atividade intermitente. Apesar de afirmar que juízes só podem aplicar o chamado controle difuso de constitucionalidade - posicionarem-se caso a caso -, vê grandes chances de que esse ponto seja julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. "O trabalho intermitente atenta contra o valor social do trabalho, que está na Constituição", diz.
Parte desses questionamentos pode ser reduzido por meio de Medida Provisória que deve ser editada no próximo dia 11. A MP foi promessa do Planalto para evitar que o Senado alterasse o texto aprovado na Câmara.  (O Dia Online)

Empresas já oferecem trabalho pago por hora
A reforma trabalhista ainda não entrou em vigor, mas já há vagas de trabalho por hora sendo anunciadas por empresas do país.
A nova CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) começará a valer a partir do próximo dia 11 e trará, entre outras novidades, a possibilidade de contratar o trabalhador por hora, no chamado trabalho intermitente.
Há oportunidades que pagam R$ 4,45 a hora.
O grupo Sá Cavalcante, do Espírito Santo, anunciou 70 vagas intermitentes para redes de comida rápida, com jornada de cinco horas aos sábados e domingos, "dias com mais movimento e que precisam de pessoal extra".
Segundo a empresa, 1.100 currículos foram recebidos até segunda-feira.  (Larissa Quintino - Agora S.Paulo)

Gandra: É preciso flexibilizar direitos sociais para haver emprego
Ocupante do mais importante cargo da Justiça do Trabalho, o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, diz que é necessário reduzir direitos para garantir empregos.
"Nunca vou conseguir combater desemprego só aumentando direito."
Gandra afirma ainda não ver problema em trecho polêmico da reforma trabalhista que estabelece indenização por dano moral com valor proporcional ao salário.
"Não é possível dar a uma pessoa que recebia um salário mínimo o mesmo tratamento, no pagamento por dano moral, que dou para quem recebe salário de R$ 50 mil. É como se o fulano tivesse ganhado na loteria."
Para ele, a reforma quebra a rigidez da legislação e dá segurança jurídica às empresas em um ambiente de novas tecnologias.
Folha - A reforma entra em vigor dia 11. Quais as principais mudanças no curto prazo?
Ives Gandra - A espinha dorsal da reforma foi o prestígio à negociação coletiva. É importante porque quebra a rigidez da legislação. Tem a possibilidade de, em crise econômica, trocar um direito por outra vantagem. Por exemplo, um reajuste salarial menor, mas com uma vantagem compensatória: eu garanto por um ano seu emprego ou vou te dar um reajuste do auxílio-alimentação superior à inflação.
O senhor falou em crise. A mesma reforma seria feita em outro contexto?
Modernizar a legislação já era uma necessidade. Você vê novas formas de contratação e novas tecnologias. Não havia normativo. A reforma deu segurança jurídica. Em época de crise, se não estiverem claras as regras, o investidor não investe no Brasil.
Se o juiz não tem regras claras, aplica princípios para conceder direito. Se for somando esses encargos, chega uma hora em que o empregador não tem como assimilar.
O senhor quer dizer que isso colaborou com a crise?
Colaborou. Um pouco da crise veio exatamente do crescimento de encargos trabalhistas. Para você ter uma reforma que o governo manda dez artigos e sai do Congresso com cem alterados, é porque havia demanda reprimida.
A grande alteração do texto na Câmara é apontada como uma demanda do lado das empresas. O sr. concorda?
Sim e não. Por um lado, muitas súmulas ampliaram direitos sem que tivesse uma base legal clara. Volta e meia recebíamos pedidos do setor patronal para rever súmulas. O Congresso reviu e agora temos que fazer revisão das nossas súmulas.
Por um lado, foi a demanda das empresas, insatisfeitas com a ampliação de direitos. Por outro, muitos direitos foram criados pela reforma.
Quais direitos?
Tinha uma súmula do TST que disciplinava a terceirização. Agora, há uma lei. A reforma, para os terceirizados, não precarizou condições.
Com novas regras, ficará mais fácil ser empregador?
Sim. Quando você prestigia a negociação coletiva, em que posso contratar rapidamente e demitir sem tanta burocracia, o empregador que pensaria dez vezes em contratar mais um funcionário contrata dois, três. Isso está sendo feito em toda Europa.
Fica pior ser empregado?
Não. Fica mais fácil. Por exemplo, a regulamentação do trabalho intermitente. A pessoa não teria um emprego se fosse com jornada semanal.
O garçom, por exemplo, vai trabalhar em fim de semana, determinadas horas. Eu te pago a jornada conforme a demanda que eu tiver. Quando eu precisar, eu te aviso. Com o trabalho intermitente, você consegue ajeitar a sua vida do jeito que quer. As novas modalidades permitem compaginar outras prioridades com uma fonte de renda laboral.
A reforma é inconstitucional?
Afronta literal à Constituição não vi nenhuma. Até os pontos que haveria maior discussão, como parametrizar os danos morais... Precisamos de um parâmetro.
A nova lei coloca o salário como parâmetro.
O que se tem discutido: pode ser o salário? Não faria uma mesma ofensa, dependendo do salário, ter tratamento desigual? Ora, o que você ganha mostra sua condição social.
Não é possível dar a uma pessoa que recebia um mínimo o mesmo tratamento, no pagamento por dano moral, que dou para quem recebe salário de R$ 50 mil. É como se o fulano tivesse ganhado na loteria.
É justo que duas pessoas que sofreram o mesmo dano recebam indenizações diferentes?
Isso serve de parâmetro. O juiz é que vai estabelecer a dosagem. Se a ofensa é a mesma, a tendência será, para o trabalhador que ganha muito, jogar o mínimo, e o que ganha pouco, jogar para o máximo. Você mais ou menos equaliza.
Sem parâmetro, há uma margem de discricionariedade que você pode jogar um valor que, se trabalhasse a vida inteira naquele trabalho, não ganharia o que está ganhando porque fizeram uma brincadeira de mau gosto contigo. Às vezes, é por uma brincadeira de mau gosto que se aplica a indenização por dano moral.
Por que a reforma gerou tantas reações negativas?
Para muitos juízes, procuradores, advogados, negociação só existe para aumentar direito do trabalhador. Esquecem que a Constituição diz que é possível reduzir salário e jornada por negociação coletiva. Se você passa 50 anos crescendo salário e direito, termina ganhando R$ 50 mil por jornada de cinco horas. Não há empresa ou país que suporte.
O governo anterior editou uma medida principalmente para o setor automotivo, criando o programa de proteção ao emprego. Os dois pilares eram reduzir jornada e salário para evitar o desemprego. Posso querer dar direitos aos funcionários, mas tenho que competir no mercado.
O sr. falou de outros países...
A reforma na Espanha também foi contestada do ponto de vista constitucional. O começo da sentença diz: nossa Constituição tem valores que são colocados como centrais e, às vezes, podem conflitar. Queremos garantir direito trabalhista e, ao mesmo tempo, pleno emprego.
Esses dois valores, em determinados momentos, e é o momento que a Espanha estava atravessando, de 25% de desemprego... Se eu não admitir que isso aqui [direitos] não pode crescer, nunca vou atingir o pleno emprego.
Nunca vou conseguir combater desemprego só aumentando direito. Vou ter que admitir que, para garantia de emprego, tenho que reduzir um pouquinho, flexibilizar um pouquinho os direitos sociais.
É o que está ocorrendo aqui?
É o que está acontecendo.
A Justiça do Trabalho é muito benéfica para o trabalhador?
Não é privilégio da Justiça do Trabalho. Há um ativismo geral. Desde o Supremo. Quando você amplia direito com base em princípios, alguém tem que pagar a conta.
Qual será o impacto da reforma para os magistrados?
Simplificar processo e racionalizar a prestação jurisdicional. Vamos julgar só causas mais relevantes. O advogado do empregado terá de pensar muito antes de entrar com ação, o do empregador terá de pensar muito antes de recorrer.
A reforma vai diminuir a demanda no Judiciário?
Hoje o trabalhador pode acionar e depois se descobrir que ele já tinha recebido e simplesmente dizer: tudo bem, não vai receber nada porque já recebeu? Ué, fica elas por elas? Está fazendo com que o empregador contrate advogado, o juiz gaste tempo para julgar.
Por outro lado, temos o acordo extrajudicial, que pode ser homologado na Justiça. Isso pode aumentar [demanda] no primeiro momento. Uma vai compensar a outra.
O pagamento das custas (que passam a ser do trabalhador em caso de perda parcial ou integral de ação) pode valer para quem entrou na Justiça antes da reforma?
As normas legais se aplicam imediatamente a todos os contratos. Os processos antigos são regidos pela lei anterior.
O fim do imposto sindical obrigatório é boa medida?
Ótima. Foi um milagre ter acontecido. Haverá um sindicalismo muito mais realista, não monopólio. Hoje, quem está aí ganhando imposto obrigatório não precisa fazer maior esforço  (LAÍS ALEGRETTI - Folhapress)

Mercado e Economia Nacional

CM Corp

Vai um PGBL aí?
Todo ano a cena se repete. O PGBL será a bola da vez nos próximos meses, até que o ano acabe. Quem quiser aproveitar o benefício fiscal do produto deverá fazer um aporte, se ainda não o fez, para reduzir o montante de Imposto de Renda a pagar em 2018.
Embora o argumento esteja correto, a oportunidade não é para todos, somente para aqueles que atendam a um conjunto de exigências. É sempre bom recordar para não comprar gato por lebre.
Quem se beneficia? Entre março e abril de 2018, faremos a declaração de ajuste anual dos rendimentos auferidos em 2017. Se o montante das suas despesas dedutíveis, realizadas ao longo de 2017, foi superior a 20% da sua renda tributável, você utilizará o modelo completo da declaração do Imposto de Renda.
A opção por esse formulário é a primeira chave que dá acesso ao benefício fiscal. O aporte de dinheiro feito a planos de previdência PGBL será descontado do montante de renda tributável, base de cálculo do Imposto de Renda devido em 2018. Será menor o valor do IR a pagar ou maior a restituição.
Tem limite? Sim, o limite é 12% da renda tributável, como é o caso da renda proveniente de trabalho assalariado e da renda de aluguéis. Outros rendimentos, como os isentos e os de tributação exclusiva na fonte, não entram nessa conta. Se você ganhou R$ 100 mil em 2017, mas somente R$ 60 mil são renda tributável, poderá descontar R$ 7.200 (12% de R$ 60 mil), e não R$ 12 mil (12% de R$ 100 mil).
Dedução ou diferimento? A Receita Federal é boazinha, mas nem tanto. O Imposto de Renda devido sobre os R$ 7.200, descontado na declaração de 2018, será pago quando o PGBL for resgatado ou transformado em renda. Portanto, se trata de um diferimento fiscal, ou seja, você adia o pagamento do imposto para uma data futura.
No saque, muita gente leva um susto ao descobrir que o Imposto de Renda é calculado sobre o valor total do resgate, capital inicial mais os rendimentos acumulados.
Diferimento é isso, chegou a hora de pagar o imposto que você diferiu anos atrás. Se dedução fosse, como as despesas médicas, por exemplo, o Imposto de Renda incidiria somente sobre os rendimentos.
Qual o imposto devido no resgate? Depende do regime de tributação que você escolheu no momento da adesão ao plano. Se você optou pelo regime tributável que adota a tabela progressiva de alíquotas (de zero a 27,5%), a fonte pagadora (seguradora administradora do plano) fará uma retenção de 15% a título de antecipação do imposto devido.
Na declaração de ajuste anual, o valor de resgate será adicionado aos rendimentos tributáveis do exercício e o IR pago na fonte será compensado, podendo gerar restituição ou pagamento adicional de imposto, de acordo com a renda total tributável.
Se a opção for pelo regime de tributação exclusiva na fonte que adota a tabela regressiva de alíquotas (de 35% a 10%), o imposto devido será calculado e retido pela fonte pagadora com base no prazo decorrido entre a data do depósito e a data do resgate. O benefício fiscal se amplia se for possível aguardar dez anos para resgatar. Você terá deixado de pagar 27,5% sobre o montante diferido e pagará imposto de 10%, dez anos depois.
Você é contribuinte do INSS? Essa é outra chave necessária para ter acesso ao benefício. Quem não contribui para o INSS ou outro sistema de Previdência Social não tem direito ao benefício fiscal.
Presente da avó ou tio. Os planos de previdência podem ser utilizados para presentear filhos, netos, sobrinhos e afilhados. Entretanto, o benefício fiscal de planos adquiridos em nome dos menores só pode ser utilizado se o menor for dependente legal da pessoa que fez a aplicação no PGBL. Se a criança é dependente do pai, a avó que presenteia o neto, por exemplo, não poderá se beneficiar desse diferimento fiscal.
Quanto custa? Os planos de previdência cobram taxa de administração, percentual ao ano que incide sobre o montante depositado, e, muitas vezes, taxa de carregamento, percentual que incide uma única vez no momento do depósito. Verifique se o custo é compatível com outras formas de acumulação de dinheiro. Caso contrário, o dinheiro que iria para a Receita Federal acaba indo para a seguradora. O benefício fiscal é seu e com você deve ficar. (Márcia Dessen - Folhapress)

BB Seguridade e americano Principal - Parceria
A BB Seguridade, braço que concentra as operações de seguros do Banco do Brasil, está em tratativas avançadas para selar uma parceria com o americano Principal Financial Group. O foco do negócio é explorar a venda digital de alguns tipos de seguro, que ainda engatinha no Brasil. A empresa nasceria com a venda de planos de previdência privada nos canais online e mobile. Na mira da corretora digital estão, principalmente, os clientes fora do universo do BB e que hoje não são captados pela seguradora. A nova operação já teria, inclusive, um nome: Ciclic. O negócio deve ser tocado por Rafael Swierczynski, que comandou a operação da australiana QBE Seguros no Brasil. Recentemente, ele deixou a sociedade que detinha com o ex-BTG Pactual André Gregori, na fintech Thinkseg, que teria sido o trampolim para assumir a corretora digital da BB Seguridade. O anúncio da nova empresa é esperado para breve, possivelmente na semana que vem, após a divulgação de resultados da BB Seguridade.
Desde lá. A relação da BB Seguridade com o Principal está na Brasilprev, empresa de previdência privada da qual são sócios. O interesse do americano em ampliar essa parceria, porém, não é de hoje. O grupo ingressou no Brasil em 1999 ao adquirir 42,01% das ações da Brasilprev. Logo em seguida, ampliou sua participação acionária para 46,01%. Procuradas, as empresas mencionadas não comentaram.  (Agência Estado)

BB Seguridade: Lucro sobe 20,7% no 3º trimestre
A BB Seguridades Participações registrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais no terceiro trimestre, alta de 20,7 por cento ante igual período do ano passado, devido principalmente ao aumento das receitas de investimentos em participações societárias, disse a empresa nesta segunda-feira.
O lucro líquido ajustado, que excluiu os efeitos da oferta inicial de ações do IRB Brasil-Resseguros, foi de 1 bilhão de reais.
A BB seguridade, que reúne as participações do Banco do Brasil em seguros e previdência, informou ainda que no período o retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio foi de 46,4 por cento, queda de 2,5 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2016.    (Raquel Stenzel - DCI)

Governo mostrou que não está imobilizado
Mesmo com todo o desgaste e as concessões que foram feitas a políticos para barrar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, o governo mostrou que não está imobilizado. Contrariando teses e avaliações sobre a fragilidade política em que se encontra, Temer baixou duas medidas provisórias, na semana passada, que terão grande repercussão no ajuste das contas públicas do próximo ano. Até mesmo o instrumento que escolheu - MP e não projeto de lei - surpreendeu analistas, principalmente depois do desentendimento entre o chefe da Nação e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado carioca chegou a dizer que não votaria mais medidas provisórias, enquanto a tramitação das MPs não fosse regulamentada. Havia também uma preocupação na área econômica com o desdobramento desta questão, pois o uso de projetos de lei e não de MPs para as medidas do ajuste fiscal atrasaria o ingresso dos recursos nos cofres do Tesouro e a redução de despesas, o que tornaria ainda mais difícil a situação das contas públicas em 2018. Com a medida provisória 805, Temer oficializou o que tinha sido anunciado pela equipe econômica ainda em meados de agosto. Adiou para 2019 o reajuste salarial de 23 categorias de servidores do Executivo, que estava inicialmente previsto para janeiro do próximo ano; elevou de 11% para 14% a alíquota de contribuição previdenciária sobre a remuneração dos funcionários ativos e inativos dos três Poderes da União que ultrapassar o teto do INSS (R$ 5.531,31); e reduziu os benefícios concedidos aos servidores por meio do auxílio moradia e ajuda de custo. Em defesa da elevação da alíquota previdenciária, o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, informa, na exposição de motivos da MP, que o déficit atuarial do regime próprio de previdência social da União (RPPS-União) "apresenta déficit crescente, demandando a adoção de medidas imediatas para a contenção deste crescimento". De 2013 para 2016, o déficit aumentou de R$ 1,11 trilhão para R$ 1,36 trilhão. Esta é a razão para a elevação da alíquota previdenciária. Com a medida, o governo espera arrecadar R$ 2,2 bilhões no próximo ano, enquanto o adiamento do reajuste dos servidores permitirá uma economia de R$ 4,4 bilhões. O atraso na edição das MPs reduziu, é bom que se diga, a receita que será obtida. A elevação da alíquota previdenciária está submetida ao regime da noventena, ou seja, só terá validade 90 dias após a edição da MP. Ela, portanto, entrará em vigor em fevereiro. Se a medida provisória tivesse saído antes, a norma passaria a vigorar já em janeiro. O atraso decorreu do receio de que a adoção de medidas impopulares dificultaria a rejeição da segunda denúncia contra Temer. O fato, no entanto, é que o governo não está imobilizado. Além de ajustar as receitas e as despesas com os servidores, Temer editou outra medida provisória que aumentou a arrecadação federal por meio da tributação dos rendimentos acumulados pelas carteiras de fundos de investimento constituídos sob a forma de condomínio fechado. A receita estimada com a MP 806 é de R$ 6 bilhões em 2018. O governo fez o que tinha anunciado, embora com atraso, garantindo o ajuste das contas em 2018, que ainda apresentarão déficit primário considerável, de R$ 159 bilhões. É difícil acreditar que o Congresso não aprovará as duas medidas provisórias, embora seja adequado ficar atento ao lobby que certamente será feito junto aos deputados e senadores pelas categorias mais organizadas dos servidores. No caso da elevação da alíquota previdenciária, o governo Temer está apenas adotando uma medida já incorporada na legislação de vários Estados. Ao governo Temer, cabe insistir na retomada da votação da proposta de reforma da Previdência Social, aprovada na comissão especial da Câmara dos Deputados que analisou o assunto. Se a reforma for aprovada agora, o próximo presidente da República, quem quer que seja ele, não passará pelo desgaste de ter que encaminhar o assunto. Talvez não haja mais tempo para que a reforma seja aprovada em ambas as Casas do Congresso Nacional ainda neste ano. Mas se o governo conseguir aprová-la na Câmara terá dado um passo gigantesco para o equacionamento do problema.  (Valor Online)

Cinismo resignado
A semana foi curta, porém suficiente para sintetizar o que será o ano e pouco que resta ao governo Temer. Por um lado, anunciou-se a procrastinação da retomada da agenda reformista. De outro, acumularam-se respostas protocolares, mas rápidas, a novas acusações contra o presidente. Em um e outro caso, tudo o que o governo tem a oferecer são desculpas prontas. Quanto às reformas, alega-se que paralisia decorre da resistência dos parlamentares a medidas impopulares em ano eleitoral. No outro front, novas revelações serão tratadas como foram as de Lúcio Funaro, como mais uma tentativa vil de desestabilizar um governo comprometido até o último fio de cabelo com as reformas. A contradição entre a prática e o discurso é evidente. Passada a ameaça maior, o governo sequer demonstrou disposição para retomar a iniciativa legislativa. Com o presidente confinado a repouso pós-operatório, o Planalto não emitiu sinais de que se disporia a arregaçar as mangas e tratar das reformas em nome das quais justificou sua permanência no poder. Por enquanto, o núcleo duro do Planalto manteve silêncio sepulcral sobre a retomada da tal "agenda positiva". As escassas referências à reforma da Previdência vieram da boca do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aparentemente o único membro do Executivo que ainda acalenta a ambição de permanecer no Planalto depois de 2018. Meirelles sabe bem que suas pretensões eleitorais dependem da capacidade de entregar as 'reformas' que o guindaram à condição de salvador da pátria. Ciente das limitações e dificuldades impostas pelos responsáveis diretos por seu emprego, o ministro deixou escapar que se contentaria com um prêmio de consolação, a vice-presidência. Preço a pagar pelos equívocos de Temer é incomensurável O fato é que além de Meirelles, nenhum outro membro do governo veio a público reafirmar em alto e bom som o compromisso do governo com as 'reformas'. Em defesa do governo, pode-se argumentar que é cedo para a cobrança. O imediato pós-crise, assim como o pós-operatório do presidente Michel Temer, exigiria um período de convalescência, de repouso. E a tropa precisa ser remontada e treinada a cada batalha. Leva tempo para que a base se prepare para novo embate. O governo, contudo, nem ensaiou fazê-lo, declarando que o ambiente político, ditado pelo calendário eleitoral, conspiraria contra a retomada da reforma da Previdência. A desculpa é conveniente. O governo simplesmente coloca na conta do Congresso a culpa por sua inoperância e falta de compromisso político com o que declara ser sua missão. A disposição deste governo, o governo comandado por Eliseu Padilha desde a Casa Civil, para tocar 'reformas modernizantes' é zero. As reformas que este governo persegue são as que constam da portaria que dificulta a fiscalização das condições de trabalho. As tais 'reformas modernizantes' são invocadas com veemência apenas nos momentos críticos de defesa do presidente e são esquecidas tão logo servem a este propósito. Uma coisa é constatar que a reforma da Previdência tem chances escassas de ser aprovada. Não há dúvidas que reformas deste tipo são sempre difíceis de aprovar e que muitos congressistas preferem empurrar a questão com a barriga, receosos dos custos eleitorais imediatos embutidos. Porém, coisa radicalmente diversa é resignar-se diante da constatação. Se este governo fosse tão comprometido com as reformas como alega, seria de se esperar que colocasse contra a parede os que querem obstruir a retomada do crescimento econômico do país. Aliás, se votar medidas impopulares fosse em si um obstáculo intransponível, o governo não teria obtido os votos que o livraram da denúncia de Janot. A existência de contingente que apenas garantiu o quórum, mas não deu seu voto em favor do relatório de Bonifácio Andrada, mostra que sustentar Temer é mais custoso que apoiar a agenda política que o colocou no cargo. Se mobilizada, a base do governo conta com os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência. A questão é saber se o governo fará esforços reais neste sentido. Tudo indica que as energias do Planalto continuarão concentradas na luta pela sobrevivência. Menções a "negócios escusos" envolvendo o trio Temer-Padilha-Moreira continuarão a pipocar. Lúcio Funaro é a 'bomba da vez', mas há outras que pedem cuidados e causam temores na trinca encastelada no Planalto. O pior, sem dúvida alguma, passou. Temer e seu grupo podem dar como certo que garantiram seus cargos, que ficam no Planalto até dezembro de 2018. Mas o custo a pagar para preservar seus postos é enorme. E não só eles. Pagam todos. Tome-se como exemplo a mais recente denúncia contra o presidente. Lúcio Funaro afirmou ter certeza de que o presidente Michel Temer recebeu "ao menos R$ 2 milhões em propina do grupo Bertin ". Disse mais: que as provas estão na agenda do empresário em mãos da polícia. A notícia sequer repercutiu. Nenhum órgão de imprensa lhe deu maior espaço. Ao que se saiba, ninguém se indignou, nem correu para apurar quais seriam as tais informações da agenda mencionada pelo delator. Temer nem precisou sair de seu resguardo pós-operatório. Em lugar de negar os fatos, recorreu a uma nota de sua assessoria recorrendo à já habitual estratégia de desqualificar quem o acusa. Afirmar que a denúncia de não merece crédito, pois Funaro não passaria de um "delator que já mentiu outras vezes à Justiça", foi suficiente para que imprensa esquecesse o caso e as panelas permanecessem no armário. Não que alguém acredite na palavra do presidente. Não é preciso que uma criança grite que o rei está nu. Todos o sabem. Mais: todos sabem que todos sabem. Pior ainda: é conhecimento comum que o espetáculo constrangedor se estenderá por mais um ano. O preço a pagar pelos equívocos acumulados é incomensurável. A desmoralização é completa. Aos cidadãos, resta apenas o refúgio do cinismo resignado.  (Fernando Limongi - Valor Online)

Produção industrial: Alta menor que a esperada
Setor registrou um crescimento de 0,2% em setembro na comparação com agosto, mas analistas reforçam que cenário continua sendo de recuperação
Após a decepção de agosto, a indústria brasileira apresentou ligeira melhora em setembro. A produção avançou 0,2% ante o mês anterior, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta quarta-feira, 1, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento ficou aquém das expectativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, mas confirmou que o cenário é de recuperação, embora bastante lenta e gradual. A indústria encerrou o terceiro trimestre com um avanço de 0,9%, o que deve contribuir positivamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do período.
“O setor industrial ainda não tem uma trajetória de recuperação consolidada. Esse movimento de eliminação de todas as perdas da indústria em 2014 (-3,0%), 2015 (-8,3%) e 2016 (-6,4%) ainda está se dando de forma bem lenta”, apontou André Macedo, gerente na Coordenação de Indústria do IBGE.
“Ao contrário do que gostaríamos de ver, o desempenho da indústria foi se reduzindo ao longo do ano, muito embora não deva ser ignorado o fato de ter permanecido em terreno positivo. Isso é sinal de que a recuperação do setor custa a reduzir sua fragilidade”, corroborou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em nota.
Segundo André Macedo, a incerteza gerada pela crise política afeta as decisões de investimentos e de consumo, prejudicando também o resultado da indústria. Alguns fatores conjunturais, porém, estão significativamente melhores do que no passado recente, com geração de postos de trabalho ainda que na informalidade, redução dos juros, aumento das exportações e estoques industriais mais baixos. A recuperação mais vigorosa da indústria ainda dependeria de um mercado doméstico mais consolidado.
Vetor.
A Tendências Consultoria Integrada acredita que a recuperação da demanda doméstica, mesmo que de forma progressiva, já é um vetor importante para a trajetória de expansão da produção industrial em 2017 e assim permanecerá em 2018.
“Com relação aos próximos resultados, o ritmo de moderada expansão da atividade do setor (industrial) deve se sustentar, perspectiva subsidiada pela ampliação de vagas na indústria, estoques em níveis normais e pelo ciclo de elevação da confiança industrial”, enumerou Thiago Xavier, analista da Tendências.
A produção industrial cresceu em apenas oito dos 24 ramos pesquisados na passagem de agosto para setembro. Mesmo concentrada, a alta foi suficiente para tirar a produção do vermelho, por ter ocorrido em setores importantes, como derivados do petróleo e biocombustíveis (6,7%), produtos alimentícios (4,1%), indústrias extrativas (1,0%) e veículos automotores (1,0%).
Em relação a setembro de 2016, porém, a indústria avançou 2,6%, o melhor desempenho para o mês desde 2013. A taxa acumulada em 12 meses subiu 0,4%, o primeiro resultado positivo após 39 trimestres seguidos de perdas  (Daniela Amorim - Agência Estado)

‘O ambiente de negócios é muito ruim’
Economista diz que o Brasil é ineficiente em todos os setores e tem apenas ilhas de produtividade, como o agronegócio
Entrevista com o economista Armando Castelar
Na avaliação do economista do Ibre/FGV, ainda que o Brasil se destaque na produção de commodities, é ineficiente em todos os setores e teria, na verdade, “ilhas” de produtividade, com poucos empresários e produtores que ficam acima da média.
Para resolver essa equação, o economista sugere a melhora do ambiente de negócios para que as pequenas empresas consigam crescer. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.
Em que setores o Brasil tem potencial de ser mais produtivo?
O Brasil é deficiente em todos os setores. Ele tem ilhas de produtividade em diferentes setores, como na área da agropecuária. Para resolver isso, é questão de baixar o custo de capital, reduzir a insegurança jurídica, melhorar a tributação, abrir a economia e deixar as empresas florescerem.
A impressão é que boa parte das pequenas empresas não consegue crescer e outra boa parte não quer crescer...
É verdade. Mas também é verdade que muitos pequenos empresários são ex-empregados que não conseguem outra ocupação. Precisamos criar oportunidades para que mais pessoas trabalhem em empresas grandes ou criar oportunidade para que elas fundem pequenas empresas que consigam crescer. A Apple começou numa garagem. O Facebook começou em um dormitório. Isso passa por fazer a reforma da Previdência e, com isso, reduzir o crescimento do gasto público. O juro para o empresário é alto porque tem uma política expansionista, o gasto cresce muito mais que o Produto Interno Bruto. O custo de capital é isso.
As empresas estão certas ao atribuir a baixa produtividade ao ambiente de negócios?
As empresas brasileiras estão certas ao reclamar que o ambiente de negócios do País é muito ruim, com alta tributação, insegurança jurídica. O problema é que não há uma pressão para melhorar o ambiente de negócios. O Brasil precisa ir abrindo a economia.
A política dos campeões nacionais não era uma tentativa de aumentar a produtividade e a competitividade de empresas?
Sim, era a ideia de que precisa ter empresas competitivas no exterior, mas era o contrário. O governo tentou fazer com que essas empresas fossem competir fora do País, mas algumas nunca saíram daqui e outras eram dependentes do subsídio. A política era equivocada. O que interessa em uma empresa como a Apple é que ela produz equipamentos de qualidade. A política dos campeões nacionais nunca teve um objetivo claro, mas a base era a capacidade da empresa competir, à base de subsídio.  (Douglas Gavras - Agência Estado)

Balança comercial registra novo recorde
Saldo entre exportações e importações bateu em US$ 58,5 bilhões no ano, o maior resultado da série para o período
Com a demanda externa aquecida e os preços internacionais favorecendo produtos brasileiros, as vendas ao exterior superaram as importações em US$ 5,2 bilhões em outubro, o melhor resultado para o mês da série histórica, que tem início em 1989.
Em outubro, as exportações somaram US$ 18,9 bilhões, alta de 31,1% ante outubro de 2016 e o maior crescimento mensal do ano.
Com isso, o valor que o País vendeu ao exterior de janeiro até o mês passado (US$ 183,4 bilhões) praticamente igualou o montante exportado em todo o ano de 2016 (US$ 185,2 bilhões).
O valor alcançado em 2017 já supera em US$ 30 bilhões as exportações do mesmo período do ano passado. “Isso foi motivado pela safra recorde de grãos e pelas vendas de minério de ferro e petróleo, entre outros produtos”, afirmou o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Herlon Brandão, destacando o aumento nas vendas de minério de ferro e petróleo bruto e de carne de frango in natura e milho.
As importações também registraram alta, de 14,5%, somando US$ 13,676 bilhões. Houve crescimento nas compras de bens de capital em outubro pelo terceiro mês consecutivo (18,7%), o que não acontecia desde 2013. “Isso está em consonância com o crescimento da produtividade industrial, é um sinalizador de melhora da economia e da atividade econômica”, completou Brandão.
No ano, a balança está no azul em US$ 58,5 bilhões, também o maior resultado da série para o período. Na semana passada, o governo aumentou a previsão oficial para o superávit do ano de US$ 60 bilhões para de US$ 65 bilhões a US$ 70 bilhões.
Para o economista-chefe da Lopes Filho & Associados, Julio Hegedus Netto, a alta verificada nas exportações e importações indica que a economia engatou um maior ritmo de dinamismo. “Vemos uma economia que está retomando, não um fato isolado ou algum negócio pontual que está distorcendo o resultado. Está ocorrendo um aumento de intensidade em toda a corrente comercial”, afirmou o economista.
Para 2018, os economistas projetam um saldo menor do que neste ano. De acordo com a economista do Credit Suisse, Iana Ferrão, isso reflete o maior crescimento da economia, que deve elevar as importações, a queda da safra agrícola e a redução esperada nos preços de alguns produtos, como minério de ferro.
Minério. Enquanto o Congresso discute taxar exportações de minérios para cobrir perdas de Estados com a desoneração de ICMS, como noticiou ontem o Estadão/Broadcast, Brandão, ressaltou que o Brasil não tem tradição de taxar produtos exportados. Ele disse desconhecer a discussão em curso no Legislativo.
A proposta incluída no relatório do projeto que regulamenta os repasses da chamada Lei Kandir, apresentado terça-feira pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) na comissão mista criada para discutir o tema, é taxar as exportações de minério brasileiras em até 30%. O relatório deverá ser votado na próxima semana.  (Lorenna Rodrigues - Agência Estado)

Nova versão do Orçamento deve ser aprovada
Ministro da Fazenda disse que o adiamento do reajuste salarial de servidores e o aumento da alíquota previdenciária dos funcionários públicos são importantes para o governo cumprir a meta fiscal de 2018, que é de déficit de R$ 159 bi
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou na quarta-feira, 1, que as medidas orçamentárias apresentadas pela equipe econômica na semana passada para tentar reequilibrar as contas do Orçamento de 2018 não trazem prejuízo eleitoral e que deverão ser aprovadas pelo Congresso Nacional.
Em entrevista à rádio CBN, Meirelles disse que as medidas são importantes para cumprir o orçamento do ano que vem e também para patrocinar a continuidade do crescimento econômico do Brasil. "O efeito das medidas é positivo e acredito que teremos apoio do Congresso", disse o ministro.
O pacote de medidas provisórias apresentadas representam uma economia de R$ 40 bilhões para os cofres da União. Entre elas, está a previsão de aumentar a contribuição previdenciária de parte dos servidores federais de 11% para 14%, além de adiar reajustes salariais dos funcionários públicos. As propostas são consideradas impopulares pelos parlamentares, preocupados já com as eleições de 2018.
Meirelles disse que não há plano B no Orçamento de 2018 caso as medidas não sejam aprovadas no Congresso. Segundo ele, não vai haver aumento de impostos para a população em geral, mas somente "algo específico" para os fundos fechados exclusivos. "Não era correto que investidores desses fundos tivessem tributação diferenciada. Além de aumentar arrecadação, estamos fazendo justiça tributária", avaliou.
O ministro ainda afirmou que o contingenciamento do Orçamento é sempre uma possibilidade. "Se for necessário, terá corte. O orçamento de 2018 será cumprido." Meirelles acrescentou que um corte no orçamento "não é a solução mais adequada".
Previdência. A mesma facilidade antevista por Meirelles na aprovação das medidas no Congresso não acontece com a PEC da Previdência, na avaliação de Meirelles. "Reforma da previdência é outra história e vai exigir um debate maior", afirmou o ministro.
Meirelles voltou a enfatizar que a aprovação da reforma agora interessa a todos que pretendem disputar uma vaga nas Eleições de 2018. "Aprovar reforma da Previdência em 2017 é o ideal porque 2018 é ano eleitoral", disse. "Ano eleitoral não é tão favorável para reformas profundas", acrescentou. "Acredito que reforma da Previdência pode ser aprovada neste ano", disse Meirelles.
O ministro disse concordar com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que recentemente criticou o alto volume de medidas provisórias (MP) enviadas pelo governo ao Congresso. "Maia tem razão. Todos concordam com ele. O presidente Michel Temer concorda também."
Segundo Meirelles, o ideal seria que as propostas tramitassem como projeto de lei, mas Meirelles ponderou que, quando há urgência, a MP é adequada, pois vigora de imediato. Ele citou, como exemplo de medidas de urgência, propostas do âmbito tributário, que têm noventena para vigorar.   (Thaís Barcellos e Karla Spotorno - Agência Estado)

O peso do Estado nas estratégias de recuperação
O papel do Estado na economia e o modelo de política pública mais indicado para a retomada do crescimento receberam avaliações distintas dos especialista que participaram do debate “E agora, Brasil?”. O economista da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda defendeu políticas de apoio à competitividade e à inovação na indústria. Arminio Fraga, por outro lado, defendeu uma reforma total do Estado, que deve dedicar suas atenções aos seus papéis tradicionais, como saúde e educação.
— O Brasil precisa ter um estado que seja capaz de cumprir com suas obrigações maiores, tradicionais; que tenha uma vida financeira equilibrada, com juro normal, que hoje é a principal distorção que temos e deve ser objeto de tratamento profundo, além de um ajuste fiscal grande. O Brasil precisa de uma profunda reforma do estado. Disse isso há dez anos: o Brasil precisa reestatizar seu estado — comentou Arminio.
Para o ex-presidente do Banco Central, o grande problema das políticas de estímulo econômico é a falta de critério, transparência e avaliação para concessão ou acesso:
— Não sou contra. Defendo a participação do estado na pesquisa básica, em muitas instâncias da infraestrutura, mesmo que isso exija subsídios. Mas com critérios e transparência.
Indústria 4.0
Para Lacerda, falta uma estratégia de política econômica que vá além da macroeconomia. Sem isso, argumenta, o Brasil não conseguirá lidar com o desafio que hoje afeta a economia global: o impacto da tecnologia na geração de emprego.
— O Brasil levou dez anos para conseguir diminuir seu desemprego à metade. Se retrocedermos a 2002 e 2003, a taxa (de desemprego) estava em 12%. Em 2014, ela caiu a menos de 5%, mas retomou esse nível de 12%, 13% em três anos. O desafio agora é não só o crescimento gerar emprego, com todas as restrições que há, mas diante das mudanças em curso, que tendem a gerar menos vagas. É a revolução industrial, a indústria 4.0, o enxugamento geral que ocorrerá em vários setores, ter que gerar emprego e renda com um contingente de 13 milhões de pessoas desocupadas, chegando a 20 milhões se considerarmos o emprego precário.
Segundo Lacerda, o Estado pode atuar com os incentivos corretos:
— Política industrial é fundamental. A maior parte dos países desenvolvidos e os recentemente industrializados, como Índia, China e Coreia do Sul, se utilizou de políticas de competitividade que contemplam inovação, financiamento e fixação de tarifas inteligentes.
Lacerda defende que é preciso separar as políticas que deram certo das ineficazes para não cair no equívoco de jogar fora “o bebê com a água suja do banho”:
— Não é porque o governo anterior cometeu equívocos que você anula o instrumento. Hoje, está ausente da agenda do governo uma política de competitividade.
Arminio disse que, nos últimos anos, as políticas adotadas pelo país nessa área não foram bem-sucedidas.
— No âmbito das políticas setoriais, temos muito a aprender. Nosso histórico é bem ruim. Tivemos uma fase boa de crescimento até os anos 1970, mas que depois não foi além. E, mais recentemente, voltou-se a questionar a nova matriz econômica (política de incentivos à economia implementada por Dilma Rousseff ). Era um período de política industrial mal desenhada, com subsídios distribuídos sem critério econômico e social. Hoje, o governo está falido.
Para Arminio, essa matriz virou um pesadelo, e o país precisa “cair na real”:
— Isso deu totalmente errado. As intenções foram boas, mas foi um show de horror, inclusive com características distributivas terríveis. O Brasil está hoje nesse estado pré-falimentar. Essa política não deu certo, não conseguiu trazer o Brasil ao seu desenvolvimento.
Bolsa-empresário
A colunista do GLOBO Míriam Leitão aproveitou o comentário do Arminio para evidenciar as visões díspares do ex-presidente do BC e do professor da PUC-SP.
— O que você quer dizer então, Arminio, é que não havia bebê na bacia. Só água suja — afirmou a jornalista, em referência à frase de Lacerda sobre “jogar fora o bebê com a água suja do banho”.
Arminio acrescentou que a falta de transparência nos subsídios fiscais implícitos nas políticas de apoio do BNDES à indústria dificulta o debate político sobre o tema:
— É difícil a pessoa entender que, porque se financiou uma empresa de carne com taxas subsidiadas, isso colocou pressão na vida de um cidadão na outra ponta que não tem um serviço de saúde tão bom. Mas é isso que acontece. Então, isso tem que mudar.
O ex-presidente do BC destacou ainda o caráter de concentração de riqueza presente na atuação do BNDES:
— As pessoas se esquecem que essa Bolsa empresário, inclusive do ponto de vista distributivo, é extremamente regressiva. Claramente não é uma política de esquerda. Ela tem um custo. Por outro lado, ela absorve um pedaço da poupança, e deixa quem está fora pagando juros mais altos.  (G1)

O risco de estouro da bolha
Os altos preços atuais dos ativos brasileiros (ações, títulos, taxa de câmbio real/dólar, etc.) estão sendo determinados mais pelas condições favoráveis da economia mundial do que por nossos méritos. Nossa economia está combalida, saindo lentamente de uma das maiores recessões de sua história, com um buraco fiscal crescente que põe a relação dívida pública/PIB em trajetória insustentável. Vivemos uma crise política grave, que ninguém sabe como terminará.
Já se fala, sem cerimônias, na possibilidade de intervenção militar e há completa indefinição sobre as próximas eleições. Bem, apesar de tudo isso, a Bolsa de Valores ultrapassou os 74 mil pontos, a taxa de câmbio encontra-se a R$ 3,27/dólar (28% de valorização em relação ao pico de R$ 4,19/dólar, registrado em setembro de 2015) e a taxa real de juro prevista para o ano que vem é inferior a 4%. Como isso é possível?
A resposta é simples. As taxas de juros internacionais atingem mínimas históricas, o preço dos ativos no mundo está na estratosfera e os investidores, cada vez mais confiantes de que o mercado seguirá nessa toada, como mostram os índices que medem as incertezas do mercado, tal qual o VIX (Índice de Volatilidade, conhecido como “indicador do medo”), extraído do mercado de opções. VIX muito baixo mostra que os agentes de mercado atribuem baixíssima probabilidade de correção de preços e ficam mais propensos a correr riscos em busca de rentabilidade. E não são só as ações que estão bem valorizadas. Títulos de crédito de alto risco, imóveis e ativos de países emergentes, também registram recordes históricos de preços. É essa busca por rentabilidade que explica a alta demanda externa por nossos ativos, valorizando-os.
O Nobel e professor de Yale Robert Schiller desenvolveu um indicador para avaliar se os preços das principais ações do mercado dos EUA (S&P 500) caracterizam ou não uma bolha. Trata-se da relação entre o atual preço das ações e a média dos lucros das empresas verificados nos últimos dez anos, trazidos a dólar constante do último ano. É conhecido pela sigla Cape (Cyclically adjusted price-to-earnings).
Do final do século 19 até 1995, o Cape oscilou um pouco abaixo de 15. Neste longo período de mais de cem anos, o indicador exibiu comportamento regular e de certa forma previsível, daí a grande fama que alcançou entre analistas. De fato, o índice passou 90% de sua longa vida variando entre 7,5 e 22,5 até meados dos anos 90. Assim, até há pouco tempo, era procedente considerar o limite inferior como indicativo de bolsa “barata” e o limite superior como indicativo de bolsa “cara”. Atualmente, o Cape está acima de 30, o 3.º mais alto da história, praticamente idêntico ao registrado às vésperas da Grande Depressão de 1929.
Contudo, prever o comportamento do preço das ações não é tão simples assim. Pode-se dizer que o Cape em geral acertou na classificação da bolsa como “cara” ou “barata”, mas foi muito impreciso para prever quando ocorreria a correção. Por exemplo, em 1995, depois de mais de dez anos de crescimento das cotações, o Cape indicava alto risco de derrocada dos preços. Muitos venderam e comemoraram seus elevados “lucros”. Ledo engano. A bolsa dos EUA continuou subindo por mais quatro anos (acumulou incríveis 130% de valorização adicional) e o colapso aconteceu só no ano 2000, quando se deu o estouro da bolha das empresas de tecnologia.
A coincidência do Cape nas alturas com excesso de confiança de agentes econômicos (VIX muito baixo), que os leva a serem imprudentes na avaliação de risco dos ativos, a sobra de poupança global em relação à demanda de recursos para investimento e mais de uma década de forte injeção de moeda na economia pelos principais bancos centrais do mundo em resposta à crise de 2007/2008 tornam a situação atual preocupante e imprevisível.
Xô, bolha. Só faltava isso para agravar ainda mais nossos problemas  (Claudio Adilson Gonçalez - Agência Estado)

Ilan: O Brasil já errou demais
Flamenguista roxo – sua última experiência no estádio não foi boa, pois viu o Flamengo ser derrotado pelo São Paulo –, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não baixa a guarda. Ele garante que a instituição está pronta para agir, caso as turbulências políticas, advindas das eleições de 2018, coloquem em risco o controle da inflação e a estabilidade da economia. “Nosso papel no BC será o de manter o sistema mais estável e calmo possível”, avisa.
Para o presidente do BC, mesmo com a atividade econômica reagindo, ainda não se pode dizer que houve um descolamento total da economia em relação à política. “Na medida em que se consegue avançar na economia, dar confiança e tranquilidade, a atividade pode ter seu próprio ritmo. Mas nunca há um descolamento perfeito”, afirma. Na visão de Ilan, a economia realmente está se recuperando, mas há um longo caminho a ser percorrido.
Ele diz que, mantidas as atuais condições, os juros podem cair para 7% em dezembro, como prevê o mercado, e dá um recado aos consumidores neste Natal, que, acredita, será bem melhor: “Comprem apenas o que cabe no bolso”. Ressalta ainda que o Brasil já cometeu erros demais e não pode se negar a reformar a Previdência Social sob o argumento de que não há deficit no sistema. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio.
A longa crise política e a imprevisibilidade das eleições atrapalham o processo de recuperação da economia?
Eu, como cidadão, poderia responder de forma mais direta. Como presidente do Banco Central, tenho mantido um esforço relevante de nos manter fora da política, de uma forma técnica, sem entrar nessas questões. Acho que isso ajudou a economia a continuar se recuperando, apesar de as políticas andarem com alguma volatilidade.
Teremos um 2018 agitado?
Nosso papel no BC será o de manter o sistema mais estável e calmo possível.
Existe um debate muito grande sobre o descolamento da economia em relação à política. Isso, de fato, ocorreu?
É uma questão de grau. Não há um descolamento perfeito e não precisa ter uma relação de um para um. Na medida em que se consegue avançar na economia, dar confiança e tranquilidade, a atividade pode ter seu próprio ritmo.
A economia vai ditar os rumos das eleições?
Não sei. O que podemos fazer é tentar melhorar a economia dentro do que for possível.
A situação fiscal do país ainda é muito preocupante. Até que ponto os problemas fiscais atrapalham os planos do BC em relação aos juros?
O que temos dito é que existem duas fases. A primeira é derrubar a inflação e, como consequência disso, os juros caírem. A segunda é conseguir manter a inflação e os juros baixos. São questões sequenciais. Para poder garantir a sustentabilidade desse processo, são importantes o ajuste fiscal e as reformas, entre elas, a da Previdência. Se você, de fato, colocar as contas públicas em ordem — e não falo só deste ano mas, sim, ao longo do tempo — teremos uma taxa de juros estrutural menor. Se a taxa estrutural de juros não cair, a questão será temporal. Nesse sentido, as reformas colocadas são importantes para a política monetária.
Na prática, sem reformas, não teremos juros baixos de maneira sustentável?
Quanto mais a gente perseverar, nas reformas e nos ajustes que ainda não vieram, melhor. Isso não significa que as outras reformas que foram feitas não ajudaram a reduzir os juros estruturais no país. Tivemos reformas creditícias, a TLP (Taxa de Longo Prazo), o teto de gastos, a reforma trabalhista. Várias questões podem ter ajudado a mexer nos juros estruturais. Não se pode dizer que, sem as reformas que estão faltando, nada acontecerá. Mas, para o ajuste fiscal, é preciso uma reforma da Previdência.
A reforma sairá ainda este ano?
Essa não é a minha área de expertise, mas a gente gostaria que fosse tentado. Aí tem que ver um pouco como está o clima político.
Nunca uma gestão do BC esteve tão próxima do Congresso Nacional. Por que a decisão de ter uma diretoria mais próxima do Legislativo?
A agenda do BC virou uma agenda pública. Você entra no site e vê toda a agenda BC+. Tudo que a gente mandou (para o Congresso) está lá. E algumas coisas que vamos mandar também estão lá. Da mesma forma que temos transparência com o público, tem também em relação às reformas que a gente faz. É importante que os diretores estejam disponíveis para esclarecer dúvidas. Não é obrigado que todo parlamentar tenha 10 anos de experiência sobre o BC. Nem todo o parlamentar entende o que são algumas das mudanças.
“As reformas colocadas, como a da Previdência, são importantes para a política monetária. De uma certa forma, significa juros menores por mais tempo”
No Brasil e em outros países emergentes, as pessoas costumam achar que a bonança é para sempre e que as crises são temporárias. Isso não pode atrapalhar as reformas?
Acho que a recuperação está vindo, é gradual. Mas a estrada ainda é longa. Foram dois anos de recessão, uma queda acumulada de quase 8% (do Produto Interno Bruto, PIB), aumento do desemprego, que começa a cair. Se você olhar, a quantidade de empregos criados este ano chegou a 1 milhão. Esse número não é pequeno, mas, perto do que aconteceu na recessão, a sensação ainda não é das melhores. Ainda temos 13 milhões de desempregados. A gente tem de perseverar no caminho.
O Congresso e a sociedade estão atentas a isso?
Eu quero crer que sim. A minha visão é de que houve muitas mudanças neste ano, mesmo legislativas. Mudanças na área de petróleo e gás. Na área de mineração, estão sendo discutidos vários temas, inclusive a privatização. A reforma trabalhista, que não é simples, já que há diferenças de opinião importantes, inclusive nos próprios tribunais. Teve a discussão do ensino médio. No nosso mundo, tivemos a discussão da TLP, que não foi unânime, sempre com dois lados. Hoje, temos o projeto do cadastro positivo já aprovado no Senado. Vários debates estão ocorrendo e nenhum deles é unanimidade.
O governo está no caminho certo? Vemos que o ajuste fiscal ainda é um problema. Inclusive já se discute a possibilidade de o Tesouro descumprir a regra de ouro e emitir dívida para pagar despesas correntes.
O ajuste está acontecendo. Mas por que está batendo na regra de ouro? Por que foram anos de deficit primário. E como se resolve isso de uma forma perene? Quando o deficit vai a zero ou se tem superavit. Aí se resolve o problema de forma permanente. O ajuste está sendo feito.
A retomada do crescimento trará uma nova dinâmica para a questão fiscal com a alta da arrecadação? O crescimento resolve ou ameniza o problema fiscal?
Não resolve. O país precisa das reformas e de mais ajustes. Mas acho que há uma parte cíclica. A arrecadação começará a recuperar à medida que a economia voltar a crescer. Na dinâmica da dívida pública, não só a arrecadação subindo ajuda, mas também o fato de se ter uma taxa de juros estrutural menor. Então tem uma parte que a gente consegue fazer, que é cíclica, e outra, que é estrutural.
Em relação à dívida pública, há risco de que o governo dê calote, uma vez que a trajetória é preocupante? Em 2018, a dívida deve passar de 80% do PIB. O endividamento do governo está sob controle?
Nos últimos tempos, dado o caminho que a gente está perseverando, acho que esse risco (de calote) não está colocado. Mas é preciso continuar nessa trajetória que estamos. Eu ficaria mais preocupado se ainda estivéssemos andando para o lado contrário, com alguns dos excessos. Excesso de gastos, por exemplo.
“Acho que a recuperação está vindo, é gradual. Mas a estrada ainda é longa. Foram dois anos de recessão, uma queda acumula de quase 8% (do PIB), aumento do desemprego”
Quando o senhor diz que o caminho é longo para a recuperação da economia, existe alguma expectativa de quando veremos uma melhora efetiva?
Quando eu digo que é longo é porque o Brasil pode crescer muito mais do que as projeções que estamos vendo. A expectativa dos analistas é de queo país crescerá 2,5% no ano que vem. Eu acho que está bom. Mas creio que o Brasil pode crescer muito mais do que isso.
A retomada do crescimento vem sendo puxada pelo consumo. Mas falta outro pilar, que é o crédito. Por que os bancos continuam restritivos na oferta, mesmo com a queda da inadimplência?
A razão principal é que essa recessão é diferente e veio com desalavancagem (redução das dívidas por famílias e empresas). Quando há uma recessão com desalavancagem, significa que houve excessos antes. As empresas e as famílias chegaram à recessão endividadas. Então, há uma demora para normalização. As dívidas não são pagas de uma hora para outra. Isso ocorre na medida em que há renda. Você não gasta e, sim, paga. Enquanto só está se pagando dívidas, a economia não se recupera. Mas, recentemente, com relação às famílias, tivemos uma mudança nesse quadro. O processo de desalavancagem andou mais rápido. O crédito para pessoa física está positivo há cinco meses. Por coincidência ou não, o consumo anda junto. Sob o nosso ponto de vista, tivemos a queda da inflação. Isso ajudou bastante. As empresas, entretanto, ainda não acabaram esse processo. Temos boas chances de isso ocorrer em pouco tempo. O crédito na pessoa física já cumpre o seu papel e, na pessoa jurídica, ainda não chegou lá.
A recuperação do investimento vai demorar muito?
Acho que o investimento é o próximo passo. Uma recuperação não pode estar baseada só no consumo. Precisa do consumo para começar a vender. Quando vende, a indústria começa a utilizar a capacidade ociosa. Uma vez que a capacidade ociosa diminui, vem o investimento.
Mas o investimento está abaixo até da poupança. Quando voltará a ser uma coisa razoável?
Tem um lado cíclico. Quando você utiliza a capacidade (produtiva disponível), você tem vontade de ampliar essa capacidade. Do contrário, não há incentivo para investir. Outras questões são estruturais e dependem de esforço de infraestrutura. Tem que dar frutos para investimentos. Um esforço são as privatizações. Quando (um ativo) muda de mãos, dá um novo ar e vem investimento.
Uma vez que o consumo está crescendo antes, pode haver, mais à frente, uma pressão de demanda?
A nossa visão é de que, dada a capacidade ociosa (das empresas), ainda temos um bom espaço para a recuperação (sem pressão inflacionária), ainda mais porque a recuperação é gradual. Isso é uma questão que vai se colocar no futuro, mas não em um futuro próximo. A gente acha que ainda há capacidade ociosa e uma recuperação gradual. Um problema de demanda que vem mais para frente.
Do ponto de vista do investimento, o ex-presidente do BC Armínio Fraga afirmou que o investimento só voltará após as eleições de 2018. Como o senhor avalia isso?
Eu diria que o investimento depende da capacidade ociosa, do esforço de infraestrutura, das privatizações, mas também do grau de confiança que você tem. A confiança tem subido, mas existem incertezas que permanecem. E, quanto menor for incerteza e maior for a confiança, mais o investimento se confirmará. Algumas incertezas vão ficar.
Que erros o Brasil não pode repetir?
Um é achar que não tem deficit onde tem deficit. É o caso da Previdência. Se a gente começa a dizer que não tem deficit, é o primeiro passo para ter muito deficit e ter, depois, que corrigir. Também temos que tratar bancos públicos e bancos privados da mesma forma. Muitos perguntam por que o governo não usa os bancos públicos para resolver determinados problemas. Isso ficou no passado. Congelamento de preços é outro ponto. Algumas pessoas perguntam por que a gasolina subiu tanto. Subiu porque o preço estava congelado.
“Acho que já cometemos vários excessos no passado. Essa recessão, que foi profunda, não seria possível só por inércia. Alguns erros foram cometidos”
A vontade de cometer os mesmo erros é grande por parte de algumas pessoas?
Parece que há algo intuitivo e que atrai para esse tipo de solução. Outro erro que a gente não cometeu, mas que é sempre lembrado, é usar reservas internacionais para cobrir o deficit fiscal. A minha resposta é que, infelizmente, a gente não acumulou essas reservas com sobras, como em outros países que possuem fundo soberano. A gente acumulou emitindo dívida. Se gastar as reservas, só vai sobrar dívida. O Brasil já errou demais.
O Natal será melhor?
Acho que será um Natal melhor. A economia está se recuperando. Mas, de novo, é um processo gradual, a dona Maria não pode achar que mudou tudo. O brasileiro precisa perceber que as coisas estão melhorando, não de uma hora para outra. Temos feito algumas campanhas e uma delas é falar para as pessoas que têm cartão de crédito que faz uma enorme diferença se elas pagam o mínimo da fatura. Quando o cidadão paga pelo menos o mínimo, os juros são a metade daqueles que não pagam nem o mínimo. A campanha diz para as pessoas gastarem o que têm no bolso. Não é para deixar de comprar, mas, sim, comprar o que cabe no bolso.
A última ata do Copom não trouxe a expressão “encerramento gradual do ciclo” de baixa dos juros e deixou claro que o BC deve “manter liberdade de ação e adiar qualquer sinalização sobre as decisões futuras de política monetária”, indicando uma disposição do BC em estender o corte de juros para 2018. Esse foi o recado que o BC quis transmitir?
Nossa tentativa, em termos da comunicação, é ser o mais transparente possível. A sua pergunta é em relação ao ano que vem. Você não fez a pergunta em relação ao próximo Copom. Por quê? Porque você acha que a mensagem é clara e estamos tentando ser o mais transparentes possível. Não significa que a decisão está tomada no próximo Copom. Apenas dizemos que, se tudo ocorrer de acordo com o que projetamos, tomaremos aquela decisão. Mas, se houver uma grande mudança, mudaremos também. Temos menos clareza para frente porque, dada as projeções de inflação, estamos caminhando em direção à meta (de 4,5%) quando olhamos para 2018 e 2019. A extensão do ciclo não é os juros estarem em 14% ou 13%. Estão em 7,5%. Dada a extensão do ciclo e dadas às projeções, é uma questão de olhar para frente e tomar uma decisão mais fina.
Há um simbolismo em levar os juros para abaixo de 7% até dezembro?
A gente vai decidir em relação a coisas palpáveis, que são projeções de inflação e riscos. Temos dito é que há risco para os dois lados. Um risco é que a inflação, em vez de ir em direção a 4,5% ou a 4,3%, fique mais baixa. Por que ela ficaria baixa? Tivemos um choque de alimentos, que não voltou. Na verdade, já está começando a voltar. A inflação baixa é um problema bom para ter. O outro risco é para o lado oposto. Se tivermos um choque externo e pararmos de fazer os ajustes e as reformas? O ambiente ficará mais incerto, com alta dos prêmios de riscos e das projeções (de inflação).
Chegaremos ao ponto de ter a autonomia do BC em lei?
Eu acho que sim. Há entendimentos diferentes entre parte do Congresso e o nosso quanto aos benefícios e aos custos de uma reforma dessas. Nós achamos que a autonomia em lei do BC trará muitos benefícios e pouco custo. Não é como a reforma da Previdência, que altera regras para a concessão de benefícios.
Isso reduziria a taxa estrutural de juros?
Sim.
Quanto?
É difícil saber. Seria fácil colocar um número, mas não temos certeza. Sabemos a direção. Quanto, a gente não tem certeza. Mas, às vezes, a discussão política pode ter um custo maior do que aprovar uma autonomia.
Dizia-se que, no processo de recuperação, o emprego seria a última variável a reagir. E estamos vendo a recuperação do emprego junto com a economia. O que mudou?
Não se esperava isso. No ciclo tradicional, você começa a vender, aí a produção aumenta. E só depois que se produz mais é que se começa a voltar a contratar. A gente esperava o processo de contratação para o fim do ciclo, com recuperação gradual, volta da produção e, depois, a contratação. Veio mais cedo do que se imaginava. Talvez esteja associada ao ganho do poder de compra, que se recuperou mais rápido, e da queda do endividamento (das famílias). Mas o que estou falando é especulação.
“Teremos um Natal melhor. Mas as pessoas só devem gastar o que tem no bolso. Não é para deixar de comprar, mas, sim, comprar o que cabe no bolso”
Isso é uma mudança estrutural do mercado de trabalho?
Acho que não. É uma questão de timing. O que deveria ocorrer daqui a seis meses ocorreu agora.
O BC tem feito o seu trabalho, mas as taxas praticadas pelos bancos, embora em queda, ainda são muito altas. Quando isso mudará de forma estrutural?
Aqui também tem questões cíclicas e estruturais. Se olharmos a taxa Selic de setembro de 2016 em relação a setembro de 2017, houve queda de seis pontos percentuais. Se olharmos a taxa média de juros, a baixa foi de 10 pontos. Então, os juros estão se mexendo. Claro que não é uma coisa automática. Depende do grau de segurança, da inadimplência e de outras questões estarem mais estáveis.
Mas o processo tem sido bem lento. Consumidores e empresas reclamam dos bancos.
Há questões, em parte, estruturais. Questões que levam a taxa Selic a ser maior (do que poderia ser). Primeiro, sabemos que todas as linhas (de crédito) que têm uma garantia apresentam taxa de juros melhor que as que não têm garantia. E a diferença é muito maior no Brasil do que no resto do mundo. O crédito consignado é um exemplo. Mas não só ele. O imobiliário, com alienação fiduciária. Gostaríamos que todas as linhas de crédito tivessem custos menores. Mas temos que reforçar as garantias. Tivemos um projeto que permitia que os registros das garantias fossem eletrônicos, sem precisar apresentar um papel. Isso facilita as pessoas a perceberem o que tem garantia ou não. No registro eletrônico, todo mundo consegue ver (as garantias). Outra é a TLP. Metade do crédito no Brasil é subsidiado e a outra metade não é. Isso é uma anomalia do Brasil. No resto do mundo não existe isso.
É a pior situação no mundo?
É. Não quer dizer que não existam subsídios. Os Estados Unidos dão subsídio para quem compra uma casa. Deduz do imposto de renda todos os juros que foram pagos. É um subsídio, mas não via o empréstimo. Tenho usado o conceito mais amplo, a ideia da meia-entrada. Se a gente quer ter meia-entrada para metade do sistema, está claro que alguém tem que pagar. Uma das meias-entradas, a gente lidou com a criação da TLP. A nossa percepção é de que isso vai diminuir o custo do investimento. Outra questão estrutural é a informação, que tem um valor para quem tem e é enorme para quem não tem. No mercado de crédito, saber para quem está emprestando é um valor muito grande, ainda mais em um país como o Brasil, em que você recupera muito pouco. Se você emprestar e ocorrer inadimplência, no resto do mundo, você recupera 70%. No Brasil, só 10%. O projeto do cadastro positivo é algo que permite que todo mundo tenha acesso à informação. Ele não funcionou (no Brasil), porque não tivemos um cadastro completo. Meio cadastro não funciona.
A diferença do atual projeto para o cadastro positivo em relação ao anterior é que o cidadão terá que dizer que não quer participar?
Exatamente. O Brasil é cheio de atritos e dificuldades. Todos estarão no cadastro. Se, por acaso, alguém não quiser participar, pedirá para sair. No outro, você tinha que correr atrás de todo mundo para entrar. Outra diferença é no nível de informações. Milhões de pessoas não tomam crédito. Então, como você sabe? Você olha se o cidadão pagou a conta de luz, de gás, de água e de esgoto. E ainda conhece o bom pagador. Essas mudanças democratizam a informação. Um grande banco tem uma base de dados. Um grande varejista, também. Quando se tem um cadastro público, democratiza-se a informação. Esse conceito de democratização não é muito claro. Por isso, não há unanimidade. Dizem que haverá problema de sigilo. Não haverá. Você não vai abrir os dados da pessoa.
Mas tudo isso justifica esses spreads altíssimos que os bancos brasileiros praticam?
Não sei se justifica ou não, mas eu sei que vou trabalhar, inclusive na competição.
O que será feito?
Tem que empoderar quem pode para competir. E quem pode competir? Pequenos e médios bancos. Baixamos, recentemente, uma segmentação do mercado. De S1 a S5. S1 são os cinco maiores bancos. O S5 são as cooperativas (de crédito). No meio, fica aquela indefinição. Por que é importante onde você fica? Porque vamos colocar um custo maior regulatório e de capital. Se exigirmos menos custo para os pequenos e médios, estaremos empoderando essas instituições para competirem. O segundo ponto que ajuda na competição são as inovações tecnológicas. São outra forma de pensar. São as fintechs, empresas de tecnologia no mercado financeiro. Um cartão de crédito diferente ou um empréstimo em que uma pessoa empresta a outra por meio de uma plataforma eletrônica.
A concentração bancária e no mercado de crédito no Brasil são maiores do que em outros países?
Não. A concentração do Brasil, na média, é igual à mundial. Onde há uma concentração menor é nos Estados Unidos e na Inglaterra. Na França, na Alemanha, na Espanha e em Portugal, todos têm quatro ou cinco bancos com concentração até maior que no Brasil. Mas não significa que vamos deixar de olhar o tempo todo para a competição.
No caso das inovações, há preocupações em relação a moedas digitais?
Tem que diferenciar as fintechs do bitcoin. Não é a mesma coisa.
Mas será inevitável o mundo lidar com a proliferação dessas moedas.
As fintechs têm uma utilidade e um valor. Tem uma que empresta de forma digital, outra que é um cartão completamente eletrônico. Qual o papel do bitcoin? Ele tem basicamente dois papéis hoje. Um é uma forma de encobertar dinheiro ilícito. Segundo, às vezes não é só ilícito. Tem gente que compra aquilo para valorizar. Aí é uma bolha, e não é algo que o Banco Central quer. Temos alertado, acompanhado os discursos. Não é qualquer inovação que é boa.
Há uma pressão vinda dos Estados Unidos com a escolha do novo presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano. Trump escolheu Jerome Powell.
O mercado acha que Powell não mudará muito a trajetória dos juros nos EUA. As decisões do Fed mexem com todos os ativos, e também os brasileiros.
O Fed não possui metas explícitas e, sim, metas implícitas, sobretudo relacionadas a desemprego. O BC deveria olhar mais para as questões relacionadas ao emprego?
A diferença do regime de metas para inflação no Brasil para os demais países e o Fed é muito mais de percepção do que de realidade. No fim das contas, todo mundo trabalha igual. O Fed tem uma meta de 2% (de inflação), quase como se tivesse (um sistema de) meta de inflação. Se (o índice de preços) estiver abaixo da meta, vai estimular a economia. Pense no Brasil agora. Temos dito, explicitamente, que a política monetária é estimulativa, com juros abaixo do que seria estrutural. Quando você está abaixo da sua meta de inflação, você pode ser estimulativo, não só para a volta da inflação, mas para ajudar na recuperação da economia. São coisas muito parecidas. Se o Fed estiver com a inflação acima da meta, não vai olhar o emprego. Vai olhar o emprego na decisão sobre qual é a velocidade de volta (da inflação para a meta). A gente faz a mesma coisa. Tivemos inflação de 11% em 2015, de 6,13% em 2016. Não voltamos para 4,5% em um pulo. Não é impossível, mas precisa calibrar os juros de tal maneira, tão forte, que leve a inflação para 4,5%. Mas você leva em conta a atividade e a velocidade da volta. No fim das contas, essa discussão de que o Fed tem mandato de inflação e emprego é só uma questão de nomenclatura. No nosso caso, temos mais receio, porque não temos autonomia em lei e, sim, de fato.
Bom padrão de vida e mais segurança
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, está na sua segunda passagem por Brasília. A primeira foi na segunda metade dos anos 1990, quando comandou a diretoria de Política Monetária da instituição. Nesse período, foi peça central para que o país consolidasse o tripé da estabilidade econômica: metas de inflação, câmbio flutuante e superavit nas contas públicas.
“Eu gosto de Brasília. Acho que o padrão de vida aqui é bom. Vejo as pessoas voltando para casa para almoçar. Já tem mais trânsito do que na minha primeira passagem. Mas as pessoas vivem em um ambiente menos inseguro do que em outras capitais. Me parece que o padrão de vida é melhor”, diz.
Discreto, Ilan acha que não é reconhecido nas ruas. Na Esplanada dos Ministérios e no mercado financeiro, porém, é visto como o goleiro da economia. Em mais de um ano no comando do BC, avalia como positivo os resultados alcançados até agora pelo país.
“Foi um período em que conseguimos alguns resultados. A inflação caiu, ajudamos na recuperação. E também atuamos no ataque, não só na defesa. Aprovamos algumas reformas. Não tem porque reclamar. Foram vários avanços, mas com muito trabalho”, resume.  (ANA DUBEUX, ANTONIO TEMÓTEO, PAULO SILVA PINTO e VICENTE NUNES - Correio Web)

Brasil precisa de estabilidade para PIB voltar a crescer
Papel do Banco Central é manter o sistema econômico mais estável
Flamenguista roxo – sua última experiência no estádio não foi boa, pois viu o Flamengo ser derrotado pelo São Paulo –, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não baixa a guarda. Ele garante que a instituição está pronta para agir caso as turbulências políticas, advindas das eleições de 2018, coloquem em risco o controle da inflação e a estabilidade da economia. “Nosso papel no BC será o de manter o sistema o mais estável e calmo possível”, avisa.
Para o presidente do BC, mesmo com a atividade econômica reagindo ainda não se pode dizer que houve um descolamento total da economia em relação à política. “À medida que se consegue avançar na economia, dar confiança e tranquilidade, a atividade pode ter seu próprio ritmo. Mas nunca há um descolamento perfeito”, afirma.
Na visão de Ilan, a economia realmente está se recuperando, mas há um longo caminho a ser percorrido.
Ele diz que, mantidas as atuais condições, os juros podem cair até 7% em dezembro, como prevê o mercado, e dá um recado aos consumidores neste Natal, que, acredita, será bem melhor: “Comprem apenas o que cabe no bolso”. Ressalta ainda que o Brasil já cometeu erros demais e não pode se negar a reformar a Previdência Social sob o argumento de que não há déficit no sistema. Veja os principais pontos de sua entrevista ao Estado de Minas.Continua depois da publicidade
• Eleições 2018
Como cidadão, poderia me posicionar de forma mais direta. Como presidente do Banco Central, tenho mantido um esforço relevante de nos manter fora da política, de uma forma técnica, sem entrar nessas questões. Acho que isso ajudou a economia a continuar se recuperando, apesar de as políticas andarem com alguma volatilidade. Esse nosso esforço institucional de não se manifestar sobre candidato A ou B eu gostaria de continuar. Nosso papel no BC será o de manter o sistema mais estável e calmo possível. Não há um descolamento perfeito e não precisa ter uma relação de um para um. À medida que se consegue avançar na economia, dar confiança e tranquilidade, a atividade pode ter seu próprio ritmo. Mas nunca há um descolamento perfeito da política.
• Reformas
O que temos dito é que existem duas fases. A primeira é derrubar a inflação e, como consequência disso, os juros caírem. A segunda é conseguir manter a inflação e os juros baixos. São questões sequenciais. Para poder garantir a sustentabilidade desse processo são importantes o ajuste fiscal e as reformas, entre elas a da Previdência. Todas elas compõem o processo necessário para colocar as contas públicas em ordem. Se você, de fato, colocar as contas públicas em ordem – e não falo só deste ano e, sim, ao longo do tempo – teremos uma taxa de juros estrutural menor. E se o país tem uma taxa de juros estrutural menor, significa que, a longo prazo, ela fica mais baixa. Se a taxa estrutural de juros não cair, a questão será temporal. Vai cair e subir. Nesse sentido, as reformas colocadas são importantes para a política monetária. De uma certa forma, ter uma taxa estrutural menor significa juros menores por mais tempo.
• Retomada econômica
A recuperação está vindo, é gradual. Mas a estrada ainda é longa. Foram dois anos de recessão, uma queda acumula de quase 8% (do Produto Interno Bruto, PIB), aumento do desemprego, que começa a cair. Se você olhar, a quantidade de empregos criados este ano chegou a 1 milhão. Esse número não é pequeno, mas, perto do que aconteceu na recessão, a sensação ainda não é das melhores. Ainda temos 13 milhões de desempregados. A sensação é de que estamos no caminho certo, mas não há a sensação de que está tudo resolvido. Por isso, insistimos em que precisamos trabalhar, continuando os ajustes e as reformas para manter a inflação e os juros baixos. A gente tem que perseverar no caminho. Mas acho que há uma parte cíclica. A arrecadação começará a recuperar à medida que a economia voltar a crescer. Então, tem uma parte cíclica e uma que dependerá dos ajustes.
• Investimentos
Acho que o investimento é o próximo passo. Uma recuperação não pode estar baseada só no consumo. Precisa do consumo para começar a vender. Quando vende, a indústria começa a utilizar a capacidade ociosa. Uma vez que a capacidade ociosa diminui, vem o investimento. Tem um lado cíclico. Quando você utiliza a capacidade (produtiva disponível), você tem vontade de ampliar essa capacidade. Do contrário, não há incentivo para investir. Outras questões são estruturais e dependem de esforço de infraestrutura. Tem que dar frutos para investimentos. Um esforço são as privatizações. Quando (um ativo) muda de mãos, dá um novo ar e vem investimento. São vários pilares que devem levar a mais investimento. Eu diria que o investimento depende da capacidade ociosa, depende do esforço de infraestrutura, depende das privatizações, mas também do grau de confiança que você tem. A confiança tem subido, mas existem incertezas que permanecem.Continua depois da publicidade
• Consumo
Acho que será um Natal melhor. A economia está se recuperando. Mas, de novo, é um processo gradual, a dona Maria não pode achar que mudou tudo. O brasileiro precisa perceber que as coisas estão melhorando, não de uma hora para outra. Temos feito algumas campanhas e uma delas é falar para as pessoas que têm cartão de crédito que faz uma enorme diferença se elas pagam o mínimo da fatura. Quando o cidadão paga pelo menos o mínimo, os juros são a metade daqueles que não pagam nem o mínimo. A campanha diz para as pessoas gastarem o que têm no bolso. Não é para deixar de comprar, mas, sim, comprar o que cabe no bolso  (EM)

Economia Global

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EUA: Advogado vai comandar o Banco Central americano
Trump anunciou ontem a troca de Janet Yellen por Jerome Powell, e disse que novo presidente trará ‘experiência do setor privado’
Quebrando uma tradição de décadas, o presidente Donald Trump anunciou ontem que não reconduzirá Janet Yellen ao comando do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), e a substituirá por Jerome Powell, um advogado multimilionário de 64 anos que fez carreira no mercado financeiro e integra o board de governadores da instituição desde 2012.
Quase todos os ocupantes da Casa Branca nas últimas seis décadas mantiveram os presidentes do Fed apontados por seus antecessores, o que reforçou a imagem de independência da entidade responsável pela política monetária da maior economia do mundo.
Apesar da troca, a expectativa do mercado e de analistas é que Powell dê continuidade à política de normalização gradual da taxa de juros americana iniciada por Yellen em dezembro de 2015. Desde que ingressou no board de governadores, por indicação do democrata Barack Obama, ele nunca proferiu um voto divergente.
“Há poucas posições mais importantes do que essa – creiam em mim – no nosso governo”, disse Trump, ao anunciar a nomeação de Powell nos jardins da Casa Branca. O novo presidente do Fed é o primeiro ocupante do cargo a não ter um PhD em Economia desde Paul Volcker, que dirigiu a instituição de 1979 a 1987. “Ele trará experiência do setor privado e perspectiva do mundo real”, ressaltou o presidente.
Os investidores temiam que Trump optasse por John Taylor, um economista conservador da Universidade de Stanford considerado mais agressivo do que Yellen em relação ao ritmo de alta dos juros. Depois de permanecer em zero nos anos seguintes à crise financeira de 2008, o índice está entre 1% e 1,25%. Anteontem, o Fed decidiu manter a taxa inalterada, mas indicou que poderá haver elevação em dezembro.
Na Casa Branca, Powell disse que a economia americana se recuperou depois da crise de 2008 e está próxima do pleno emprego, com a inflação sob controle. “Nosso sistema financeiro, sem dúvida, está muito mais forte e resiliente do que antes da crise”, afirmou.
Pressão. “Yellen fez ótimo trabalho no Fed e não havia nenhuma razão para substituí-la. Se o presidente não fosse o Trump, ela certamente seria reconduzida ao cargo, até para preservar a percepção de autonomia dos dirigentes do Fed”, disse Monica de Bolle, do Peterson Institute for International Economics e colunista do Estado.
Na opinião dela, Powell dará continuidade à política monetária de Yellen, mas deverá ser mais aberto a pressões de Trump e de Wall Street pela desregulamentação do mercado financeiro, o que poderá criar riscos no longo prazo. Durante depoimento ao Senado em junho, Powell afirmou que é possível reduzir o custo decorrente de regulamentações sem comprometer a “segurança e a solidez” do sistema financeiro.
QUE É JEROME POWELL
Jerome Powell será o mais rico presidente do Federal Reserve desde os anos 40, e passará a integrar a galeria de abastados que integram o governo Donald Trump. Em sua mais recente declaração de bens, em junho, ele disse que seu patrimônio líquido estava entre US$ 19,7 milhões e US$ 55 milhões – os documentos trabalham com faixas, e não valores específicos.
Formado em Ciência Política pela Universidade de Princeton e Direito pela Universidade Georgetown, ele começou a se familiarizar com o mundo econômico em 1984, quando iniciou sua carreira no mercado financeiro. Sua fortuna foi construída no Carlyle Group, do qual foi sócio de 1997 a 2005.
De 2010 a 2012, Powell trabalhou pelo salário simbólico de US$ 1 ao ano no Bipartisan Policy Center, um instituto de pesquisas em Washington dedicado ao estudo de políticas públicas. Em 2011, uma de suas análises serviu de base para o lobby sobre parlamentares republicanos pela elevação do teto da dívida dos Estados Unidos.
Em discurso proferido há duas semanas, Powell avaliou como “administráveis” os riscos para os mercados emergentes da normalização da taxa de juros nos países desenvolvidos. “Até agora, os fluxos de capital têm se movido em linha com os fundamentos de mercado”, afirmou.
Segundo ele, há um aumento das vulnerabilidades em alguns países, especialmente em razão do crescimento da dívida corporativa, mas elas continuam abaixo dos patamares registrados nos turbulentos anos 80 e 90. “É esperado que as condições monetárias globais se normalizem gradualmente, enquanto o Federal Reserve e os bancos centrais de outras economias avançadas continuam a acentuar a clara comunicação e transparência.”  (Agência Estado)

Japão: Visita de Trump faz crescer temor de ataque norte-coreano
A visita que o presidente dos EUA, Donald Trump, fará ao Japão a partir deste domingo (5) tem elevado a preocupação dos japoneses em relação às ameaças da Coreia do Norte sobre o uso de armas nucleares. Para eles, a presença do americano na Ásia pode estimular uma reação do ditador Kim Jong-un.
“A tensão está em um nível que nunca vi. Quanto mais tenso fica, mais aumenta a possibilidade de uma iniciativa radical do governo norte-coreano”, afirmou André Sudo, brasileiro que mora no país desde os 14 anos.
Trump deixou Washington nesta sexta (3) para dar início a sua primeira visita a região desde que se tornou presidente. Além do Japão, ele irá para Coreia do Sul, China, Vietnã e Filipinas. O principal assunto na bagagem será o debate sobre como lidar com a ditadura norte-coreana.
Os Estados Unidos cobram um posicionamento mais duro de seus aliados asiáticos para por um fim às ameaças do ditador Kim Jong-un, cujo regime vem testando de forma recorrente foguetes com dita capacidade de atingir o território dos EUA e, em setembro, aparentou testar uma bomba de hidrogênio.  (Dinheirama)

Mercado Financeiro
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Dólar e Bolsa recuam no dia 1° de novembro
A cautela predominou no mercado na quarta-feira (1º), com todos os olhos voltados para a nomeação do próximo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
A Bolsa brasileira e o dólar, na comparação com o real, fecharam em leve queda. O dólar comercial recuou 0,21%, para R$ 3,266. O dólar à vista caiu 0,43%, cotado a R$ 3,265.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, teve queda de 0,66%, para 74.308,49 pontos. O volume negociado foi de R$ 9,9 bilhões.
"[O presidente Donald] Trump disse hoje que deve escolher amanhã o novo presidente do Fed. O mercado está tentando se proteger um pouco dessa situação, por isso as quedas", afirmou Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
O presidente Donald Trump afirmou nesta quarta que deve anunciar na quinta (2) o substituto de Janet Yellen, cujo mandato à frente do banco acaba em fevereiro.
Trump disse a jornalistas que considera Yellen excelente. Questionado se ela seria sua escolha para continuar liderando o banco, o presidente afirmou: "Eu não disse isso. Eu acho que ela é excelente."
Após o fechamento do mercado, o jornal "The Wall Street Journal" publicou, citando uma pessoa familiarizada com o assunto, que a Casa Branca notificou o diretor do Fed Jerome Powell sobre a intenção de Trump de nomeá-lo como o próximo presidente do banco central.
Powell tem perfil menos conservador do que o economista da Universidade de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de candidatos de Trump e alimentou temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado.
Taxas mais elevadas nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros países, como o Brasil.
"Taylor tem um perfil mais expansionista. Na teoria, os juros sob sua gestão seriam maiores, e isso preocupa o mercado de emergentes. Se Powell for escolhido, a tendência é que os mercados se recuperem na sexta", disse Chinchila.
A expectativa pela nomeação acabou ofuscando em parte o anúncio de que o Fed manteve, nesta quarta, os juros na faixa de 1% a 1,25%, como já era esperado. No jargão do mercado financeiro, é dito que a informação já estava "precificada" -ou seja, já havia impactado a cotação do dólar.
O que o mercado busca, na verdade, no anúncio do Fed são sinais dos próximos passos da autoridade monetária. O banco ressaltou o sólido crescimento econômico do país e o fortalecimento no mercado de trabalho, enquanto minimizou o impacto dos recentes furacões nos Estados Unidos, sinalizando que está no caminho para aumentar a taxa em dezembro.
"Ainda assim, para o mercado, isso é pouco válido no momento, porque, no fim, vai depender da escolha do novo presidente", completou Chinchila.
O Fed elevou os juros duas vezes desde janeiro e prevê atualmente mais um aumento até o fim do ano como parte do ciclo de aperto monetário que começou no final de 2015.
No pano de fundo, há ainda o temor pela reforma tributária nos Estados Unidos.
"Trump é a favor de um corte agressivo [de impostos] e quer fazer isso de uma vez. Alguns políticos estão tentando lançar a ideia de que possa ser feito gradualmente, o que o próprio presidente descartou", disse Chinchila.
Em um tuíte na noite de terça (31), Trump disse que os republicanos "estão trabalhando duro (e tarde) em direção ao corte massivo de tributos que eles sabem que você merece. Esses [cortes] serão os maiores da história!"
Prevê-se uma proposta de redução na taxa de imposto de renda corporativo de 20% a 35% e eliminação do imposto estadual pago pelos contribuintes mais ricos em dois ou três anos.
"A reforma tributária, que é basicamente corte de impostos, tende a prever ainda repatriação de lucros das empresas no exterior. Se ela passa, haveria um enxugamento de dólares pelo mundo", afirmou Cleber Alessie, operador de câmbio da HCommcor.
Kevin Brady, presidente do comitê legislativo, afirmou nesta quarta que, após consulta a Trump, a publicação da proposta de lei sobre o assunto foi adiada para esta quinta. Na Casa Branca, Trump disse que gostaria que o Congresso aprovasse a reforma tributária até o feriado de ação de graças nos EUA, em 23 de novembro.
No contexto brasileiro, o cenário político segue limitando as tentativas de melhora do mercado acionário, conforme investidores aguardam alguma indicação sobre o andamento da agenda de reformas do governo, principalmente a da Previdência.
"A política está muito travada. O [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles continua falando que a reforma da Previdência vai sair, mas o mercado está travado", disse Chinchila.
BOLSA
Das 59 ações do Ibovespa, 40 caíram e 19 subiram.
A maior alta (+3,56%) foi para a MRV Engenharia, com os papéis a R$ 13,10.
As ações ordinárias Vale subiram 2,24%, para R$ 32,82, após cinco pregões seguidos de queda e em dia de ganho para os contratos futuros do minério de ferro na China. Os papéis preferenciais tiveram alta de 2,52%, a R$ 30,49.
As ações preferenciais da Petrobras subiram 0,77%, e as ordinárias, 0,69%, mantendo o viés positivo apesar da mudança de rumo nos preços do petróleo no mercado internacional, que fecharam no vermelho.
A Eletrobras liderou as quedas, com as ações ordinárias recuando 5,9%, e as preferenciais, 6,08%, tendo como pano de fundo a informação de que o governo federal deve optar por um projeto de lei para viabilizar a privatização da estatal elétrica, ao invés de uma medida provisória, conforme previsto anteriormente.
Os papéis do Bradesco, que divulgou balanço nesta quarta, também caíram. As ações preferenciais recuaram 3,11%, e as ordinárias, 2,68%.
Ainda no setor financeiro, os papéis do Itaú caíram 1,71%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 1,28%. As units (conjunto de ações) do Santander Brasil fecharam com alta de 1,61%  (Reuters/Folhapress01.11)

Disputa para abrir nova Bolsa  vai a tribunal de arbitragem
Pregão: a B3, que surgiu da fusão entre a BM&Bovespa e a Cetip, é a única Bolsa de Valores no Brasil. Novo concorrente alega que custos são acima da média global Pregão: a B3, que surgiu da fusão entre a BM&Bovespa e a Cetip, é a única Bolsa de Valores no Brasil. Novo concorrente alega que custos são acima da média global Foto: Edilson Dantas / O Globo
Uma disputa entre a empresa ATS, que pretende abrir uma nova Bolsa de Valores no país, e a B3, empresa resultante da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, foi parar em um tribunal de arbitragem. A ATS, que tem capital nacional e já teve entre seus acionistas a Nyse (New York Stock Exchange), recorreu à arbitragem para poder usar infraestrutura da B3, serviço que deve ser acessível, conforme determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão da Bolsa com a Cetip — transação que concentrou o mercado de renda fixa e variável no Brasil numa empresa avaliada em mais de R$ 40 bilhões.
O processo corre em sigilo na Câmara de Comércio Brasil Canadá. A ATS alega que os preços cobrados pela B3 para dar acesso à sua central depositária (espécie de cartório onde ficam registradas as operações com ações) são muito acima da média internacional, o que inviabiliza o projeto.
— Os preços cobrados pela B3 são 1.100% maiores que a média internacional. Fomos à arbitragem não por litígio com a B3, mas porque queremos chegar a um preço justo para usar sua infraestrutura e criar concorrência no mercado de capitais — diz Arthur Machado, diretor-presidente da ATS.
A ATS é controlada pela holding Americas Trading Group (ATG), criada em 2010, e fornece sistemas eletrônicos para negociações no mercado de capitais. Para captar recursos para o projeto da nova Bolsa, criou um Fundo de Investimento em Participação (FIP), o Eletronic Trading Brazil (ETB). Entre os maiores investidores do ETB está o Postalis, fundo de previdência dos funcionários dos Correios, que, desde 4 de outubro, está sob a intervenção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) “por descumprimento de normas relacionadas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos”.
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO
O Brasil é um dos poucos países com apenas uma Bolsa de Valores. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem mais de dez. Só nas duas mais importantes, a Bolsa de Nova York (Nyse) e a Nasdaq, onde são negociadas ações de empresas de tecnologia, há quase 5.500 companhias listadas. Na Nyse, as cerca de três mil empresas listadas valem mais de US$ 14 trilhões (R$ 44,3 trilhões).
Na B3, são apenas 340 companhias listadas, que valem R$ 2,5 trilhões. Portanto, diz a ATS, haveria espaço para uma nova plataforma de negociações, o que daria impulso extra para o mercado de capitais crescer no país. Com uma segunda plataforma de negociação de ações, diz, os custos para o investidor cairiam.
Para Viviane Müller, professora da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e coordenadora do Núcleo de Estudos em Mercados e Investimentos, uma nova Bolsa no país pode trazer ganhos concorrenciais, mas precisa ser bem regulada.
— O Brasil é um mercado relevante na América Latina e, pensando em concorrência, uma nova Bolsa poderia baixar os preços de negociação. Mas ela também trará custos de regulação para fiscalizar as duas plataformas. Os órgãos reguladores terão estrutura para isso? — questiona.
‘NARRATIVA ARTIFICIAL’, DIZ B3
Na fusão entre BM&Bovespa e Cetip, em março deste ano, o Cade determinou que a B3 disponibilizasse o acesso à sua infraestrutura a interessados e estabeleceu a arbitragem como foro de resolução de casos sem acordo sobre preços e procedimentos. A câmara de arbitragem do caso ATS está sendo formada, e as partes já indicaram um juiz cada. Um terceiro será escolhido em breve. A ATS também foi à Justiça pleiteando indenização pelo atraso do seu projeto.
No processo que corre no Cade, os advogados do escritório Pinheiro Neto, que defendem a B3, argumentam que a empresa fez inúmeros esforços, mas a ATS se recusa a participar de uma negociação efetiva, “valendo-se de estratagemas incompatíveis com a postura de quem age de má-fé”.
“Além disso, quando ainda estavam em curso as negociações, a ATS ajuizou processo interruptivo, revelando que sua verdadeira intenção não é atuar no mercado de valores mobiliários, mas, sim, criar uma narrativa artificial que lhe permita pleitear uma indenização”, dizem os advogados.
A ATS nega tal intenção e diz que mantém seu projeto de abertura da nova Bolsa. E confirma que foi à Justiça por uma indenização por considerar que a B3 atrasa seu projeto. A empresa está sendo representada pelo escritório Sampaio Ferraz Advogados, que não se pronunciou.
Em nota, a B3 disse que sempre esteve disponível para dialogar e negociar com todos os potenciais interessados nos seus serviços de clearing e central depositária. “As condições operacionais e comerciais aplicáveis ao acesso de outras infraestruturas de mercado financeiro aos serviços da B3 foram objeto de consulta pública ao longo do primeiro semestre de 2017”, afirma a B3.
A Bolsa diz ainda que cumpre à risca o estabelecido pelo Cade, “inclusive no que diz respeito à negociação com potenciais interessados na prestação de serviços de depósito centralizado”.
A Nyse, que tinha cerca de 20% da ATS, vendeu sua participação, abandonando a empreitada da nova Bolsa.
PRESIDENTE DA ATS: APORTE DO POSTALIS FOI LEGAL
Reportagem publicada pelo GLOBO, em setembro passado, revelou que o empresário Arthur Machado, presidente da ATS, foi citado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados. Na delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, ele conta sobre um acerto de R$ 9 milhões para evitar a convocação do ex-presidente da Petros, Wagner Pinheiro, em 2015. Segundo o delator, Machado teria feito a oferta em combinação com o relator da comissão, deputado Sérgio de Souza (PMDB/PR), e um advogado ligado ao deputado Eduardo Cunha.
Machado não foi convocado para depor nem indiciado no relatório final da CPI. Sérgio de Souza explicou, à época, que o presidente da Petros foi convocado para depor na CPI, mas não compareceu.
Machado disse que os aportes feitos no fundo ETB pelo Postalis, entre 2010/2013, foram legais e cumprindo a legislação em vigor:
— Prova disso é que, nesses oito anos e já tendo passado por quatro diferentes diretorias e auditorias no Postalis, não existe denúncia ou mesmo investigação no âmbito da Lava-Jato ou mesmo da Greenfield. E, no relatório final do Tribunal de Contas da União, que condena vários investimentos do Postalis, não há menção ao investimento na ATS.
Procurado, o Postalis não comentou o investimento por estar sob intervenção. A Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) não respondeu ao pedido do GLOBO para comentar os investimentos do Postalis na ATS.
No ano passado, num processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ainda antes da fusão com a Cetip, a então BM&FBovespa argumentou que não tinha “conforto” em estabelecer relações comerciais com a ATS porque Milton Lyra, então membro do Conselho de Administração da empresa, passou a ser investigado na Lava-Jato, suspeito de operar propinas do PMDB. No processo aberto no Cade, a B3, entretanto, só utiliza argumentos técnicos em sua defesa.
Machado informou que as relações da ATS com Lyra se resumiram ao Conselho e se deram em data posterior ao investimento da Postalis e antes “dos problemas reputacionais que atingiram o fundo”.  (João Sorima Neto - G1)

Dólar atinge a sua maior cotação dos últimos quatro meses
Depois de abrir o pregão em baixa nesta sexta-feira, o dólar comercial inverteu o movimento e bateu sua maior cotação em quatro meses, impulsionado pela conjuntura internacional. A moeda americana avançou 1,28% ante o real, fechando a R$ 3,308. Desde setembro, a moeda já acumula uma alta de 6,88%. Na Bolsa, depois de um pregão de muita oscilação, o índice Ibovespa também ficou no positivo, subindo 0,12%, a 73.915 pontos.
Na máxima do dia, a divisa chegou a bater R$ 3,335, puxada pelo do resultado do setor industrial americano em outubro. Segundo analistas, os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho, em especial os de produtos não-manufaturados e pedidos de fábrica, surpreenderam e serviram para reforçar o cenário de estabilidade econômica dos Estados Unidos. No exterior, o dollar index spot, índice que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, fechou em alta de 0,30%.
No início do dia, o resultado da criação de postos de emprego nos Estados Unidos — que veio abaixo do esperado — ajudou a conter o fortalecimento da moeda. Ao todo, foram criadas 261 mil vagas de trabalho em outubro, menos do que as 310 mil estimadas pelo mercado. Já a taxa de desemprego caiu para 4,1%, ante 4,2% registrados em setembro.
— Inicialmente, o payroll (que reúne dados do mercado de trabalho do setor público e privado) deixou o dólar um pouco mais comportado, mas logo em sequência saíram dados da indústria americana, que vieram muito acima do previsto, e fortaleceram a moeda. A partir daí, houve um princípio de pânico dos mercados emergentes, porque as moedas desses países começaram a desvalorizar rapidamente — disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial Research, lembrando que foi este movimento do câmbio que fez a Bolsa cair ao longo do dia. — Quando o mercado percebeu que essa alta do dólar foi exagerada, a Bolsa se recuperou e, por isso, voltou ao positivo, mas sempre próxima à estabilidade.
Apesar de o dólar ter se fortalecido frente a diversas divisas, na seara das moedas emergentes, o real foi um dos que mais sofreram com a alta. Em um ranking de 23 moedas, a brasileira foi a quarta pior, na frente apenas das divisas da Rússia, África do Sul e Turquia.
A nomeação de Jerome Powell para o lugar de Janet Yellen na presidência do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduziu as expectativas de um novo aumento de juros pela instituição. Com isso, o cenário doméstico começou a pesar então sobre a Bolsa e o câmbio.
O nome de Powell representa a continuação de uma política de aperto de juros gradual — o que, em última instância, significa que investidores, que poderiam deixar o Brasil atrás de juros maiores, irão continuar por aqui.
— Agora, acabaram-se as expectativas acerca dos eventos internacionais, e o mercado se volta para a esfera doméstica. Mas tanto nessa semana como na próxima, temos uma agenda fraca e um cenário de incertezas políticas, com a reforma da Previdência cada vez mais incerta. E isso faz com que os investidores tenham mais cautela — explica Pedro Galdi, analista da Magliano.
Na Bolsa, o principal impacto positivo veio das commodities. Enquanto os papéis da Gerdau valorizaram 4%, a R$ 5,15, a Vale subiu 2,19%, negociada a R$ 33,54. A mineradora foi impulsionada pelos preços do minério de ferro na Bolsa chinesa, que fecharam em alta.
Já quem pressionou para baixo foram as Lojas Americanas. Com queda de 7,2%, suas ações foram negociadas a R$ 15,85. Para o analista Hersz Ferman, da Elite Corretora, a divulgação ontem dos resultados vieram aquém do esperado.
Com o impasse sobre a divisão dos ganhos com a privatização da Eletrobras, conforme O GLOBO informou em sua edição impressa nesta sexta-feira, as ações da estatal também pressionaram o Ibovespa. As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 5,16%, a R$ 19,68, e os papeis preferenciais tiveram queda de 4,33%, a R$ 22,77.
Segundo a reportagem, enquanto a proposta da equipe do setor elétrico é separar igualmente o montante entre Tesouro, Eletrobras e um fundo setorial (como forma de diluir o impacto do processo nas contas de luz), o Ministério da Fazenda quer que o Tesouro fique com parcela maior.
Em Wall Street, as ações da Apple puxaram a Nasdaq, que fechou o pregão com ganho de 0,74%, aos 6.764,44 — batendo recorde históricos. A gigante de tecnologia divulgou seu resultado trimestral forte e minimizou as preocupações relacionadas ao iPhone X, levando mais analistas a avaliar a empresa na casa de US$ 1 trilhão.
O papel da empresa da maçã subiu 2,61%, negociado a US$ 172,50. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,10%, e bateu pela primeira vez 23.539,19 mil pontos, recorde em mais de 121 anos de história; além dele, o S&P 500 com alta de 0,31% a 2.587,84 pontos também rompendo o patamar.  (G1)

Onda de venda abate moedas emergentes
Os mercados de câmbio de países emergentes começam a semana ainda sob a batuta da onda de vendas sofrida nos últimos dias. No Brasil, esse movimento levou o dólar para casa de R$ 3,30 pela primeira vez em quatro meses. A liquidação de moedas emergentes chamou atenção até mesmo de investidores mais otimistas e acabou por reforçar as visões de quem já trabalha com cenário de mais depreciação cambial nos próximos meses. Em conjunto, as divisas emergentes caíram 1,15% só na sexta - maior recuo diário desde maio. Um índice do Barclays que mede o sentimento de risco com essas moedas teve alta de 2,61%. E o retorno das operações de arbitragem com juros ("carry trade") caiu ao menor patamar desde meados de janeiro, segundo o Deutsche Bank. Aqui, o dólar saltou 1,28%, a R$ 3,3064. Depois da reação moderada à confirmação do nome de Jerome Powell para presidir o Federal Reserve (Fed, BC americano), investidores decidiram acelerar o desmonte de posições compradas nessa classe de divisas. O movimento específico de sexta começou com a lira turca e o rand sul-africano, afetados por notícias locais negativas. As quedas de 2,22% da lira e de 1,6% do rand criaram uma espiral de baixa que arrastou real, rublo russo, peso mexicano e peso chileno, entre outras. Segundo analistas, o motivo primário para a série de quedas das moedas emergentes ainda está ligado à política monetária americana. Apesar da leitura de que Powell seguirá a postura gradualista de Janet Yellen no processo de aumento de juros, há poucas dúvidas de que os dados econômicos nos EUA e os esforços de aprovação de uma reforma fiscal por lá são razões suficientes para altas adicionais de juros pelo Fed. O chefe global de estratégia para moedas emergentes do banco Brown Brothers Harriman, Win Thin, diz que o mercado vinha "ignorando" os riscos advindos do aperto global das condições monetárias e que o ajuste à "nova realidade" parece ocorrer quase de uma vez. Ele alerta que o mercado continua a subestimar altas de juros nos EUA. E quando o ajuste vier, as moedas emergentes estarão prontas para mais quedas. O Fed indicou pelo menos mais três altas de juros em 2018. Mas contratos futuros mostram que o mercado embute 92,2% de probabilidade de apenas duas elevações. E uma chance razoável (quase 24%) de nenhum acréscimo em 2018. Atualmente, o juro básico americano está entre 1% e 1,25%. O mercado projeta que o Fed eleve em dezembro esse intervalo para a faixa entre 1,25% e 1,50%. Com juros mais altos nos EUA, cai o diferencial a favor dos emergentes. E os efeitos disso já se materializam. Os ingressos líquidos a fundos dedicados à renda fixa emergente caíram 17% na semana finda em 1º de novembro ante a semana anterior, para US$ 703 milhões. É o mais baixo das últimas 11 semanas e quase metade da média semanal de entradas líquidas, segundo a consultoria EPFR. O pano de fundo global, contudo, pode explicar uma parte da história, mas não toda. A aceleração das quedas das moedas nos últimos dias está mais relacionada a fatores idiossincráticos. Na Turquia, há dúvidas sobre a disposição do banco central subir os juros a despeito da disparada da inflação. A África do Sul tem enfrentado piora em seu cenário fiscal. E o México precisa lidar com as tentativas do governo de Trump de acabar com o Nafta. No Brasil, uma conjunção de ausência de novo fluxo de notícias positivas no campo fiscal, aumento de incertezas políticas a menos de um ano das eleições presidenciais e fatores técnicos pesa sobre o câmbio. "O Banco Central está muito agressivo no corte de juros. Isso está diminuindo a atratividade do real num momento em que o dólar ganha apelo no mundo todo", diz Thin, do Brown Brothers Harriman. Desde o começo do ciclo de queda dos juros, o BC já reduziu a Selic em 675 pontos-base. Um experiente profissional no mercado brasileiro alerta para o fato de que essa queda dos juros tem estimulado a abertura de posições compradas em dólar. Além disso, a expectativa é que empréstimos intercompanhia sejam pagos antecipadamente (o que implica fluxo negativo), enquanto os investidores locais estão buscando diversificação. Como por ora esses agentes ainda possuem poucas posições na moeda americana, o risco é essa exposição aumentar, o que fortaleceria mais o dólar. A forte alta da moeda na sexta-feira no Brasil contaminou também a curva de juros, com algumas taxas chegando a subir quase 30 pontos-base. Para o Morgan Stanley, no entanto, há uma clara oportunidade de aplicação. O banco de Wall Street iniciou recomendação vendida em juro futuro com vencimento em janeiro de 2020. O Morgan vê três motivos para ingressar nessa estratégia. O Banco Central deixou a porta aberta para cortes da Selic para abaixo de 7%, enquanto o mercado projeta juro de 7%. O segundo é que as expectativas para a reforma da Previdência já estão "baixas", o que significa pouco espaço para decepção. Ao mesmo tempo, a curva local de juros "já está muito inclinada" em relação à americana, a seu próprio padrão histórico e até mesmo ao ciclo de política monetária. Por fim, a alta dos juros dos Treasuries perdeu força, e os BCs de países desenvolvidos têm de certa forma mantido posturas "dovish". (José de Castro, colaborou Lucinda Pinto - Valor Online)

Gestão, Produtos e Serviços
Mestra

ASCPrev promove Treinamento em Atuária
A Comissão de Educação Continuada, formada por profissionais das Entidades que integram a ASCPrev, promoveu o Treinamento em Atuária – Gestão Atuarial para EFPC, no dia 23 de outubro. O professor
convidado foi Giancarlo Giacomini Germany, atuário, especialista em Finanças e professor do MBA em Previdência Complementar da ESPM Sul.
Mais de 40 pessoas, entre conselheiros, dirigentes e colaboradores das entidades de previdência complementar participaram do evento. “Considero que o treinamento Gestão Atuarial para EFPC foi importante para
enriquecer meus conhecimentos a respeito do tema. Fiquei com a impressão de que este sentimento pode ser estendido a todas as pessoas que estiveram presentes neste importante evento. O facilitador Giancarlo
Giacomini Germany, na minha percepção, conseguiu através de seus exemplos e esclarecimentos, tornar simples algo que pela sua essência é muito complexo. Parabéns para todos os organizadores e participantes deste
evento”, conta o conselheiro deliberativo Adir Flávio Sviderskei, da Entidade PREVIG.
Foram abordados temas como: Legislação que rege as obrigações atuariais das EFPC; Metabolismo dos planos de benefícios; Tipos de benefícios; Institutos; Principais premissas atuariais e as ferramentas utilizadas para
certificar sua aderência; Fluxos Atuariais, Duration e equilíbrio do plano de benefícios, entre outros assuntos.
A participação no curso validou 08 créditos no Programa de Educação Continuada (PEC) do ICSS.  (ASCPrev/AssPreviSite)

Conecta e Apoena: Soluções de compartilhamento de risco
A Conecta Soluções Associativas e a Apoena, corretora de seguros do Grupo Itajubá, fecharam uma parceria para oferecer produtos de compartilhamento de risco para entidades fechadas de previdência complementar. A parceria prevê opções de cobertura de riscos de sobrevida para planos CD e CV, hipóteses atuariais para planos BD, e morte invalidez. “O aumento da longevidade é uma tendência mundial e traz riscos imprevistos para as entidades fechadas. Por isso, acreditamos que as soluções de compartilhamento de risco com seguradoras fazem parte da modernização do mercado”, aponta Luís Ricardo Marcondes Martins, Diretor Presidente da Abrapp.
A Apoena já vem trabalhando com o mercado de EFPCs com soluções para Seguro D&O (para dirigentes) e Prestamista (cobertura de empréstimos a participantes), ambos em parceria com o Sindapp. Atualmente, a corretora do Grupo Itajubá tem cerca de 70 entidades que já fizeram a contratação destes produtos junto às seguradoras. E agora está entrando em um segmento ainda maior de transferência de risco dos passivos relacionados à longevidade dos participantes.
“Estamos animados com o mercado de compartilhamento de risco das entidades fechadas. É um mercado muito grande na Europa e Estados Unidos e com grande potencial de crescimento no Brasil”, diz Carlos Garcia, Sócio-Fundador do Grupo Itajubá e Sócio-Diretor da Apoena. O executivo se refere às resoluções do CNPC 17/2015 e do CNSP 345/2017 que regulamentaram a questão.
Mercado de R$ 920 bilhões
Segundo levantamento da Mercer, em estudo pedido pela Abrapp, o mercado de compartilhamento de riscos das EFPCs no Brasil está avaliado em R$ 797 bilhões. O risco de sobrevida para planos CD e CV representa R$ 220 bilhões, o de hipóteses atuariais, R$ 570 bilhões, e o de morte e invalidez, R$ 7 bilhões. Para a Apoena, a estimativa do tamanho desse mercado é ainda maior, em torno de R$ 920 bilhões. A diferença entre as duas projeções é o segmento de morte e invalidez, avaliado em R$ 130 bilhões pela Apoena, segundo informações de Wesley Crespo, Sócio-Diretor da corretora.
A cobertura dos benefícios de morte e invalidez é um mercado já em funcionamento, com a participação de pelo menos cinco seguradoras que oferecem opções para cobrir os riscos de planos das EFPCs. O próximo mercado a ser trabalhado pela corretora é o de sobrevida para planos CD e CV. “O produto de sobrevivência serve para oferecer uma opção de contratação de renda vitalícia pelo participante de planos de contribuição definida ou variável”, explica Mizael Machado, Sócio-Diretor da Apoena.
O especialista comenta que no momento da aposentadoria, o participante começa a receber uma renda diferida e, em caso, de sobrevivência além de uma certa idade, daí a seguradora assume a cobertura do benefício. Três seguradoras estão se preparando para oferecer o produto, dependendo ainda de aprovação da Susep, prevista ainda para 2017 ou início do próximo ano. Já a cobertura de desvio de hipóteses, no caso de planos BD, ainda é um mercado em fase inicial de desenvolvimento.
Modelo inglês
Segundo os executivos da Apoena, o mercado brasileiro deve se desenvolver seguindo o modelo inglês, onde não existe a transferência de ativos para as seguradoras. Ou seja, apenas os passivos dos planos são compartilhados com o mercado segurador, diferente do modelo dos EUA, onde existe a possibilidade de transferência de recursos (buy out) para cobrir os riscos dos planos. O modelo utilizado no Reino Unido, conhecido como "buy in", é responsável atualmente por reservas de US$ 260 bilhões, dos quais 80% estão na própria Inglaterra e o restante em outros países.
Conecta continua ampliando foco de atuação
Empresa criada para oferecer serviços e produtos para as associadas da Abrapp, a Conecta segue ampliando seus campos de atuação. Inicialmente, a Conecta surgiu com a função de administrar o espaço educacional da UniAbrapp para locação e organização de eventos. Recentemente, a empresa recebeu o sinal verde de sua Diretoria para criar o serviço de “Clube de Vantagens” voltado aos participantes das entidades fechadas. Com previsão para entrar em funcionamento até final do ano, o projeto permite o acesso dos participantes a descontos e promoções de diversas marcas.  (Acontece-31.10)

Destaque do Segmento de Saúde
BRC Benner

ANS lava as mãos diante da ganância dos planos
É dever da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) "assegurar o interesse público" no setor dos planos de saúde, como manda a lei 9.961/2000, que a criou, mas, na prática, quer mais é "fortalecer" a "boa gestão e a sustentabilidade das empresas", como se fosse uma associação de planos de saúde. A ANS lava as mãos diante da falta de escrúpulos de planos de saúde: não interfere no reajuste de contratos coletivos (ou empresariais), os únicos disponibilizados no mercado.
Burla impune
A ANS não age contra a burla dos planos de saúde ao Estatuto do Idoso, que proíbe valores maiores após os 60 anos do segurado.
Brasileiros assaltados
A burla dos planos de saúde, sem qualquer punição, é aumentar as mensalidades em até 100% no aniversário de 59 anos do segurado.
Mãos de Pilatos
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) aponta aumentos de até 73,3% em planos coletivos, sem qualquer intervenção da ANS.
Reajuste abusivo
A ANS só cuida dos planos individuais, em extinção. Mesmo assim, reajustou-os em 13,5%. Novo abuso: a inflação anual não chega a 3%  (Cládio Humberto - Folha de Londrina-02.11)


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